Eda e Alexander não saíram do pais, nem foram para muito longe, pelo contrario, estavam a apenas alguns km de Londres, na cidade da família de seu pai. A mentira que ela e Serkan contaram ao pai dela, foi a de que Serkan precisava trabalhar, e então Alexander, após muito a filha insistir, bem aceitou a viagem, que é claro, foi totalmente bancada por Serkan.
Aqueles dias com sua família, com seus tios e primos, que ela pouco tinha contato por morarem fora da cidade, foi o suficiente para renovar sua energia. Passar mais do que algumas horas por dia com seu pai também foi ótimo. Os dois com certeza aproveitaram o fato de que estavam juntos 24h por dia, tanto, que em um certo dia, eles simplesmente se deitaram no jardim da casa que haviam alugado, e quando deram por si, haviam dormido a noite toda lá.
Voltaram para Londres em um final de tarde de domingo, Eda, que havia ficado com um dos carros de Serkan, deixou seu pai em casa, e após se despedir dele, foi para a sua atual casa.
Ela chegou cansada, mas de energia renovada. Estava imaginando o longo banho de banheira que se daria de presente para terminar o domingo, e provavelmente após isso, iria para a cama mais cedo do que o normal, mas quando ela pisou o pé no apartamento, a conversa alta da sala de TV chamou sua atenção. Ela largou a mala na entrada, e foi até a sala, encontrando Serkan e Nina, ambos com roupas bem confortáveis, com um balde de pipoca, outro de MM's, e dois copos de refrigerante a sua frente.
- Oi. - Ela disse de cenho franzido, porém sorria. Foi impossível não reparar na postura leve de Serkan, que sequer tinha seu cabelo milimetricamente penteado, como sempre. - Pelo visto, vocês ficaram ótimos sem mim. - Comentou, se abaixando para pegar pipoca do pote de Nina.
- Oi. - Nina sorriu, e fez sinal para que ela se sentasse. - Estamos vendo Donnie Darko, e não chegamos a nenhuma conclusão quanto as loucuras desse filme, quer nos ajudar?
- Esse é um filme pra se ver chapado Nina. - Comentou se sentando ao lado dela, e Serkan estava na outra ponta do sofá, a encarou surpreso. - Oi você. - Ela disse com a boca cheia, quase como se finalmente percebesse ele ali.
- Como foi a viagem?
- Renovadora. - Disse. - O que vocês não entenderam do filme? Ele criou uma linha paralela, é explicado na parte da minhoca.
- Não criou não, ele só viajou no tempo. - Serkan rebateu.
- Não, ele criou uma linha paralela, o coelho é a prova disso. - Eda disse com segurança.
- O coelho é do futuro, e depois ele volta para o passado.
- Como o coelho pode ser do futuro, se ele morre? O coelho pertence a outra linha, e está ali justamente pra que ele não morra na nova linha do tempo que o Donnie vai criar. É lógico isso.
- Não discutam crianças. - Nina comentou. - Como assim esse é um filme pra se ver chapado?
- Depois que você entende ele, tem que assistir chapado, se não, perde toda a graça. - Disse convicta.
- Certo, vamos fazer isso qualquer hora. - Nina comentou.
Eles ainda ficaram mais algum tempo ali discutindo sobre o filme e se enchendo de pipoca, mas Eda estava tão cansada que logo acabou apagando, e, na mais mínima intenção de acorda-la, Serkan apenas a ajeitou, a cobriu, e ele é Nina saíram dali a passos silenciosos para que ela descansasse.
Assim que Eda se desfez de sua mala no dia seguinte, e não pretendendo voltar a E.E, ela citou Sanem no hospital, e ambas foram até Mark.
- Hey there. - Ela disse da porta, Sanem estava ao lado dela, ambas encaravam um Mark concentrado em seu trabalho.
- Oi vocês. - Ele disse se levantando. - Como foi a viagem de ambas?
- Perfeita, maravilhosa, incrível. - Sanem respondeu empolgada, e então, ela e Mark se viraram para Eda.
- A primeira até que foi boa, a segunda foi relaxante. - Comentou por cima.
- Ela não é uma mulher de muitas palavras. - Mark comentou debochado.
- É, não sou, será que podemos almoçar, eu realmente estou morrendo de fome. - Eda pediu, e os três saíram.
Só que é uma coisa engraçada sobre o destino, ele gosta de te pregar peças. Assim que os tês pisaram o pé no restaurante, Eda viu Serkan sentado em uma mesa, com mais alguns homens, que ela entendeu que eram outros executivos.
- Mas que merda. - Sussurrou, e Sanem, seguindo seu olhar entendeu. Não demorou nem meio segundo para que Serkan os percebesse ali também, e fosse até eles.
- Boa trade? - Ele meio disse, meio perguntou, olhando das duas para Mark. - Mark. - Ele estendeu a mão.
- Oi Serkan.
- Nós vamos almoçar tudo bem? - Eda avisou.
- Certo... Posso falar com você? - Pediu, guiando-a até o bar. - O que está fazendo aqui com o médico?
- Ele é meu amigo, e... Espera, espera, eu não preciso te dar nenhuma explicação.
- Certo, Eda... Você vai ter que almoçar comigo.
- Você está louco né?
- As pessoas que estão me acompanhando, também já viram você, e seria bem estranho se a minha esposa almoçar no mesmo restaurante que eu, mas em outra mesa.
- Foda-se você, e foda-se eles. - Disse irritada.
- Eda. - Ele disse cansado.
- Serkan. - Já ela, disse bastante irritada. - Você realmente faz de tudo para que eu odeie você né.
- Minha intenção com certeza não é fazer você me amar Eda. - Disse também se irritando. - Vamos.
- Eu realmente odeio você Serkan Bolat.
- O sentimento é mútuo Eda Bolat. - E ela revirou os olhos, e ia saindo. - Onde vai? - Perguntou segurando o braço dela, mas o olhar fulminante que ela lhe deu, fez com que ele a soltasse no mesmo segundo.
- Vou avisar aos dois que não posso almoçar com eles. - Disse irritada, indo até eles. - Vou ter que almoçar com o Serkan gente.
- Como assim? Porque? - Sanem perguntou.
- Porque nós tivemos o azar de cair no mesmo buraco que esse imbecil pra almoçar, e agora, tenho que almoçar com ele. - Disse, e mesmo irritada com a situação, Sanem não pode evitar rir.
- Sinto muito por isso Eda. - Mark disse, e ela pegou sua mão em agradecimento, ato de total inconsciência, mas que não passou despercebido por Serkan.
Eda foi, se sentou ao lado do marido, e interpretou um papel que, embora odiasse, já estava infelizmente se acostumando a interpretar.
Sanem e Mark se sentaram em uma mesa um pouco mais afastada deles, e quando saíram, Eda ainda estava lá, presa naquele almoço insuportável.
- Vai voltar a empresa? Vem, eu te dou uma carona. - Disse, abrindo a porta do carro para ela quando os dois saíram do restaurante.
- Não. - Disse passando por ele, e seguindo o caminho na calçada.
- Neden?
- Ne neden Serkan? - Voltou dois passos irritada, e com a voz alterada.
- Porque não vai voltar para o escritório?
- Porque você já estragou meu almoço, eu gostaria que não estragasse o resto do meu dia. - Respondeu, virando as costas novamente para ele. - Adeus Serkan Bolat. - Disse saindo.
- Adeus Eda Bolat. - Sussurrou, vendo ela ir embora.
É claro que ele não gostava de fazer isso, de tira-la de um almoço com os amigos, de faze-la ficar em uma mesa cheia de homens pretenciosos, conversando sobre assuntos que as vezes até ele mesmo não suportava, mas... Era necessário. Era novo para ele se importar com qualquer um que não fosse ele mesmo, e ele não gostou do que sentiu vendo ela ir embora, completamente puta com ele, na verdade, ele não soube lidar com aquilo, por isso, era mas fácil ignorar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vas a Quedarte
FanfictionSentimentos não são fáceis de mudar. As barreiras criadas por uma pessoa, que havia chego no auge de sua dor, são quase impossíveis de se quebrar... Quase. Serkan Bolat era o dono dessas barreiras. Ele vestia diariamente uma armadura, que nem seus...