Capítulo 26

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Aleksandra Ivanov-Orlov

“O amor é dos suspiros a fumaça;

puro, é fogo que os olhos ameaça;

revolto, um mar de lágrimas de amantes...

Que mais será?

Loucura temperada, fel ingrato, 

doçura refinada.”

— William Shakespeare


Dois dias haviam se passado e eu não conversava com Matteo.

Ele não havia me ouvido e decidiu prosseguir com os seus planos quanto a manter Mikhail e Ivan cativos de suas vontades e torturas. Ele viera atrás de mim na mesma noite, mas não quis ouví-lo, me neguei a conversar com um homem que não pode me dar uma única coisa que peço.

Estou aqui há mais de uma semana e nunca pedi nada além de ir embora, quanto a outras coisas nem pensei em me incomodar, mas quando peço algo realmente significante ele nem sequer finge pensar no caso, ele simples nega. Não. Não engolirei isso facilmente.

Principalmente se meus homens já estiverem mortos, aí sim as coisas piorarão ainda mais. Para a minha completa sorte, hoje sairia o resultado daquele maldito exame. E mesmo eu tomando consciência de que ele não me libertaria facilmente independente do resultado, pelo menos com essa prova, seria mais fácil para eu tentar convencê-lo.

Por que, Deus, ele não se apaixonou por outra?

Talvez eu não estaria em toda essa situação se ele já tivesse se esquecido de sua esposa.

E Joseph? 

O que acontecera a ele depois daquela noite de revelação?

Eu não o vi mais, e muito menos conversei com Matteo para perguntar. Mas será que ele havia o deixado partir, mesmo depois de confessar ter enganado a Cosa Nostra por todos esses anos? 

Não acho que seja uma coisa que Matteo Greco aceitaria, ele nunca permitiria que alguém que enganou a ele e a Famiglia continuasse respirando por muito tempo.

E lembrando-me disso, toda essa verdade que surgiu no meio do caminho também serve como mais uma das razões para ele me deixar ir, uma vez que ele não iria querer ser casado com uma bastarda, muito menos com a irmã gêmea louca dela.

É isso, quando ele vier eu direi todas essas coisas, mas primeiro ele terá que me confessar o que fizera com Mikhail e Ivan caso contrário, nenhuma palavra a mais.

Uma batida soa em minha porta e com certeza deveria ser algum soldato para trazer o meu café, já que me recusei a sair nos dias anteriores, mas me impressiono quando vejo uma senhora entrar. Se me lembro bem, ela é a cozinheira.

— Com licença, senhora. - a observo com curiosidade.

— Toda. Ninguém lhe avisou que não é bom ficar próximo de mim a não ser que tenha uma arma, e quase dois metros de altura? - cinicamente pergunto e me mantenho distante dela, continuando sentada à penteadeira escovando meu cabelo de forma lenta e metódica.

— Não temo a senhora. - diz ela com um sorrisinho no rosto.

— E posso saber por quê?

— Porque a senhora nunca me machucaria, pois sempre gostou muito de mim. - minhas sobrancelhas saltam diante do comentário da mulher.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora