Nesse mesmo lado da cidade, onde a Empire e o escritório de Christian ficavam, onde tudo acontecia, o ar gelado de Londres não impedia que Eleanor Henstridge saísse de manga curta e um shorts jeans. Uma bota preta e um rabo de cavalo um tanto desajeitado acompanhavam esse look, e ao julgar tal aparência, Jasper Frost, que a observava de longe, podia jurar que ela não havia tido uma noite de sono tranquila, ele também podia jurar que o copo que vinha em sua mão, independente da bebida que estava ali dentro, vinha acompanhada de álcool. Essa, é uma outra história que vocês ainda precisam conhecer.
Len bem parou em um pub algumas quadras de seu prédio, fez seu pedido, e algo em seu celular ocupou sua atenção enquanto esperava por ele. Jasper bem tentou se aproximar, inclusive ia dando dois passos até ela, porém o barulho do celular dela tocando, o fez voltar até sua mesa.
- Oi Serkan. - Atendeu cansada. - Não, não estou com a Nina, faz alguns dias que não vejo ela. - Respondeu, e sua voz parecia preocupada. - Ok, eu te aviso qualquer coisa. - E desligou seu celular, se levantando em seguida. - Com licença. - Ela tirou um bolo de dinheiro da carteira, e jogou no caixa. - Pode ficar com o meu pedido, e com o troco. - E saiu dali.
...
À noite de sábado chegou, e Serkan recebeu alguns amigos, apenas os íntimos, Eda, e seu pai, em seu apartamento.
– Não vi a Nina aqui, ela está bem? – Can perguntou, sabendo dos problemas que o amigo passava com a irmã desde... Bom, a vários anos.
– Está viajando Can. - Respondeu vazio, e Can sabia que essas viagens de Nina nunca eram exatamente uma viagem, ela apenas sumia, e ninguém era capaz de encontra-la, até que ela decidisse voltar.
– Ela vem para seu casamento? Da última vez foram dois meses...
– E da última vez ela não atendia o celular, dessa vez também não está sendo muito diferente. - Nikolina Kamenova Dobrev, ou só Nina, como ela exigia que todos a chamassem, era a meia irmã, 5 anos mais nova, de Serkan. Seu pai, para a felicidade da nação, havia falecido a 3 anos. Nina e Serkan mal conviveram juntos até que ele fez 18 anos, e terminou o colegial, podendo enfim retornar a Londres. Antes disso, os dois se viam raríssimas vezes durante o ano, mas ainda assim, apesar dos muitos anos longe um do outro, a relação que ambos fizeram questão de construir quando se reencontraram, perdurou em ótimo estado até que 2 acontecimentos surgiram em seus caminhos. A morte de Madison, noiva de Serkan, a 6 anos atrás, seguida da morte de Paul, namorado, sem o consentimento do pai dela, de Nina. A partir dai, o Serkan que Nina conhecia se tornou o que é hoje, o Homem de Aço, e a Nina que Serkan conhecia, a Nina que fazia faculdade, a Nina que tinha sonhos, que sempre fora responsável, se perdeu em sua dor, e simplesmente trocou o dia pela noite, trocou os amigos, e trocou a faculdade por festas, álcool e drogas. E os dois, que sempre tiveram uma irmandade fiel e confidente, se perderam e nunca mais se encontraram. Eles moravam juntos, Serkan entendeu, após a morte do pai de Nina, que deixa-la sozinha, seria assinar a sentença para que algo de muito ruim acontecesse com a irmã, por isso, ele pegou tal responsabilidade para si, mas ainda assim, a relação de ambos não voltara a ser a mesma, e nos dias atuais, era rara uma conversa saudável entre eles. - Bom, vamos acabar logo com isso. – Disse se levantando, e se direcionando a Eda, que conversava com o pai, em um canto da sala. – Amor, pode vir aqui? - Chamou, oferecendo a mão, e ela, com sua taça de champanhe, foi até ele. - Está pronta para o show? - Perguntou, afastando uma mecha do rosto dela, e dando um beijo quente em seguida.
- Circo de horrores você quer dizer né? - Perguntou, retribuindo o beijo com um sorriso. Ela usava um vestido amarelo claro, sem sombra de duvidas mais simples do que os vestidos que Selin, e as esposas dos amigos que acompanhavam Serkan aquela noite usavam, mas isso sequer a importava. Ela não era da alta sociedade, e na verdade, estava muito feliz com isso. Já Serkan, usava um terno azul marinho, e os cabelos perfeitamente penteados, parecendo o dono do mundo como Eda costumava pensar.
- Peço a atenção de todos por favor. - Ele falou, e todos ali se viraram para ele. - Bom, algumas notícias não muito boas sobre mim circularam durante as últimas semanas, mas eu acho que o dia de hoje, prova, bom, apenas para os que nos interessam dar uma explicação, que tudo não passou de um grande mal entendido. - Disse, se direcionando para Eda. - E hoje, cercados de pessoas que só querem o nosso bem, eu gostaria de pedir, formalmente dessa vez, e para o seu pai Eda. - Se direcionou então para Alexander. - A mão da sua filha em casamento. - Disse. - Eu nunca conheci ninguém tão... Pura, e sensível como ela. Ela vê o mundo de uma maneira única, e eu vou passar todos os dias da minha vida tentando ver o mundo dessa maneira. - Disse, e internamente, Eda estava revirando seus olhos. - Eu a amo, e prometo fazê-la muito feliz. - Eda se incomodou com a maneira sínica da qual ele conseguia se referia ao amor.
– Minha filha é o mais importante para mim, e se ela está feliz com você, claro que eu concedo a mão dela.
– Eda? – Perguntou com um sorriso sarcástico no rosto.
– Eu aceito. – Ele então colocou uma aliança com um solitário em seu anelar direito, e deu um selinho cuidadoso nela em seguida. Ela bem queria sentir algo diferente do que havia sentido, queria sentir nojo, porém era inevitável, o contato da pele de ambos a causavam um frio gostoso na espinha. Ah, mas isso não anulava o ódio que ela sentia por ele, não se preocupem.
- A propósito. - Disse no ouvido dela, ambos estavam abraçados. - Bela tatuagem. - Elogiou a estrela que ela tinha na mão, e que ele só havia percebido agora.
O jantar foi servido, e após isso a conversa continuou, Serkan fazia questão de enturmar Alexander, e apresenta-lo ao seu sócio, e demais companheiros da empresa, enquanto Eda estava no meio de algumas mulheres, alheia a conversa delas, apenas observando seu pai ali, animado com tudo o que lhe estava sendo apresentado.
- Então Eda, e semana que vem, temos que te levar ao lado comercial da Oxford Street, vou me certificar de que haja algum fotógrafo lá e... - Selin comentava, e Eda, podia jurar pelo seu tom de voz, e pela maneira com a qual ela olhava para Serkan, que ela estava ciente de que aquele casamento era apenas fachada.
Passou-se uma bem meia hora quando o elevador apitou, e uma morena usando sapatos um tanto altos de mais saiu dele, cambaleando, aparentemente bêbada.
– Uma festa e eu não fui convidada maninho? – Nina perguntou, e cambaleou até onde Serkan estava, que a amparou assim que ela chegou nele.
– Nina, onde você estava, porque não deu notícias? – Perguntou preocupado.
– Eu nunca dou, e você não respondeu minha pergunta. - Serkan tencionou a mandíbula encarando seus convidados, e então respondeu a irmã.
– É o meu noivado Nina, saberia se estivesse aqui. – Respondeu ainda amparando a irmã. Uma risada fina tomou conta da casa, e então Nina se pronunciou sobre o assunto.
– Certo, certo, quem é a felizarda? – Perguntou ainda rindo, e Eda se levantou, e resolveu se apresentar.
– Muito prazer, você deve ser Nina, sou Eda Yildiz, a noiva de seu irmão. – Se apresentou olhando o estado da menina. Ela sabia muito por cima que Nina havia perdido um namorado a alguns anos, e talvez por isso, por ela, Eda conseguia sentir alguma coisa, mesmo que fosse pena.
– Muito prazer. – Respondeu se virando brevemente para Eda, e a avaliando rapidamente, porém de nada adiantou, sequer durou, Nina tropeçou, e caiu completamente bêbada no braço de Serkan, que carregou a irmã para o quarto, voltando alguns minutos depois.
– Desculpem por isso, eu... Bom, eu acredito que isso tenha cortado o clima de festa, me perdoem, Alexander perdão. – Se desculpou, e sua expressão agora era outra. Eda havia percebido isso, percebeu que, desde que Nina chegará, a expressão de Serkan mudou, se antes era séria, agora ele tinha uma expressão preocupada e cansada.
– Tudo bem, já está ficando tarde, vamos Eda. Cuide de sua irmã, tempo para conversarmos é o que vai nos sobrar. Obrigado por tudo, e bem vindo a nossa família. - Alexander comentou, e Serkan assentiu com a cabeça. O que Eda sabia sobre a irmã, era o mesmo que Alexander sabia, e o mesmo que Serkan havia se limitado a contar.
– Até mais amor. - Ele bem parou uma Eda no meio do caminho, e deu outro selinho nela.
- Até mais. - Respondeu atordoada.
- Nos avise qualquer coisa Serkan. - Christian e Can passavam por ele, e o primeiro lhe deixou tal recado, ele apenas assentiu sério.
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Vas a Quedarte
FanfictionSentimentos não são fáceis de mudar. As barreiras criadas por uma pessoa, que havia chego no auge de sua dor, são quase impossíveis de se quebrar... Quase. Serkan Bolat era o dono dessas barreiras. Ele vestia diariamente uma armadura, que nem seus...