Capítulo 42

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Capítulo 42

Helena Greco


“A vida é uma tempestade (...) Um dia você está tomando sol e 

no dia seguinte o mar te lança contra as rochas. O que faz de 

você um homem é o que você faz quando a tempestade vem.”

— O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas

— Que inferno de semana. - Matteo resmunga assim que entra na sala.

Infelizmente eu tinha que concordar com ele, a semana não fora nada fácil, tudo recaiu sobre nós de uma só vez, a situação de Lorenzo, o desaparecimento da minha irmã e logo em seguida tendo a sua localização em Palermo, as buscas por Peter, com um novo rastro em um pequeno vilarejo próximo de nós, e para completar Andrei continuava a me atormentar cada vez mais.

Se a minha mente era uma bagunça, eu nem mesmo conseguia imaginar como a de Matteo estava com todo esse rebuliço acontecendo.

Depois de todo o tempo em que ele acreditou que eu estava morta até me encontrar sem memória, o seu sentimento de vingança fora germinando dentro dele cada vez mais. Ele não gostava muito de conversar comigo a respeito de absolutamente tudo, pois sei que ele deseja me poupar de muitas coisas, principalmente agora que não sou tão sensível como a antiga Helena era. 

Então, acredito na teoria de que Matteo não quer que o mesmo mal que habita dentro dele se espalhe ao ponto de me atingir, mas já era tarde demais para isso, não havia mais jeito, o mal já havia me atingido de várias maneiras para falar a verdade, mas eu não gostava de quebrar a cabeça com ele. Não adiantava de nada, se existe um homem mais cabeça dura do que Matteo Greco eu desconheço ou apenas não me lembro. Desse modo eu preferia nos manter em um terreno neutro.

E isso não significa que eu esteja me anulando em relação a ele, eu só estou sabendo escolher em quais guerras devo lutar, e em quais eu devo exercer todo o meu poderio para a conquistar. Depois de tudo o que passamos não vejo vantagem em insistir em coisas tão simples e supérfluas como algumas das brigas que persistem em existir entre nós.

Observo enquanto ele atravessa a sala até o bar em um canto e se serve de Bourbon. 

A sua aparência está abatida, nunca o vi assim. 

Ele toma o líquido todo de uma só vez e volta a encher o copo soltando um grande suspiro pesado do peito. 

Não posso deixá-lo continuar passando por isso. Não é justo com ele.

Me levanto e sigo em sua direção.

— Eu sei o que você está tentando fazer… E eu tenho certeza absoluta que não é no fundo desse copo que você conseguirá solucionar os nossos problemas, meu amor. - tiro delicadamente o copo da sua mão e o coloco na bancada do bar e logo em seguida o puxo até o sofá.

— Helena, você sabe que isso me relaxa.

— Sim, eu sei disso, mas não deixarei você se afogar dessa maneira. Esse relaxamento é apenas temporário, cada vez você terá que beber mais para relaxar, pois nunca será o suficiente.

— O que posso fazer? Diga-me? Nunca pareço encontrar uma solução. Toda vez eu me aproximo e do nada surgem coisas que mudam totalmente o curso dos meus planos, e aquilo que estava ao alcance das minhas mãos escapole para tão longe, que parece impossível de se chegar próximo o suficiente novamente.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora