O Recomeço - Livro III |COMPLETO|

Capítulo 41

Helena Greco

“Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, 
mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”

   — Alice no País das maravilhas, Lewis Carroll

  

— Já vamos pousar, querida. - a voz de Matteo me acorda juntamente do leve carinho que faz em meu rosto ao mover uma mecha que estava caída e colocando-a atrás da minha orelha.

— Eu nem mesmo vi o tempo passar. - minha voz está rouca de sono, como se não a tivesse utilizado por muito tempo.

— Você teve dias cansativos, o seu corpo precisava de descanso, pelo menos você conseguiu dormir.

— E você? Ficou acordado durante toda a viagem?

— Eu tinha coisas para resolver, na verdade, ainda tenho, a nossa ausência gerou um pouco de trabalho acumulado.

— Mas Giovanni não pôde resolver essas coisas para você?

— Algumas coisas apenas a minha presença é requisitada, Helena. Mas não tem problema, no máximo até amanhã todas elas já estarão resolvidas. - um pouco de culpa me toma por ter insistido na viagem.

Eu sei que parece exagero devido ao fato de que não ficamos nem mesmo uma semana fora, mas no nosso mundo até mesmo horas perdidas fazem certa diferença. Quando estamos em casa Matteo trabalha muito, e eu percebi que desde que voltei, ele passa mais tempo em casa.

E sei também que para um homem como ele, isso não é normal. Isso apenas demonstra mais um esforço dele, feito para me agradar e me dar sua total atenção. O cuidado que ele tem com a família, demonstra muito o ser humano que ele é, mesmo que insista no fato de não ser um homem bom. Ele é para nós. A sua família.

— Não precisa ficar assim, se não pudéssemos viajar, se isso fosse atrapalhar em algo, eu simplesmente teria dito a você, então não precisa se sentir culpada por algo que não existe. 

— Tudo bem.

— Bom, agora vem a melhor parte de viagens como essa.

— E qual seria? - pergunto ainda um pouco fora do ar devido ao sono.

— Digamos que sempre que precisei me ausentar, de forma que não havia maneiras de voltar para casa no mesmo dia. A volta era sempre preenchida por muita animação. As crianças ficam loucas e já te aviso que não desgrudam.

— Nossa você possui tantas experiências com elas. Sabe de tantas manias e histórias. Já eu…

— Hella, amor, você não pode ficar assim, ou sequer comparar a relação que temos com as crianças, eu cuido delas desde que nasceram, já você, fora privada disso, não foi culpa sua, então não há porquê se sentir culpada. Você também irá criar essas memórias, talvez até mais do que eu, você fica mais com eles ultimamente. Tudo no seu tempo, e as coisa logo irão se encaixar.

— É você tem razão, melhor do que ficar me lamentando é colocar logo na cabeça que ainda tenho muito tempo com eles, e que novos momentos serão criados entre nós, eles são apenas bebês.

— Isso mesmo, querida, fora que eu ainda não cheguei a fazer de tudo com eles ainda devido a idade deles, então serão momentos que nós quatro iremos participar juntos.

Sorrio diante da sua fala, pois ele sempre sabe quais palavras utilizar para me confortar.

O avião pousou. E quando descemos dele, avistamos uma frota de carros negros e blindados a nossa espera.