"Tienes que encontrar tu sueño lejos de mi vida"
Quando Serkan acordou na manhã seguinte, Eda ainda estava enrolada no lençol, e nele.
É claro que ele estava confuso, a 2 dias atrás, estava conversando com sua psicóloga, sobre não poder amar Eda, e agora estava ali, na cama com ela. Mas acima disso, ele estava com medo, de que talvez, mais uma vez, sua confusão fosse magoar Eda, e isso era algo que havia chego a um ponto que ele não poderia mais suportar.
Foi pensando nisso, que ele se levantou com o maior cuidado, e saiu, precisava pensar.
No fim, era exatamente o que a Dra. Hastings tinha dito, ele sentia o ar de seus pulmões quando estava perto dela, e sentia a falta desse mesmo ar, quando estava longe dela, então... Porque era tão difícil de aceitar para si mesmo aquilo?
- Bom dia. - Eda desceu as escadas, vestida com uma camiseta dele, que estava na sala principal, com uma caneca de café na mão, ele literalmente olhava o nada quando ela chegou até ele.
- Oi. - Disse encarando-a. - Estava esperando você para tomarmos café. - Ele não poderia magoa-la, não dessa vez.
- Obrigada, estava mesmo morrendo de fome. - Disse, e ambos foram até a mesa. - Olha, obrigada por ter me contado sobre o Logan, por ter se aberto dessa maneira comigo, eu sempre acreditei que você tinha um coração ai dentro, e confirmei isso ontem. - Disse assim que os dois se sentaram. Serkan não soube explicar, mas sentiu um misto de emoções quando ela lhe disse isso.
A visão que ele tinha até então, era de uma Eda, que lhe dizia clara e abertamente, que Serkan não tinha sentimentos, então, agora, ela lhe dizia completamente o contrario, isso sim era interessante.
- Eu... Obrigada Eda. - Disse o mais sincero que conseguiu.
- Disponha. - Disse tranquila, se servindo de café, e de algumas frutas.
- Me desculpe se meus sentimentos magoaram você no processo Eda, de verdade, me desculpe. - Disse de repente.
- A que vem isso agora?
- Bom, depois da noite passada, eu decidi que não queria estragar mais as coisas com você. - Disse. - Preciso começar pedindo desculpas então. - E ela o encarava surpresa. - Mesmo que não continuemos juntos, e que nada disso se repita novamente, você já é parte da minha vida, da vida dos meus amigos, da vida da minha irmã, da E.E, e eu quero que um dia seja parte da vida do meu filho também... Então, de verdade, queria poder ter a chance de tentar consertar um pouco de todo o mal que eu te fiz. - Terminou.
- Eu... - Ela realmente não sabia bem o que dizer, mas então, uma parte do que ele havia dito, lhe correu a mente. - Você já tomou uma decisão sobre o que aconteceu noite passada né?
- Sim.
- Eu aceito suas desculpas, aceito esse recomeço, e... Vou embora. - Disse se levantando.
- Você não precisa...
- Sim, eu preciso. - Disse indo até ele, e dando um beijo em seu rosto. - Mas não se preocupe, está tudo bem. - Disse, e bem ia saindo, mas voltou 2 passos. - Sabe, eu vi mais humanidade em você em 5 minutos de conversa, do que talvez eu tenha visto em 1 ano de casados. Se você tivesse me dito isso, ou algo parecido com isso, quando quis que eu fosse embora, talvez eu tivesse ido, e não tivesse me machucado no processo. - Disse, e só então, sumiu pela sala.
...
- E ai, conseguiu uma resposta para a sua pergunta? - A Dra. Hastings perguntava a Serkan.
- Na verdade não, por isso eu a deixei... Mais uma vez.
- Porque está com medo de machuca-la?
- Mais do que eu já tive que machucar. - Esclareceu.
- Certo, então... Vamos mudar o foco aqui hoje. - Disse, e ele assentiu. - Me conte mais sobre a sua relação com a sua irmã...
- Certo, eu não tive muito contato com ela quando criança, depois que minha mãe morreu, nós fomos separados, e eu não a via nas férias, o pai dela não permitia. Comecei a ter mais contato com ela, já na adolescência, e nós, até que construímos uma boa relação, mas...
- Você a ama? - Perguntou direta. - Um amor genuíno, não só porque ela é sua irmã. - Disse.
- É claro que sim.
- Mas também tem medo de perde-la. - A Dra. concluiu, sequer esperando que ele dissesse isso. - Quando a relação de vocês começou a se abalar?
- Quando eu perdi a Madison. - E ai estava sua resposta.
- Antes disso, antes de você perder a Madison, todas as suas relações eram... Saudáveis por assim dizer? - E Serkan parou pensando nisso por um tempo.
- Eu sei que eu nunca fui uma pessoa fácil, mas sim, elas eram... Melhores.
- O que mudou, quando você a perdeu, com relação a sua irmã?
- Eu me fechei para o mundo, eu fechei meus sentimentos, e eu descobri a pouco tempo, que ela me culpava por... De certa forma não ter ajudado ela quando o Paul estava preso.
- Ela te culpa por isso?
- Acho que não mais, mas ela me culpou por um tempo.
- E como você se sentiu sobre isso quando descobriu? Como se sente agora?
- Me senti insuficiente, senti que a única função que eu tinha naquele momento, era cuidar da minha irmã, e eu não consegui fazer isso bem. - Disse. - Eu entendo que eu tinha acabado de perder a Madison, e não tinha a mais mínima reação pra tudo o que acontecia ao meu redor, mas... Era minha obrigação, como seu irmão mais velho, e eu não a ajudei.
- Quando as coisas mudaram?
- Quando Paul morreu, e eu entendi que se não cuidasse da Nina, ela ia ser a próxima a morrer também... - Disse.
- E como foi a relação de vocês até aqui?
- Difícil, as coisas só começaram a melhorar quando... - Então ele parou no meio da frase. - Só começaram a melhorar quando Eda chegou.
- E mais uma vez, voltamos para a Eda. - E Serkan deu uma risada abafada antes de continuar a falar.
- Sempre vamos voltar a ela, ela consertou a minha vida. - Disse tranquilo já. - Me fez ter uma relação saudável com a minha irmã, antes é claro, de mais uma vez, eu estragar com tudo, me fez mudar minha postura com meus amigos, antes eu achava que eles tinham que lidar comigo, apenas porque sim, hoje, eu me esforço para não ser um insuportável na maior parte do tempo. - Ele mesmo reconhecia tudo o que Eda havia feito com ele, e ele também se sentia orgulhoso de si mesmo, por ter conseguido mudar um pouco seu jeito impossível de ser.
- Ela também fez você fazer algo por alguém que não fosse você pela primeira vez em anos... - A Dra. pontuou.
- Eu ainda não consegui ver isso... - Serkan deu de ombros, era realmente difícil para ele reconhecer seus esforços.
- Porque você a deixou livre?
- Para que eu não a magoasse.
- Você queria deixa-la?
- Não, eu estava feliz com ela.
- Ai está sua resposta, você passou por cima inclusive da sua felicidade, simplesmente para que ela tivesse a chance de ser feliz. - Disse. - Você não pensou em você por 1 minuto sequer, não se importou com seus sentimentos, apenas com os dela, ai está uma grande prova do que você é capaz de fazer Serkan, mesmo quando não consegue enxergar isso, e mesmo quando faz da maneira equivocada. - Disse. - Você só precisa entender como fazer isso sem magoar as pessoas ao seu redor.
E foi com aquela reflexão que a consulta terminou.
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Vas a Quedarte
FanficSentimentos não são fáceis de mudar. As barreiras criadas por uma pessoa, que havia chego no auge de sua dor, são quase impossíveis de se quebrar... Quase. Serkan Bolat era o dono dessas barreiras. Ele vestia diariamente uma armadura, que nem seus...