Certeza

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Chichi estava se sentindo culpada mas principalmente abalada, havia acabado de reencontrar a amiga e agora a havia perdido - de novo; não havia nada que pudesse aliviar esse sentimento do seu coração, de certa forma Vegeta tinha razão, Bulma estava na sua casa, sob sua responsabilidade e ela havia desaparecido. Se sentia culpa porque os momentos em que se sentia isolada do mundo e das infelicidades que aconteciam ao seu redor, era quando estava cuidando do seu pequeno Gohan - seu pedacinho de céu e paraíso na terra e por causa do seu pedacinho de felicidade, havia ficado desatenta com a amiga, por culpa do seu erro, Bulma Briefs, Kh'alhesee de Vegeta Kyak'asee de Goku, havia desaparecido. 

Ultimamente Goku havia ficado mais atencioso com eles, mesmo que não deixasse de treinar, antes ele treinaria com Vegeta ou em qualquer outro lugar, agora, estava treinando em casa ou perto. Raditz e Nappa já haviam ido visitá-los e se juntaram ao treino por algum tempo, ela estranhou porque o cunhado nunca fora presente na vida deles, nem mesmo quando o seu pequeno nasceu e tudo isso, a distância entre as famílias mudou depois do acidente no galpão. Quando ela precisava sair e Goku não podia ir com ela, ele achava que ela não percebia, mas já havia percebido que sempre Raditz ou Nappa a seguiam, o disfarce deles não era muito bom então toda que saia, a insegurança desaparecia porque eles estavam por perto. 

Naquela semana tudo estava estranho, desde recém nascido Gohan nunca se incomodou em ficar na casa de seu avô enquanto a mãe estava na escola ou quando precisava fazer alguma coisa pública, agora, chorava constantemente se não estivesse no colo ou sentindo o toque da sua progenitora. As provas estavam chegando e por mais que a escola deu a ela e seus amigos um tempo para não se preocuparem e se recuperar dos eventos anteriores, Chichi precisava se formar, precisava dar uma garantia de um futuro à Gohan. Vegeta estava de volta na escola praticamente no dia seguinte, ele precisava se formar o mais rápido possível e Chichi sabia; uma das vezes que olhou para ele em classe, sua letra havia melhorado consideravelmente e seus amigos pensaram que talvez fosse para que Bulma não ficasse perdida nas matérias e que por isso ele melhorou sua letra - que particularmente não era feia, apenas puxada para a lateral. Bulma já havia notado sua letra antes e disse a ele que era bonita porque parecia ser feita por um calígrafo. Chichi achava admirável da parte dele, mas essa não era a verdadeira opinião dela para com ele.

Naqueles dias, os pesadelos estavam constantes. Bulma estava sozinha, algumas vezes chorava, gritava até desistir, por medo da solidão, por medo de ficar sozinha, ele sabia que ela odiava se sentir sozinha porque com a solidão vinha o sentimento de abandono. O misto de sentimentos a levava a considerar medidas extremas para não ficar sozinha, acontece que ela não sabia que não estava sozinha, por mais que gritasse, que explodisse, até mesmo encostar nela, ela não sentia, não ouvia e nem via. Ele estava lá, Vegeta estava lá por ela, mas ela não o via e por mais que gritasse, que tentasse empurrar a parede invisível que estava entre eles; a resposta era sempre a mesma, ela sozinha tirando sua vida. 

A cena dela pegando uma faca e cravando em seu peito, estava gravada na sua cabeça e repetia como um filme doentio todos os minutos que estava acordado e sem estar focado em algo. Vegeta não conseguia se manter focado nos estudos, treino, caça e até mesmo nas horas das refeições, sua mente só pensava nela, só pensava em achá-la e trazer para casa e trancá-la. Toda vez que ela voltava de alguma desgraça, outra pior vinha em seguida, toda vez, toda maldita vez, depois de toda a angustia vinha outra pior, vinha um sentimento de miséria, de impotência e inutilidade. A solução para esse problema desgraçado é bem simples, ele não deixaria que ela saísse da sua vista; fim de futuros problemas. Uma solução fácil para problemas difíceis e para essa solução milagrosa, o primeiro a se fazer é achá-la – o que não estava acontecendo.

Quantas vezes se pegava observando a cama de casal se lembrando, se deliciando com as memórias dela em seus braços, do seu cheiro de campo, da maneira que ela apaziguava a tormenta dos seus pensamentos. Em seus momentos de solidão admitia que sentia falta dela, sentia falta do seu porto seguro. Sentia falta da sua Kh'alhesse.

De manhã, a tarde e a noite, sua cabeça martelava uma pergunta: Onde ela está?

Seus olhos pesaram e piscavam lentamente, enviando milhares de mensagens para o restante do corpo "abra os olhos, tem algo errado."  Quanto tempo estava ali? Quanto tempo estava em cativeiro? E a principal pergunta, por quem? Seus sequestradores a alimentavam de três em três horas, quando precisava usar o banheiro, eles a colocavam em um cubículo comum e por sorte havia encanamento, uma janela minúscula que ela não passaria nem se a esmagassem, não havia espelho, esperto, foram precavidos o suficiente para não deixar qualquer chance de escapatória, sejam quem fosse, eram espertos. A casa em que estava era escura, não havia fonte de luz e quando ela precisava ir no banheiro, uma pequena luz saia do banheiro e esse era o único momento em que ela podia ver a luz e saber ser estava de dia ou de noite, pelas suas contas, dez dias. Dez dias desde que fora sequestrada. Diferente do que as pessoas falam, não aconteceu rápido, ela sabia o que estava fazendo, sabia o que aconteceu, sabia de todos os seus atos até o momento que se encontrava.

Bulma estava cansada, a festa de Gohan estava perfeita, a animação, a comida, até mesmo o bolo, estava tudo perfeito. Mas a cada segundo, seu corpo queria estar do lado dele, queria sentir seu cheiro, queria tocá-lo, queria saber como ele estava, o que fez e perguntar se ele sentia a falta dela igual ela sentia a dele. Não era pelo sexo, não, o sexo com Vegeta é maravilhoso, disso não havia motivo para reclamar, eles não eram perfeitos juntos porque eram opostos, não, eles eram perfeitos porque ele a completava, ele a ouvia sem julgá-la por suas ações, pensamentos ou falas, o que ele pudesse ajudar ele faria, o que pudesse mudar mudaria, sempre que ela precisou dele, ele estava lá. 

Todas as vezes, ele estava lá e disso não havia porque reclamar, mas agora havia um incômodo no peito, porque dessa vez ele não estava?  

Dentre todos.... Eu escolhi você (REVISÃO ORTOGRÁFICA E TEXTUAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora