ARTIGO 157

Cap 58

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Três meses porra, graças a Deus caralho!

Não nasci pra ficar trancado não porra, sem contato com ninguém ainda. Se foder.

Mó saudades da minha favela, de tudo tá ligado? Da minha doutora.

Queria saber como ela tá mermão, tô sentindo mó falta dela. Mó buraco em mim, é uma porra mermo.

O foda é que não sei nem se ela aceito aquela parada, não tenho notícia de nada pô. E as que tenho é um grupo de canas corruptos que me passam, não dá pra confiar não.

Tenho alguns privilégios nessa porra, mas é pouca merda. Uma cela só minha, uma TV e comida que preste, mais que isso tá foda. Queria mermo um celular mas não tão querendo arranjar pra mim, esses filhos da puta.

Vão me transferir pra um presídio de segurança máxima, de novo pô. Lugar chatão.

Só que tem que rolar o julgamento, enquanto isso eu fico por aqui. O bom é que tem uns conhecidos meus aqui, um dos meu melhores soldados, o Paçoca.

157: Tu é louco de querer ficar nessa porra, na primeira oportunidade tô saindo, cansei dessas férias. - Bufei batendo no colchão.

Outro privilégio é poder entrar em qualquer cela, autorizaram essa porra achando que vou ir em cela de inimigo, os cara me tira de otário mermo.

Paçoca: Cumpri certinho patrão, vinte mil e eu compro minha liberdade. Vou poder ficar mec nas ruas, devendo nada pra esses cu. - O cara disse comendo amendoim.

157: Eu ficaria pô, mas tenho caô pra resolver lá fora. Coisa séria. - Suspirei encarando o mano da cela 15 passar alí.

Paçoca: Tu e a pira com essa doutora. Tu anda meio pirado patrão, ela existe mermo? Conta pra mim a história de vocês. Minha maria fifi tá entrando em surto.. - Fez graça jogando um amendoim do meu lado.

Esse cara aí é foda, tá ligado? Humilde demais, admiro ele pô. Num tinha fé no futuro, cheguei é ajudei ele, antigamente era um dos patentes alta do Comando, foi expulso por causa do Maicon.

O cara que é meu pai, mimava demais o Maicon pô, derrubava geral pro outro tá no topo.

Lembro até hoje pô, primeira vez que dei motivo pro Maicon me odiar, mostrei meu talento e preenchi a vaga dele na facção. Quem me colocou foi o cuzão do nosso pai, mal sabia ele que aquilo alí ia ser a passagem pra mim meter uma bala na testa dele.

Usei tudo que ele me deu, contra ele.

157: Ih Paçoca, longa história. Mas foi um bagulho diferentão irmão, conheço ela pessoalmente tem uns seis meses, minha advogada, trabalha pra mim tem um ano se pá. - Balançei a cabeça. - A loirona me deu um chá do caralho, largou tudo por mim, tá grávida.. Mas desde que vim pra cá, não tenho notícia dela não.

O cara prestou atenção quietinho, esse cara é malucão. Doido pô, um daqueles doidos mermo, brabão.

Paçoca: Que lindo. Olha aqui patrão, tô arrepiado, tu vai ser pai pô. - Veio me abraçando. - Grandes poderes pô.

Tive que empurrar o mano, se não ele não me soltava mais. Caralho em, o cara emocionou mesmo. Nós ficou trocando mó papo doido, faz tempo que ninguém senta pra conversar comigo desse jeito. Bagulho é sinistro.

O carcereiro corrupto bateu no metal e me chamou olhando em volta, estranhei grandão. Ih!

Fernandez: Rogério, tua mulher tá aí. Loirona bonita em, cuidado.. - Encarei ele serinho só pelo o que ele disse. - Brincadeira patrão, levanta aí porra.

Levantei no ódio, querendo matar esse cara. Mas nervosão, sentindo uma parada estranhona, se ela tá aqui é porquê aceitou porra!

Eu sabia, confio demais nela caralho. Sabia que podia contar com ela, é a minha mulher mesmo! Caralho que orgulho mermão.

Cada passo alí fui imaginando como ela tá, deve tá com um barrigão, oito meses já. Mês que vem a cria tá nascendo e eu nem sei o sexo, nem o nome. Não sei se eu vou estar lá pra ver e acompanhar tudo, isso que é foda.

Quando nós chegou lá em baixo na sala, fui revistado, odeio essa porra. Meu coração batendo rapidão, acho que vou ter um infarto, nem tenho idade pra isso.

Me liberaram pra entrar, fui devagarzinho, nervoso pra caralho. Abriram a porta e eu entrei procurando ela, enquanto a porta fechava atrás de mim eu vi um bagulho estranho.

Não. Que porra é essa?!

157: Como que tu.. Eu tô delirando, tu não fez isso. - Passei a mão no rosto e chacoalhei a cabeça. - Pietra.

Pietra: Oi amor. - Levantou da cadeira sorrindo e começou a andar devagar na minha direção.

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