O Recomeço - Livro III |COMPLETO|

Capítulo 31

Helena Greco

“O tempo é algo estranho .

Quando você está esperando algo bom acontecer, 

parece que o tempo não passa. Mas, quando 

você quer que vá devagar, passa num piscar de olhos.

O estranho é que o tempo não é real. É um conceito 

imaginado por cientistas baseado no movimento 

imperfeito da Terra em volta do Sol. Então por que 

algo que é apenas uma teoria, importa tanto 

para nós? Porque é tudo que temos.”

— Greys Anatomy

Conheci Beatriz. 

Quero dizer, conheci novamente, uma vez que segundo todos, ela era a minha melhor amiga. Adorei ela e o espírito vivo que ela carrega consigo, toda a animação que ela espalha por onde passa, o seu carisma contagiante, assim como as loucuras que fala. Ela estava brava, irada para falar a verdade, com Matteo, pois ele demorou muito para contar a verdade sobre a minha volta.

Segundo ela, eles se tornaram bastante próximos depois da minha partida, ela ia toda semana na casa dele para ver como ele e as crianças estavam e tentava dar apoio da melhor forma possível, apesar de não haver consolo no mundo, capaz de acalmar o coração partido de um homem viúvo apaixonado pela mulher que perdeu. Então, depois dessa “traição cometida por ele” (palavras dela, não minhas), levaria certo tempo para que ela pudesse perdoá-lo, uma vez que ele poderia tê-la poupado de mais dias sem mim.

Ela me contou toda a história do nosso casamento, todas as nossas desavenças e sofrimentos, assim como muitas das felicidades após termos nos reconciliado alguns meses após o nosso casamento. Ela sabia de muitas coisas, detalhes que nunca pensei que chegaria a contar a alguém, pelo jeito ela era realmente muito importante para mim, ao ponto de compartilharmos coisas bastante íntimas uma com a outra.

Fiquei animada com as novas informações que tinha em minha mente, com o tempo eu ia agregando tudo e as guardando em um lugar especial, de forma que na primeira oportunidade de começar a me lembrar de algo, essa lembrança junto das confissões de Beatriz se juntassem e eu me lembrasse de um vez por todas a respeito de algo.

Ela levou vários dias para conseguir me contar tudo, ela não podia ficar o dia inteiro comigo e realmente eram muitas coisas, então foi impossível não demorar tanto. Eu estava animada para conversar com Matteo a respeito disso, ele merecia um ar de esperança, eu reconhecia o enorme esforço que ele fazia, o quanto ele se desdobrava para me fazer feliz naquela casa, a necessidade que ele tinha de me fazer sentir em casa mesmo não me lembrando de nada.

Eu me sentia uma completa egoísta por não poder retribuí-lo em nada que ele realmente quisesse, pois eu sabia que o maior desejo dele era ter a amada esposa de volta, a antiga Helena, a mulher por quem ele se apaixonou de verdade, não essa daqui, quebrada e sem lembranças. Eu gostava dele, o carinho que ele tinha comigo era apaixonante, toda a atenção que ele dedicava a mim fazia ser impossível eu continuar a ser indiferente com ele, ele me dava o que ninguém fora capaz nesse um ano de volta do coma.

Todo o cuidado que ele tinha comigo, apesar de tê-lo tratado super mal, nunca mudou. Nas minhas semanas de completa loucura, onde ninguém corajoso o bastante estaria disposto a ficar ao meu lado e aguentar as minhas chatices, ele ficou. Não se  importando com as coisas que eu dizia ou a maneira que eu o rejeitava em meio a febre que me acometia e me causava alucinações. Ele continuou ao meu lado, tentando me ajudar e me trazer de volta, apoiando-me no meu tratamento.