Matteo Greco
“O amor é como a criança: deseja tudo o que vê.”
— William Shakespeare
Ainda estava cedo, mas eu já estava no jardim com Ettore, Antonella, Apolo e Jake, pois resolvi que deveríamos tomar café aqui fora essa manhã, e logo depois, nadar um pouco com eles.
Ontem não resisti, e assim que saí daquele hotel após o meu surto de procura por uma mulher misteriosa, que eu nunca diria a qualquer um quem eu realmente estava procurando, pois caso contrário eles me internariam alegando loucura, eu fui até a casa da minha mãe e peguei as crianças.
Eu as queria comigo, dormindo ao meu lado, poder sentir aquele cheirinho de neném que eles tinham e que me acalmava tanto. Pois de toda aquela confusão que se instalou em mim com aquela miragem que tive, que com toda certeza do mundo foi decorrente da culpa, eu precisava de algo que me trouxesse de volta.
Mas mesmo que a calmaria já estivesse se instalado, a confusão na minha mente ainda permanecia comigo.
Como eu poderia imaginar ela daquela forma? Ela se materializou na minha frente do nada.
Tudo bem até aí, não é de todo o problema, mas tudo o que me deixava ainda mais confuso era sua atitude, postura e alguns aspectos da sua aparência.
Pois, vejam comigo, eu imagino Helena e me lembro dela todos os dias, nesse exato momento eu posso vê-la bem aqui na minha frente caso eu deseje, mas sempre da mesma forma que ela sempre esteve aqui em casa, toda meiga, doce, com seus vestidos frescos de verão, os cabelos soltos em ondas castanhas caindo em cascata em suas costas.
Então, eu não entendia como aconteceu de eu imaginá-la daquela forma, toda de preto, maquiagem pesada, com uma expressão de soberba, e aquela frieza que foi capaz de gelar os ossos da minha coluna.
Não… aquela não era minha Helena.
Então quem era? Por que eu a imaginei daquela forma? Ou era alguém parecido e que somado ao álcool fez com que eu colocasse ainda mais semelhanças naquelas feições. Ou eu realmente estava começando a ficar louco.
Mas aí você vira pra mim e diz:
“Mas meu filho, o elevador fechou bem na sua cara. Então como que isso poderia ter sido uma imaginação, pois que eu saiba imagens projetadas pela nossa imaginação não fazem esse tipo de coisa.”
Sim, realmente não fazem, e é aí que entra mais um problema, pois Alessandro que estava me esperando bem ao lado do elevador, não viu ninguém com aquelas características passar pelo saguão do hotel, nem mesmo sair do elevador. Então, se Alessandro que agia como uma águia observando tudo ao seu redor não percebeu alguém parecido como a mulher que descrevi, o mais provável é que aquilo nunca existiu.
Ela até poderia ter parado em outro andar e usado as escadas para terminar de descer os andares, mas não havia porque ela fazer isso, né? Pelo menos eu acho que não. Ela não tem nada a esconder, não se importou com o meu escrutínio ao observá-la, pois se estivesse ficado incomodada nunca teria devolvido um olhar tão afiado.
Mas para sanar todas as minhas dúvidas e acabar com toda essa paranóia de vez, me restava tomar apenas uma atitude:
Pedir as gravações das câmeras de segurança do hotel.
Essa seria a minha última tentativa, eu estou cansado de nadar e nadar e não chegar a lugar nenhum, pelo contrário eu chego somente ao fundo do poço cada vez mais com as minhas decepções ao longo do caminho. Não dá mais para viver assim.
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O Recomeço - Livro III |COMPLETO|
RomanceViúvo, agora, Matteo Greco tinha de conviver com a dor de sua perda. Há ele havia ficado a responsabilidade de se manter são, pois dois bebês estavam presentes em sua vida a partir de agora. Mesmo que o primeiro e único amor da sua vida tivesse par...