O Recomeço - Livro III |COMPLETO|

Capítulo 46

Capítulo 46

Matteo Greco

"Se você quiser saber algo sobre minha situação, direi o seguinte:
Com o seu amor eles vão me enterrar no chão e com ele eu sairei dele"

- Ömer Hayyam

O sentimento de decepção em meu peito era tão grande que eu nem mesmo conseguia expressar corretamente o que era aquela correnteza de emoções que me atingia.

Eu dei tantas chances a Helena para que ela me contasse as coisas que estava escondendo de mim, mas ela não agarrou nenhuma das oportunidades que ofertei. Tudo isso estava preso em minha garganta me sufocando, eu já nem conseguia respirar tranquilo, precisava me livrar daquela sensação.

Ouvir ela conversando com Peter pelas minhas costas foi o que ativou minha fúria e arrancou a venda que estava tampando os meus olhos. O amor cega as pessoas, nós colocamos o que queremos em nossa frente, simplesmente porque é aquilo que queremos ver e vivenciar, mas nem tudo pode ser tão belo e perfeito assim, pelo menos não o tempo todo, há um limite para tudo nessa vida.

O meu amor por Helena é infinito, verdadeiro, incontrolável, selvagem, não pode ser contido, e isso nunca irá mudar e creio eu que essa será a minha destruição final, pois eu nunca me livraria da sensação que o amor que sinto por ela causa em mim.

O meu coração estava partido, estilhaçado em milhares de pedacinhos em meu peito. A dor era grande e as lágrimas que escorriam pelo meu rosto enquanto corria com o carro na estrada não ajudaram muito também. Todas as emoções juntas e afloradas dessa maneira não era um bom sinal, já fui ao fundo desse poço muitas vezes, e sei o resultado de todas as vezes que fiquei assim, e em nenhumas delas a experiência fora agradável, tampouco o resultado era reconfortante, muito pelo contrário, era doloso e perdurava.

Lá no fundo havia uma voz me dizendo o que fazer, e eu sinto que deveria obedecer, mas ao mesmo tempo há algo que freia esse meu impulso. Entretanto, como no passado, o mau decide vencer, obscurecendo tudo que está dentro de mim e me leva ao lugar que parece o certo para estar agora e enfrentar os demônios que começam a me perseguir novamente.

Chego a um dos clubes da famiglia, em especial o que ofertava todos os tipos de serviço no quesito sexual e não um simples prostíbulo com prostitutas dispostas apenas a uma transa "baunilha". Esse era diferente, pois era bem mais sofisticado e bem mais frequentado, digamos que era necessário um certo gosto para estar aqui, e nem todos estavam autorizados a entrar, para era necessário passar por uma longa lista de antecedentes e testes, e assim determinar se você era a pessoa certa para estar usufruindo do que estabelecimento oferta.

Depois de alguns incidentes infelizes que aconteceram por aqui, inclusive, alguns causados por mim, foi necessário que essa segurança fosse tomada, evitando que coisas assim não voltassem a acontecer, e desse modo, livrando nossos calcanhares da perseguição policial já constante.

Procuro por uma dominatrix, ela já me atendera muitas vezes no passado. Não havia nada de sexual nos nossos encontros, eu não gostava de ser dominado para o ato sexual, muito pelo contrário, para mim as posições sempre tiveram que ser invertidas, mas o que eu procurava aqui era muito diferente dos outros que passavam pelas portas em busca de prazer doentio e enlouquecedor.

E por falar em doentio, o que eu procurava deveria ser considerado ainda mais doente, mas era a melhor forma que eu encontrava de resolver as coisas e remover a dor que me consumia. Eu sempre fui assim, fraco para lidar com coisas que me sufocavam e me deixavam perdido e sem rumo. Sempre busquei alternativas que me entorpeciam e que me ajudavam a pensar na situação com mais clareza. Às vezes, depois de sessões assim, eu voltava para casa mais do que tranquilizado, eu voltava um homem renovado.