Capítulo 54

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Matteo Greco

“Estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior.
Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas.
Mas eles têm uma coisa que eu invejo. (…) Os humanos têm o bom senso de morrer.”

— A menina que roubava livros - Markus Zusak

Novamente aquele zumbido estava presente, durante meses isso me atormentou, eu não sabia explicar exatamente o que era aquilo, mas sabia distinguir o fato de que ele aparecia nos momentos de angústia, aperto e perigo, principalmente perigo, e junto dele, tudo ficava em câmera lenta, não dava para controlar, era algo que acontecia e estava fora do meu controle.

Eu não controlava o meu corpo, tudo se movia de forma mecânica, no automático.

Stefano Greco.

O homem a quem eu chamava de pai, que me dera a vida, e torturou por toda ela para que eu ocupasse o seu posto de Capo um dia, esse mesmo homem, de várias faces, de alma obscura e cruel, que quebrou tantos ossos do meu corpo que nunca foi possível contar. Este mesmo homem que eu pensava conhecer todas as suas artimanhas e o seu lado mais cruel, me enganou.

Uma das pessoas que eu nunca deveria nem sequer cogitar como meu inimigo, tramou toda uma história de vingança e perversão em minhas costas, me apunhalou do modo mais cruel e covarde que um homem pode atacar o outro.

Agiu de forma baixa e vil, quando decidiu odiar a minha mulher, desprezar a minha Helena de uma maneira tão forte ao ponto de orquestrar mil maneiras de matá-la e tirá-la de mim.

Desde o início fora assim, ele nos casou sabendo que a tiraria de mim em muito pouco tempo, nunca esteve nos planos dele mantê-la viva por muito tempo embaixo do nosso teto e com o sobrenome de um legítimo Greco da Cosa Nostra.

E mesmo depois de ele reconhecer o meu amor e toda devoção que passei a nutrir por ela, isso não o deteve, creio que aumentou ainda mais o ódio que possuía dela. E tudo isso porquê?

Porque a minha querida esposa, nascera na família “errada” e carregava o sobrenome do maior inimigo de Stefano. Ela nunca fez nada a ele, nunca o ofendeu, nem mesmo sequer dirigiu uma palavra errada que pudesse ser interpretada de duas maneiras. 

Inocente.

Se havia alguém que poderia ser denominada como inocente neste mundo de loucos, era ela, pois foi vendida como uma mercadoria para nossa família, foi obrigada a se casar comigo e tolerar um homem que não queria e que também não a suportava no início, mas que pelo amor e bondade que existiam dentro dela, e por esses sentimentos que emanavam dela por onde quer que ela passasse, me fizeram perdidamente apaixonado por ela.

Helena.

Quanto sofrimento por uma guerra que nem sequer deveria ter sido dela.

— Senhor… - a voz apreensiva de Alessandro interferiu meus devaneios, eu estava aéreo justamente no momento em que eu mais deveria estar focado e tenso, com um propósito em mãos para executar de forma rápida e precisa o que levei meses desejando.

Encontrar meus inimigos e destruí-los.

— Sim, Alessandro? - disse ainda pouco desligado e também no automático.

— O senhor Giovanni…

— O que tem ele? Não devemos nos preocupar com as pirraças do meu irmão neste momento, depois falarei com ele e nos retrataremos pelo acontecido.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora