Capítulo 4

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Matteo Greco 


“Não posso escolher como me sinto, 

mas posso escolher o que fazer a respeito.”

— William Shakespeare


— Ele chegou, senhor. - três dias após aquela reunião ridícula, a qual fui submetido, nós conseguimos contatar Federico Mancini e ele havia chegado a Palermo.

Eu precisava de respostas. 

E ele rodava o mundo inteiro em busca de homens que eram úteis para mim em quaisquer serviços, ou simplesmente para que eu os matasse no momento final após receber uma boa informação. 

Mas agora, a necessidade era diferente de qualquer outra que já tive ou que ele tenha feito para mim. Eu tinha que acabar com aquele clima de tensão que eu havia causado por ter me estressado e não me controlado. Eu havia matado um caporegime em uma posição importante na Famiglia, com negócios ainda mais importantes e bastante lucrativos. 

Então, já que eu corro o risco de que outros dos meus caporegimes ainda compartilhem das mesmas ideias e conjecturas que o falecido Lorenzo Ricci, eu precisava acabar com aquilo o mais rápido possível.

Se eles pensavam que “algo” tirava o meu sono ou roubava parte da minha atenção nos negócios, esse “algo” em hipótese alguma seriam os meus filhos, pois eles não precisam disso, eles não precisam roubar um pouco da minha atenção, pois ela era toda deles. Eu vivo por eles, tudo o que eu faço é para mantê-los bem, seguros, vivos, e abastecidos com tudo o que eu posso dar, não importando o que seja, se eles precisam eu estou lá para dar.

A única coisa e sendo ela a mais importante e necessária de todas elas que eu, um mortal qualquer, não consegui dar a eles e nunca seria possível de acontecer, era: trazer a mãe deles de volta para a vida deles.

Eu nunca poderia prometer algo assim ou ao menos buscar uma maneira de trazê-la, pois isso era impossível. Não havia como ressuscitar mortos, eu não acreditava nesse tipo de coisa, muito menos mais de um ano depois de tudo o que aconteceu. Eu não era esse tipo de homem, eu sou o cara que tira a vida de outras pessoas, que as manda para o inferno com uma passagem só de ida, eu não sou capaz de trazer ninguém de lá ou de qualquer outro lugar, caso exista um.

Mesmo que nos meus momentos de negação e ira com tudo e todos ao meu redor eu fique impossível e pedindo por coisas impossíveis. Mesmo que nesses dias típicos onde eu amaldiçoava tudo que estivesse perto de mim, pela raiva de eu, um ser humano horrível, ainda continuar vivo andando sobre a terra, e a minha esposa, o ser mais doce e gentil que já existiu, não estar mais aqui, eu nada poderia fazer além disso.

Eu só podia gritar e quebrar tudo o que estivesse ao meu alcance. 

Não importava que na minha intimidade eu caísse prostrado de joelhos no chão e implorava a algum poder superior que existisse por aí, para que a trouxesse de volta para mim. Eu poderia fazer isso quantas vezes eu quisesse, pois de nada adiantaria. 

E o que eu mais temia era o futuro. Eu vejo os meus filhos todos os dias e a cada vez que saio de casa de manhã e volto a noite para casa, me parece que eles cresceram mais. O tempo continua passando, mesmo que a minha dor e meu coração ainda estejam presos ao passado. O tempo continua seguindo o seu caminho e com ele os meus filhos só cresciam cada vez mais. 

Então, como eu vou explicar para eles o porquê de várias crianças na escolinha terem mãe e eles dois, não?

Eu nunca fui um cara de sofrer por antecedência, nunca aconteceu isso comigo, mas agora, era impossível não pensar nisso o tempo todo enquanto eu observava a evolução deles dois. Eles eram espertos e inteligentes demais para não perceberem esse tipo de coisa, não importando que sejam tão novos. 

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora