Capítulo 15

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Matteo Greco

Soneto 92 

“Faz teu pior pra mim te afastares,

Enquanto eu viva tu és sempre meu,

Não há mais vida se tu não ficares,

Pois ela vive desse amor que é teu.
 

Por que hei de temer grande traição

Se tem fim minha vida com a menor;

De vida abençoada eu sou, então,

Por não estar preso ao teu cruel humor.

Tua mente inconstante não me afeta,

Minha vida é ligada à tua sorte;

Como é feliz o fato que decreta

 
Que sou feliz no amor, feliz na morte!

Porém que graça escapa de temer?

Podes ser falso e eu sequer saber.”

— William Shakespeare

— Como assim não é a minha esposa, Federico? Mas do quê você está falando? Olhe para ela, não há maneiras de não ser! - estou quase aos berros com ele.

E mesmo que eu queira atacá-lo por dizer algo assim, primeiro eu quero atacar Antonio que mantém as suas mãos nas dela e seus olhos fixos no belo decote que Helena sustenta com aquele vestido de matar.

— Matteo, é exatamente isso que eu quero de você. Olhe para ela, aguente e observe ela durante toda a noite, só assim você contestará que essa mulher não é a sua esposa. Ela atirou em mim. Vamos, me diga, a Helena faria isso? A mulher que você conheceu seria capaz de uma coisa dessas?

— Talvez se ela achasse que precisasse, é claro que ela faria. Você a estava perseguindo, talvez ela pensou que você queria fazer-lhe algum mal.

Eu estava tentando arrumar alguma desculpa para justificar a atitude que ela tomou diante de Federico quando o encontrou, mas no fundo eu não tinha tanta certeza das minhas palavras, eu não podia afirmar uma coisa que nunca imaginei partir de Helena.

Uma atitude dessas não se esperava vir dela, pois era tão calma, gentil e indefesa. Então, realmente, não sabia o que dizer, somente defendê-la, pois eu nunca perderia a oportunidade de tê-la de novo.

E nada que Federico me dissesse mudaria o meu pensamento. Helena e eu tínhamos uma vida antes de tudo isso, esperávamos ansiosamente pela chegada dos nossos filhos, e infelizmente ela perdeu boa parte dos momentos felizes e descobertas que os gêmeos tiveram, mas eles ainda eram tão novos, e ainda haviam tantas coisas para que ela, como mãe, os ensinasse.

Eu não estava me aguentando de emoção e ansiedade, queria ver a carinha deles quando vissem a mãe. Pois mesmo sendo tão novinhos já reconheciam as pessoas que eles amavam, e eu sempre fazia questão de que eles crescessem com um pouco da presença da mãe, pelo menos com os recursos que eu podia disponibilizar.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora