Cap 41

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Maratona 3/6.
Letícia;

157: O crime não é o creme doutora. Tu vai ter disposição pra ir pegar fila no presídio? A qualquer momento eu posso ser preso, tu vai ter disposição pra ir me ver? - Negou virando o rosto. - Tu vai ter disposição pra assumir a minha favela na minha ausência, pra descer trocar tiro com a polícia?!

São tantas as responsabilidades que eu nem consigo assimilar tudo, mas o tanto que eu gosto dele me faz querer fazer parte disso. Isso é péssimo.

Letícia: Eu vou fazer tudo o que tiver que ser feito, seja na sua presença ou na sua ausência. Isso tudo já tá fazendo parte de mim mesmo, com ou sem você.. - Sorri de lado respirando fundo. - Eu tenho a minha vida, tenho minha filha e quero que você também faça parte disso. Foda-se a polícia, a minha carreira, o meu estudo, os meus modos e tudo que seja contra isso aqui.

Mordi meu lábio inferior pelo nervosismo que estou sentindo e ele não disse mais nada. O que me deixou a beira de um surto básico, porra ele não diz nada cara.

Para a minha quase surpresa, ele me surpreendeu colocando a mão por dentro do meu cabelo e me puxando para um beijo. Calmo, sem pressa alguma e surpreendentemente carinhoso.

A outra mão dele estava segurando meu rosto com cuidado, eu tô amando esse momento. Com todas as minhas forças.

A gente até esqueceu que tem uma criança na nossa frente, tanto que ela mesma acabou lembrando. Ligou a musiquinha irritante do andador.

157: Pô menorsinha, vacilou em. - Eu ri e levantei ajeitando um pouco da minha roupa.

Desliguei a musiquinha chata e voltei pro sofá. Agora com uma grande vergonha de tudo que eu disse, por mais que tenha vindo do fundo do meu coração.

Letícia: Eu tô pensando em fazer uma lasanha hoje ou pedir uma pizza, prefere o que? - Encarei ele que deu de ombros.

157: Você que sabe pô, cozinhar toma teu tempo. Eu pediria a pizza mas o que tu quiser tá aprovado. - Concordei suspirando. - Então?

Letícia: Pizza óbvio, pode fazer o pedido? Só não pede coisa com cebola, é horrível. - Até senti um alívio. - Eu vou subir dar um banho na Helo e arrumar umas coisinhas.

Chamei a Helo e ela riu vindo com o andador até a ponta do sofá. Toda risonha, a coisa mais linda.

157: O de menor disse que o aniversário dela tá aí, vai ser que dia? - Colocou a mão na minha cintura enquanto eu pegava a Helo.

Letícia: Esse sábado, um aninho da minha princesa. - Respirei fundo. - O tempo passa tão rápido e a gente acaba nem percebendo, parece que foi ontem que eu adorei esse pinguinho de gente.

Beijei a bochecha gordinha dela e ri com as gargalhadas que ela deu. Me dói tanto ver ela crescer tão rápido.

157: Tu me disse que engravidou uma vez, o que rolou? - Engoli em seco respirando fundo. - Sem pressão pô, tu conta se quiser.

Toda vez que eu lembro do dia em que eu perdi meu bebê, fico destruída. Na época eu já tava no meu sétimo mês de gestação e o meu sonho de ser mãe acabou em um só dia, em menos de duas horas.

Que foi o tempo em que eu fui trancada em casa e espancada até desmaiar, depois acordei no hospital e o Maicon tava lá fazendo o teatro de bom moço..

...

ARTIGO 157Onde histórias criam vida. Descubra agora