Capítulo 44

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Capítulo 44

Helena Greco

"Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo.  Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar.”

— O Caçador de Pipas – Khaled Hosseini

Mais uma semana se passou desde quando Carlos partiu na companhia de Ivan e Mikhail, na noite passada eles me ligaram me dando a boa notícia de que acharam um rastro, que os levou ao esconderijo de Peter.

Disseram-me que passariam a noite toda o vigiando assim como todo o dia seguinte. Prometeram que me ligariam hoje para dizer o que ele havia feito durante o dia ou com quem havia se encontrado e eu aguardava ansiosamente pela ligação deles.

Resolvemos mudar a nossa tática. Como nas vezes anteriores em que Carlos encontrava Peter e nós passávamos a informação para o pessoal de Matteo e logo Peter dava um jeito de fugir, dessa vez resolvemos aguardar e calcular melhor os riscos, pois se mais uma vez o plano desse errado, não acredito que numa próxima vez Matteo acreditaria em seguir as pistas fazendo com que tudo fosse pelos ares.

A depender da ligação de hoje e as notícias que eles me dariam, seria possível passar a informação adiante, o problema era o traidor, que eu ainda não fazia ideia de quem poderia ser. Então, junto da pista eu enviaria um aviso, e como Alessandro já sabia do nosso plano, ele ficaria encarregado de levar os homens certos para a captura de Peter.

Depois do estopim de raiva de Matteo naquela noite regada até mesmo a uma “pitada” de ameaça as coisas não estavam as mil maravilhas, mas eu também não podia reclamar. Sei o quanto meu marido é ciumento, e é claro que nada justifica o ciúme e a atitude que ele tomou, mas estamos em um momento de tensão onde ele desconfia de todos ao seu redor e a última preocupação que ele deseja ter é se sua esposa está dando atenção demais ao seu soldato do que ao próprio marido.

Então simplesmente deixei passar, fingi que nada aconteceu e segui com a minha vida, voltei para casa naquela noite e ele já não estava mais, encontrei apenas as crianças com as babás na sala e só o vi no dia seguinte. Não perguntei para onde ele foi nem a que horas voltou, sei que não dormiu comigo, mas não tinha certeza se havia voltado para casa e dormido em outro quarto ou se ficou no escritório, também não perguntei a nenhum dos empregados, realmente não queria saber e plantar dúvidas em minha mente.

Deixei que o tempo curasse as feridas ralas que a desconfiança havia plantado nele, e nada melhor como o tempo, no dia seguinte ao silêncio sepulcral que eu havia instalado na casa, ele voltou todo arrependido e pedindo desculpas, não foi necessário que uma briga e mágoas fossem criadas para que voltássemos a ser como antes.

Tudo estava perfeito no nosso relacionamento. Dos portões da propriedade para dentro não haviam problemas que nos colocassem um contra o outro ou tirasse a nossa alegria junto das crianças. O único problema ainda era lá fora, mas isso logo se resolveria.

O toque do meu telefone tocando vindo do closet me despertou ao se espalhar pelo meu quarto fazendo com que eu corresse imediatamente até lá, pois já era tarde e só poderia ser Carlos com as notícias de Peter. Atendi o mais depressa que pude sem nem mesmo olhar quem era.

— O que tem para me dizer, Carlos? - digo toda animada.

— Moya lyubov'(meu amor), creio eu que Carlos diria que me encontrou nas redondezas de Nápoles, escondido em uma casa simples apenas aguardando o momento certo de ir até Palermo e a levar de volta para Rússia comigo onde é o seu lugar, o qual você nunca deveria ter saído para começo de conversa.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora