Cap 59

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Letícia;

São três meses desde que ele se entregou, três longos meses. O tempo passou tão devagar e finalmente, a partir de hoje posso ir ver ele, por uma visita digamos que clandestina. Mas não tive tempo ainda.

Queria contar tudo para ele, que vamos ter uma menina e que o nome dela vai ser Eloá, Terror me disse que era o nome da mãe do 157.

Eloá de Paula.

Nossa menina está prevista para o final do mês que vem, entre 18 e 29 de outubro. Então estou fazendo o máximo para agilizar a fuga dele, ainda essa semana vou visitar ele e explicar tudo.

Nós vamos causar um pequeno caos no presídio. Um dos nossos soldados deu a idéia de explodir algumas partes do local, assim alguns presos vão fugir, ou seja, muita bagunça e caos.

E vou combinar tudo certinho com ele, espero que dê tudo certo. Eu tô morrendo de saudades dele, por mais que ele tenha errado muito, o amor que eu sinto é maior.

Nesses três meses posso dizer que eu mudei, não sei se foi para melhor ou pior. Mas aprendi algumas coisas com essa "vida loka" deles, é tudo muito sério e um vacilo acaba te fodendo.

Tipo eu tive que tomar decisões do tipo, deixar ou não uma pessoa viva. E isso foi o pior, tive que trabalhar muito com o meu psicólogo para conseguir.

Mari: Oi tia, olha quem veio te ver. - Encarei ela em choque e sorri desacreditada. - Letícia, eu tô apaixonada!

Letícia: Meu Deus! Mariana, o que e como? Vai ter que me explicar isso agora! - Perguntei e ela sentou do meu lado.

Eu não faço idéia do que rolou, mas ontem ela e o LH se assumiram e hoje, simplesmente apareceram com duas crianças. Um casal de gêmeos, devem ter um ano ou quase isso.

Mari: A gente fez tudo no sigilo, no começo só quis ajudar ele. Mas eu me envolvi tanto, quando conheci as crianças então. A gente vai casar! - Quase gritou abraçada com a neném.

Letícia: Casar? Vocês vão casar?! - Gritei animada batendo palmas. - Gente eu tô em choque, como é o nome deles?

As crianças são lindas, são negros, simplesmente perfeitos. Achei uma atitude maravilhosa terem escolhido duas crianças negras, inclusive por serem um casal de brancos.

Mari: Vamos casar, é uma longa história. O nome dela é Raiane e do irmão é Pedro, eles são tão lindos! Eu não entendi como ninguém quis adotar eles antes, sério que o racismo ganha até nisso?!

Letícia: Infelizmente o racismo já faz parte da nossa cultura, mas acho que um dia as coisas vão ser diferente. Não é possível que as pessoas nunca acordem desse delírio! - Neguei sorrindo para a neném.

O único ponto negativo nisso tudo, e que eu sempre avisei que seria um problema. É o Terror.

A Mariana deu muita esperança para ele, agora o menino tá sofrendo horrores com essa situação. E sinceramente? Dou razão total para ele.

O radinho que me deram, começou a sair um monte de vozes, ainda não aprendi a mexer com esse negócio.

Patroa, o Nascimento tá querendo subir a favela porra!

Escutar aquilo me deu um susto enorme, o que esse filho da puta tá fazendo aqui?

Se ele veio pra negociar, veio ao lugar errado! No mínimo ele vai sair daqui com uma bala no meio da testa.

...

ARTIGO 157Onde histórias criam vida. Descubra agora