Capítulo 18

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Matteo Greco


Soneto LXXXVIII

“Quando me tratas mal e, desprezado,

Sinto que o meu valor vês com desdém,

Lutando contra mim, fico a teu lado

E, inda perjuro, provo que és um bem.

Conhecendo melhor meus próprios erros,

A te apoiar te ponho a par da história

De ocultas faltas, onde estou enfermo;

Então, ao me perder, tens toda a glória.

Mas lucro também tiro desse ofício:

Curvando sobre ti amor tamanho,

Mal que me faço me traz benefício,

Pois o que ganhas duas vezes ganho.

Assim é o meu amor e a ti o reporto:

Por ti todas as culpas eu suporto.”

 — William Shakespeare

Estávamos dentro do jatinho da Famiglia já há algum tempo, então tínhamos que começar a conversar a respeito do que aconteceu essa noite, sobre o que seria exposto aos outros caporegimes e o que ficaria escondido. Era um assunto bastante delicado informar  a todos que minha esposa havia voltado dos mortos, e que ainda por cima se dizia ser esposa do homem que a havia tirado de mim.

— E Antonio? Eu nem sequer me lembrei de perguntar por ele.

Helena solta uma risada e me encara cinicamente. Com isso, todos os homens ali se colocam a observá-la. Ela parecia algo raro que estava sendo exposto pela primeira vez ao público, pois todos olham para ela como se não pudessem acreditar no que viam. 

Quem, algum dia esperaria ver Helena Greco novamente?

Vê-la tão idêntica e diferente ao mesmo tempo.

— Oh eu mandei o seu brinquedinho para o inferno antes que você pudesse brincar um pouco com ele. Sorry. - ela não sentia por ter me tirado o prazer de matá-lo, apenas fingia cinicamente que se importava com isso.

— É verdade? - questiono Giovanni para ter certeza do que ela dizia.

— Sim, irmão. O que ela colocou na bebida dele deu tempo suficiente apenas para que ela conversasse com ele, então, assim que vocês saíram do hotel ele já estava caído e morto. Teve uma parada cardíaca.

— Qual o seu interesse em matá-lo? O que ele fez a você? 

— Nada, ele apenas sabia coisas demais ao meu respeito. - ela estava com os pulsos amarrados e sentada em uma das poltronas, pois não quis deixá-la no quarto sozinha e sedada, ela poderia acordar e fazer uma grande besteira, já aqui, éramos vários de olho em tudo o que ela fazia.

— E que coisas seriam essas?

— Com certeza não é da sua conta, porque se fosse eu o teria deixado vivo para lhe contar, não acha?

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora