Cap 56

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3/3 Mini maratona.

Letícia;

Minha cabeça está latejando, ele me deixou dormir um pouco antes do depoimento, que na verdade é um interrogatório.

Mas quase não dormi, a ansiedade não me deixa dormir. Quanto mais eu penso em tudo, parece que tudo piora e não tem o que eu possa fazer para mudar qualquer coisa.

E agora a polícia quer saber de tudo, desde o começo. O que ele faz, o que nós fazíamos, o que ele gostava de comer e simplesmente tudo. Até a cor preferida dele.

Talvez eu seja uma burra do caralho, mas não vou dizer nada. Apenas respondi com um simples, não sei.

Já perdi o meu diploma, nunca mais vou poder trabalhar com o que eu quero e provavelmente vou morrer. Então não vou dizer mais nada.

Não quero ser lembrada como uma X9, prefiro que seja como a tal advogada do diabo. Mulher de bandido ou qualquer outra coisa, mas dedo duro não.

Se por algum acaso eu sobreviver, não quero que outra facção fique na minha cola, sei muito bem como funcionam esse tipo de coisa nas leis deles.

Nascimento: Tu é uma filha da puta, falou com ele?! - Gritou batendo na mesa. - Como? Quem te ajudou?

Letícia: Eu não falei com ninguém, vocês estão me acusando de coisas que eu não fiz. Eu já disse que a minha relação com ele era apenas profissional e eu não sei de nada sobre ele.

Isso tudo está me cansando ao extremo, faz mais de duas horas que pedi para ir ao banheiro e ninguém deixou. Eu não estou aguentando mais isso, a pressão e todas as perguntas.

A delegada pediu para ele se acalmar e pediu uma pausa, mas sendo uma grande filha da puta, me deixou sozinha com esse cara sem dar a mínima. Vadia.

Nascimento: O cara fodeu com a tua vida, tu não tá vendo? - Neguei. - Loira você vai falar, por bem ou por mal, mas vai falar tudo. Tá me entendendo?

Esse cara é insuportável, eu não suporto mais ouvir a voz dele. Me irrita cada "a" que ele diz, qualquer coisa que ele faz me da nojo, agonia e eu simplesmente não aguento mais ele.

Letícia: Escuta bem, eu não sei e não tenho nada haver com ele. Isso tudo aqui não é mais problema meu, já que tiraram de mim o cargo de advogada, quer respostas? - Olhei bem no rosto dele. - Contrate alguém que consiga e me deixem em paz!

Sei que ele gravou essa conversa e que o batalhão inteiro está vendo, mas sinceramente, quero que todos vão à merda e se fodam.

Letícia: E mais uma coisa, isso é trabalho da polícia não meu. E com toda a minha experiência como advogada, antes de me prenderem, vão ter que provar cada um desses crimes! - Me encostei na cadeira. - Provas verdadeiras.

Nascimento: Escuta bem o que vou te dizer, você e ele vão morrer, os dois na minha mão. Quando tu menos esperar, eu..

Ele parou de falar quando a delegada abriu a porta da sala. Ela nos olhou e passou a mão no rosto, nitidamente nervosa.

Marília: Letícia você.. Você está liberada pois temos provas suficientes que mostram sua inocência. - Encarei ela sem entender. - Capitão eu peço um momento a sós com a acusada.

O Capitão Nascimento me olhou curioso e saiu, já a delegada se aproximou e tirou as algemas.

Letícia: Pode me dizer? Como? - Levantei rápido sentindo um alívio enorme.

Meu coração tá batendo tão rápido, uma mistura gigante de emoções e muito nervoso. Ansiedade então é o que não falta.

Marília: Você deve ter sorte, tomara que ela dure por muito tempo. - Me olhou séria.  - Me acompanhe e não fale com ninguém.

Eu concordei sentindo uma felicidade enorme surgir, eu estou livre. Meu Deus dó céu obrigada! Obrigada.

Vou poder ver minha filha e cuidar dela, gerar uma criança e parir ela.. É um milagre, não tem outra explicação sobre isso.

Acompanhei ela para fora da sala e pelo corredor, ela disse para mim ligar para alguém da família que pudesse vir me buscar. A única pessoa que eu pude ligar foi a Mariana, ela gritou tanto no telefone e disse que estava vindo.

Marília: A senhora deve aguardar aqui, não saia daqui, em.. - Ela mal tinha terminado de falar e eu vi..

Eu vi quando ele entrou na delegacia, cercado de policiais e algemado. Nossos olhares se cruzaram e ele fez um coração com os dedos, foi rápido e acho que para ninguém ver.

Ele se entregou..

...

ARTIGO 157Onde histórias criam vida. Descubra agora