cinquenta e dois

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𝕻𝖆𝖗𝖎𝖘, 𝕱𝖗𝖆𝖓𝖈𝖆

Destranco a porta do meu quarto de hotel com o cartão e já entro no mesmo tirando os meus sapatos, deixando ao lado

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Destranco a porta do meu quarto de hotel com o cartão e já entro no mesmo tirando os meus sapatos, deixando ao lado. Mesmo de meia, senti o gelado do chão, ainda que o ar condicionado proporcionasse um quarto mais quentinho que a rua.

Retiro o casaco do meu corpo e coloco ele em qualquer lugar, caminhando até a cama em seguida.

Iago ainda dormia e o sono parecia estar bom, pois ele estava todo esparramado na cama e soltava alguns suspiros e murmuros.

— Meu amor? — Sussurro, me deitando ao seu lado com cuidado.

Ele não me respondeu. Me aproximo mais um pouco e faço ele deitar a cabeça em meu peito. Não demorou para que agarrasse a minha cintura e jogasse um perna sobre as minhas.

— Você demorou. — Iago murmurou com a voz totalmente rouca de sono.

Não era verdade a afirmação dele. Tudo havia sido bem rápido. A minha ida, a conversa e a minha volta.

— Desculpa. — Peço mesmo assim e levo minhas mãos para os seus cabelos, fazendo carinho no mesmo.

— Como foi?

— Estranho. — Falo. — Mas depois conversamos sobre isso, volta dormir. Você parecia estar um sono muito gostoso.

— Tava sonhando com você. — Disse e eu ri baixo.

— Então volta a sonhar comigo. — Sussurro, deixando um beijo no topo da sua cabeça.

Iago não me respondeu e eu continuei com o carinho. Não demorou para que ele voltasse a dormir, já que ele não estava totalmente acordado enquanto falava comigo.

Mesmo depois de ter percebido que ele havia dormido, continuei a brincar com os cachinhos em sua cabeça.

— Eu te amo, tá, meu amor? — Digo baixo, descendo o carinho para o rosto dele. — Muito.

Não recebi uma resposta, e na verdade nem estava esperando por uma.

Eu deveria ter dito com ele acordado, mas aquele momento parecia incrível pra mim. Ele deitadinho em meu peito, apertando a minha cintura em um abraço e dormindo como um anjo.

*

A mesa do café da manhã estava em um silêncio absoluto e a minha mãe nem estava nela, o que eu estranhei.

— Cadê a minha mãe, pai? — Pergunto confusa, olhando para o lugar onde ela deveria estar, que era na cadeira ao lado dele.

Nós quatro combinamos de sempre tomar café juntos, ao menos ali em Paris. Deu errado nas primeiras vezes, mas logo conseguimos pegar o jeito da coisa e fazíamos com frequência.

Até Iago estava nos acompanhando nesta manhã, mas a minha mãe não.

— Deve tá naquela cafeteria que você foi hoje. — Matheus murmurou e a minha atenção se voltou rapidamente para ele, que brincava com o café.

— O que disse? — Pergunto.

— Está surda? — Retrucou.

— Crianças. — Me pai se intrometeu antes que eu pudesse responder Matheus.

— Cadê a minha mãe? — Repito a pergunta.

— A sua mãe não quis tomar café hoje. — Respondeu simples, dando um gole na bebida quente que ele havia escolhido.

— Por minha causa? — Pergunto, levando em consideração o que Matheus havia falado.

— Não, ela não disse que...

— Óbvio que é por sua causa. — Matheus interrompeu o meu pai. — A minha mãe cuidou de você todos esses anos para, na primeira oportunidade, você ir correndo para os braços daquela lá.

— Eu acho bom você calar a boca e parar de falar coisas que não sabe. — Digo séria.

— Estou falando coisas que eu sei, já que está em tudo quanto é lugar aquele seu encontro com a Jasmin. — Falou. — Aquela mulher quase destruiu a vida do papai e o casamento dele com a minha mãe e mesmo assim você foi atrás dela.

— Não fui atrás dela! — Falo. — E também não é como se eu tivesse esquecido todas as coisas que ela fez, eu sou me encontrei com ela, porque...

— Porque você é igualzinha a ela. — Me interrompeu. — A maçã não cai longe da árvore, não é? Está machucando a minha mãe, por causa daquela outra.

— Ela é a minha mãe também. — Afirmo, sentindo um nó em minha garganta.

Matheus e eu não costumávamos brigar. Quando acontecia, era por bobeira e nós sempre resolvíamos no mesmo dia.

Ele nunca havia jogado na minha cara que ele era filho de sangue da Olivia. Nós nem tocávamos nesse assunto, desde de crianças, e eu achava que era algo meio que proibido entre nós dois.

— Não é não! — Falou. — Ela só cuidou da garotinha abandonada, porque...

— Matheus! — Meu pai falou alto, fazendo ele parar de falar. — Malu, não escuta o seu...

— Está tudo bem. — Murmuro, me levantando da mesa e saindo antes que eu começasse a chorar ali mesmo.

Havia sido uma boa ideia, já que assim que virei as costas senti algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto.

**
café da manhã hoje é lágrimas
pelo menos no meu caso

Ainda em SantoriniOnde histórias criam vida. Descubra agora