Capítulo 49

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Capítulo 49

Matteo Greco

"Eu errava como um espírito do mal,
pois fora o causador de atos de horror indescritível,
convencido, ainda, de que mais, muito mais, estava por vir."

- Frankenstein - Mary Shelley

1 mês depois

Viajar e encontrar Carlos e os boyevicks os quais eu havia prendido e torturado há alguns meses não estava sendo tão fácil como eu pensava que seria. Ir para longe da minha esposa e filhos depois de tanto tempo apegado a eles de forma que eu não saía de casa para nada a não ser trabalhar no escritório, não era a rotina a qual eu estava habituado.

O que me consolava era o fato de estar no rastro de Peter e que esta noite o pegaríamos. O que nos refreou até o momento foram algumas atitudes estranhas que ele estava praticando, tentamos acompanhá-lo de modo a percebermos se ele se comunicava com o seu possível cúmplice, principalmente, porque precisávamos saber quem era o traidor na Cosa Nostra, uma vez que corríamos o risco de pegar Peter e ele nunca nos contar, o que ocasionaria no fato de convivermos com o inimigo por perto sem sabermos de quem realmente se trata.

Eu queria matar dois coelhos com uma cajadada só. Mas como ninguém que conhecíamos apareceu, não dava mais para esperar, eu já havia esperado por tempo demais, não podia correr o risco de perdê-lo mais uma vez por questões estúpidas quando comparadas ao que esse homem fez a mim e a minha família.

Segundo Carlos, depois da ligação que Peter havia feito a Helena, informando que sabia que estava sendo seguido por eles três e que os mataria se não deixassem de vigiá-lo, ele não pareceu notar que os rapazes depois de saírem do seu radar voltaram a encontrá-lo. Carlos também não recebera nenhuma mensagem de Helena informando que Peter havia entrado em contato com ela novamente para ameaçá-la quanto a nossa presença em seu encalço, o que era um excelente sinal para todos nós. Significava que estávamos conseguindo nos manter às escondidas mesmo acompanhando esse filho de uma puta para todo lado.

Ao analisarmos o comportamento dele, notamos o quão instável e descontrolado ele se encontra. Me parece ter se tornado perigoso até para ele mesmo devido aos exacerbados episódios de ódio e fúria que o acometem. Ele simplesmente destrói tudo ao seu redor, bem como quebra a cara dos homens que vão ao seu encontro, com certeza boyevicks ao seu serviço em meu país.

Mas para mim nada disso interessava, só não dava mais para esperar, descobriríamos o necessário na minha sala de tortura mais tarde. Atacaremos neste exato momento, pois ele está sozinho e nós somos quatro.

Quando entramos na casa isolada nos arredores de Trapani tudo está silencioso, não parecia haver ninguém, mas tínhamos certeza que ele estava aqui, observamos o dia inteiro e ele não havia saído.

Encaro Mikhail e Carlos e silenciosamente mando que subam as escadas e olhem no andar de cima enquanto Ivan e eu terminamos a varredura no térreo. Não há nada na cozinha, na sala ou no banheiro do andar de baixo, mas quando estamos subindo as escadas uma mão agarra firmemente o meu tornozelo e me puxa, fazendo-me rolar alguns degraus da escada até cair no chão da sala. Peter estava escondido embaixo da escada, havia uma portinha ali que agora estava aberta, com certeza era usada para guardar coisas, pois havia espaço suficiente para caber um homem do tamanho dele.

Me levanto do chão e o encaro.

- Até que enfim nos encontramos cara a cara novamente, Matteo Greco. Eu estava esperando por você. - quando ele diz isso ouço passos vindo correndo do andar de cima e descendo as escadas.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora