Passado no Presente

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Uma quantidade vasta de tempo havia se passado e uma das formas de não se perder em completa agonia era marcar os dias no pequeno caderninho que havia começado a deixar do lado da cama, todos os dias acordava e marcava a data e o que planejava fazer nas horas seguintes, seus dias se resumiam em ajudar seu pai nos projetos da empresa e a criação de novos projetos, como robôs ajudantes. Seu tempo estava tão corrido que seu horário de almoço quase nunca chegava e quando chegava era somente engolir alguma coisa e voltar ao trabalho, algumas noites eram cansativas e pouco produtivas ao contrário de outras que se parasse de trabalhar todo o trabalho seria perdido. Seu mais novo pet seria um colete a prova de explosões que ajudariam a trabalhadores que exercem profissões de alto risco, metalúrgicos, eletricistas, construtores civis e radiologistas, seu novo plano seria transformar as explosões, radiações, eletricidade, fogo em um calor que pudesse ser absorvido e que a próxima camada de proteção protegeria o corpo de queimaduras graves. Esse projeto a estava ocupando a ponto de deixar de dormir para tentar concluir, sentia que precisava ser útil e que era alguém forte que não precisaria chorar toda noite pensando no que havia feito de errado no motivo dele ter desconfiado de suas palavras, por que não havia confiado nela? Suas mãos percorreram os hematomas quase desaparecidos e subiram até a vermelhidão no pescoço, era uma sensação ruim saber que com poucas palavras tudo o que fizeram, sentiram, disseram, tudo isso desapareceu em um piscar de olhos e ele facilmente voltou para o estado que tudo o que o rodeava era a morte, e pensar sobre isso a fazia sentir náuseas, seria possível esquecer todos os seus momentos com tamanha facilidade? Se ele esquecia facilmente, como poderia confiar novamente? Poderia dar seu coração novamente? Poderia amar novamente aquele que chamavam de ceifador e djinn? Ainda perdida nos pensamentos ruins não pode ver a chegada de Chichi no quarto carregando uma bandeja repleta de quitutes e doces.

-Ok. Já chega. - Ela solta o recipiente metálico em cima de umas das escrivaninhas cobertas de papel. - Você precisa comer.

-Chichi? Quando chegou? - A garota ainda tentava se recuperar do susto, observou os doces e salgados e seu estomago revirou, não estava com fome e não tinha vontade de comer, era tão difícil de entender. - Honestamente não estou com fome. Prefiro não forçar.

-Não forçar minha bunda. - Bulma assustou, não era do feitio de Chichi falar palavras feias, como dizia ela. - Sim, estou muito irritada com você, você não come desde ontem e quando tem uma chance come uma colherada e se segura para não vomitar, você vai comer e eu tenho o dia todo.

A amiga sabia que não tinha como discutir com ela, Chichi era insistente e sempre conseguia o que queria, pegou um dos sanduiches de frango ou de carne desfiada, realmente não se importava, se tivesse que comer e segurar no estomago para que Chichi não enchecesse mais seu saco, faria. A primeira mastigada foi difícil de manter dentro da boca ainda mais difícil foi manter dentro do estômago enquanto a amiga desabafava. O alimento revirava o seu interior que sua cor desapareceu e não passou despercebido.

-Você não vai vomitar.

A palavra causou repulsa e a sala girou suas mãos rapidamente subiram para seus lábios retorcidos e brancos, o líquido biliar se misturava com a sua saliva e ficava realmente difícil não expulsar a mistura nojenta que estava se formando, queria tirar essa mistura do seu corpo, mas adivinhou que se fizesse sua amiga nunca mais a deixaria em paz, contra todos seus instintos engoliu, seu corpo quis regurgitar, mas ela não o fez.

-Fácil para você falar, não é você que está lutando constantemente contra cheiros e gostos. - O caminhar até o banheiro parecia longo e até mesmo o gosto da pasta de dente causava repulsa, olhou o reflexo do espelho e o que a olhou de volta a fez sentir nojo. Alguém pálida e fraca, se deixando levar por sentimentos ruins. Caramba ela era um gênio, ela era Bulma Briefs, já havia sido mastigada e cuspida por homens antes, perdeu um filho e sobreviveu, seu filho havia sobrevivido e estava lutando nesse momento contra um tirano que havia ferrado seu planeta de tantas formas, ela havia feito uma promessa e uma promessa jamais é quebrada. Suas mãos fracas se fecharam e a força adormecida voltou aos poucos para seus dedos, suas unhas, seu pulso, seu corpo, seus seios, seu pescoço, sua nuca, seus olhos. Havia se decidido, nunca mais cairia pelas mãos de homem algum, essa era sua promessa.

Dentre todos.... Eu escolhi você (REVISÃO ORTOGRÁFICA E TEXTUAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora