Capítulo 53

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Helena Greco

“Quando a morte conta uma história, você tem que parar para ouvi-la.”

— A menina que roubava livros - Markus Zusak

— Stefano, o que faz aqui? Aconteceu alguma coisa? - pergunto surpresa pois não tinha o costume de vê-lo.

— Não, de forma alguma. Eu apenas preciso conversar com você.

— Então diga, do que precisa? - tento ser o mais direta possível.

Eu nunca havia ficado sozinha com ele antes, pelo menos não que eu me lembre, mas era incômodo, eu me sentia completamente desconfortável com o olhar dele.

— Na verdade eu quero lhe mostrar algo que talvez possa ajudar as suas lembranças voltarem. - aquilo me surpreende ainda mais.

Desde que voltei ele não pareceu ser uma das pessoas mais interessadas na minha recuperação, na verdade, para ele não fazia diferença alguma se eu me lembrava de alguma coisa ou não.

Então porquê de repente isso se tornou pauta em uma conversa nossa?

— Desculpe-me, mas não sei como de repente o senhor se importa com isso, tão pouco o que seria tão forte ao ponto de me fazer lembrar de tudo, nem mesmo os meus filhos ou o meu marido o fizeram.

— Eu entendo, e não me ofendo por pensar dessa forma, nós não mantemos tanto contato como o que você tem com a minha esposa, mas isso não diz nada a respeito das minhas intenções quanto a você. Meu filho ficou extremamente mal quando você desapareceu, eu nunca desejaria ver aquilo novamente em toda a minha vida. Também sei o quanto você é importante para ele e como a sua falta de memória o magoa, por isso pensei que poderia ajudar em algo.

Sinceramente eu não estava conseguindo ver verdade em tudo o que ele dizia, ele irradiava uma sensação nada acolhedora, além de tudo parecia ser um tremendo mentiroso, e dos bons.

— Tudo bem, Stefano, e o que seria “isso” que você tem para me mostrar, que de repente, de uma hora para outra o trouxe até aqui? Me diga e eu poderei dizer se será capaz de me afetar ou não.

— Foi algo que você fez em uma das nossas fazendas de oliveiras em Castelvetrano, marcou você muito na época, talvez seja algo que desperte você.

 — Castelvetrano fica a quase uma hora e meia daqui de carro, e mesmo que fossemos de helicóptero, eu não posso sair assim sem mais nem menos, eu ando com segurança reforçada em todos os lugares que eu vá, mas planejamos tudo antes, todo o percurso. Eu até posso ir lá como você está dizendo, mas não agora, nem hoje, talvez depois de amanhã. Além do mais, eu também gostaria que Matteo fosse comigo, e você sabe que ele viajou sem data de retorno.

— Por isso mesmo, pois não sabemos o quanto ele irá demorar, então você já deveria ir para fazer uma surpresa para ele caso as lembranças retornem.

— Não sei não. Eu prefiro ligar e tentar falar com ele, Giovanni ou com Alessandro para que um deles me acompanhe. Não se ofenda, mas da mesma forma que você tem a sua segurança e faz questão de andar com ela a cada lugar que vai, eu também tenho a minha.

— Eu não acho que seja necessário, eu tenho homens o suficiente ao meu serviço que podem lhe proteger também. Não se esqueça, eu sou o Capo antecessor ao seu marido.

— Exatamente, ao SEU serviço, não ao meu. Homens dispostos a obedecer às suas ordens não as minhas. E eu não me esqueci da autoridade que um dia você foi na Cosa Nostra. Então, me dê licença, eu preciso fazer uma ligação.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora