Cap 57

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Letícia;

Letícia: Porque fez isso? - Cruzei os braços indignada sentindo uma grande vontade de chorar. - Não podia..

Terror: Um de nós ia se foder doutora, mas tu não tem que pagar pelos erros dele não. - Sentou do meu lado. - Pô..

Eu não sei se eu tô feliz, ou se eu estou triste por ele ter feito isso. Por um lado eu estou livre, mas por outro, ele vai morrer. Eu sei que vai.

Letícia: Eu ia conseguir me virar Terror, você devia ter impedido ele! Mas agora já foi e não mais o que fazer, cadê a Helo? - Passei a mão no rosto secando as lágrimas.

Terror: Ela tá dormindo, depois tu vê ela. E o mano deixou um último pedido pra tu, sei que já se fodeu muito por ele, mas se tu quiser.. - Deu de ombros.

Letícia: Qual pedido? - Minha curiosidade ficou extrema. - O que ele pediu Terror?!

Ele levantou de cabeça baixa e foi até um armário, abriu e tirou de dentro um fuzil. O fuzil que o 157 nunca desgruda.

Terror: A favela é tua doutora! - Me olhou curioso e se aproximou. - Basta tu querer.

Meu Deus.

Letícia: Terror.. Eu não, eu não sei entende? Eu tenho a Helo para criar e estou grávida, além disso já tenho problemas na justiça por causa disso tudo. - Respirei bem fundo. - Não dá.

Ele me olhou totalmente desapontado, eu não sei se posso fazer isso. É uma responsabilidade muito grande e.. Eu não sei, simplesmente não sei.

Terror: Então tu pode pegar tua grana, a Helo e voltar pra tua casa. Meu irmão se entregou por tu, tem chance de morrer naquela porra e tu tá nessa.. - Neguei sentindo meus olhos arderem. - Aqui tu não é bem vinda.

Letícia: Terror.. - Ele me ignorou totalmente colocando o fuzil em cima da mesa, e então se retirou da casa.

Tudo tá errado, eu não sei porque isso tudo tá acontecendo. Onde que eu errei?

Como eu, Letícia, vou assumir o tráfico aqui na Rocinha e pior, a posição do 157?! Eu não posso. Não sei nem se tenho capacidade para isso.

Confio em tu doutora..

Ele me disse uma vez que confia em mim, eu não acreditava. Mas se ele quer que eu seja ele, na ausência dele, é porquê confia. E muito.

Flashback;

157: O crime não é o creme doutora. Tu vai ter disposição pra ir pegar fila no presídio? A qualquer momento eu posso ser preso, tu vai ter disposição pra ir me ver? - Negou virando o rosto. - Tu vai ter disposição pra assumir a minha favela na minha ausência, pra descer trocar tiro com a polícia?!

São tantas as responsabilidades que eu nem consigo assimilar tudo, mas o tanto que eu gosto dele me faz querer fazer parte disso. Isso é péssimo.

Letícia: Eu vou fazer tudo o que tiver que ser feito, seja na sua presença ou na sua ausência. Isso tudo já tá fazendo parte de mim mesmo, com ou sem você.. - Sorri de lado respirando fundo. - Eu tenho a minha vida, tenho minha filha e quero que você também faça parte disso. Foda-se a polícia, a minha carreira, o meu estudo, os meus modos e tudo que seja contra isso aqui.

Flashback off;

Levantei e corri para fora da casa, corri até alcançar o Terror. Ele levou um susto e me olhou curioso, mas ao mesmo tempo assustado.

Letícia: Como a gente pode tirar ele de lá? O mais rápido possível, ele tem um filho pra criar. - Eu disse com a respiração ofegante por ter corrido.

...

ARTIGO 157Onde histórias criam vida. Descubra agora