Boa leitura, xoxo
A R I A
Eu queria ter um tempo para sofrer.
Ter um tempo para sentar e chorar, ou então pôr tudo para fora com alguém, mas eu não tinha.
A corrida tinha sido remarcada para mais para frente, Desmond sem saber o porque de que eles iriam querer isso e tentando descobrir, enquanto Louis não fazia ou falava nada. Ele não falou com a gente, com o pai de Harry, com o próprio Harry ou com os meus. Nada. Nenhuma palavra vinha do outro lado, enquanto a bomba relógio ficava fazendo tic tac no meu ouvido, indicando que a qualquer momento iria explodir.
Eu só... Não tinha tempo.
Eu estava tão sobrecarregada e ao mesmo tempo sem fazer nada, que não me sobrava momento no dia para fazer qualquer outra coisa além de ficar preocupada e esperando que Louis batesse ou mandassem alguém na porta para falar com a minha família.
Desmond tinha sugerido que avisássemos para ele que não iríamos correr, mas com a corrida sem data definida e Louis tendo cortado qualquer contato conosco, inclusive, começado a dividir a cidade, não conseguíamos falar com ele ou tentar explicar a situação, só restava esperar para ver qual seria a sua decisão e reação sobre tudo.
Eu me sentia egoísta. Me sentia, e muito. Porque eu não conseguia colocar o término como prioridade na minha ordem de angústias. Eu estava tão triste por isso, mas ao mesmo tempo tão preocupada, que eu não conseguia sofrer mais por isso do quando, por exemplo, algum carro estacionava do lado de fora. Era como se eu estivesse sob sentença de morte, esperando o carrasco vir me levar.
Liam estava tão silencioso quanto, claramente tendo escolhido um lado e provavelmente também voltando para Londres, assim como Zayn, mesmo que eu não tivesse certeza que ele foi, já que não saí de casa.
Ficar em casa estava sendo um martírio também. Não porque eu sentia falta de sair ou ir para as festas, não, isso sempre foi o de menos. A minha família, estava diferente. Ainda pior que antes. Antes eles me tratavam como uma pessoa normal, alguém deles, que eles amassem, agora era como se eu fosse uma aberração. Algo tocada, imperfeito, maculado e eu nem tinha feito nada! Se eu tivesse feito, eu poderia dar um pingo de razão para eles, mas nem isso.
Não adiantou muito meus ataques de ansiedade me fazerem vomitar um dia desses, quando o correio tinha batido na porta. O olhar da minha vó para mim era como se o próprio demônio estivesse na casa, correndo solto e pondo fogo em tudo.
Eu não queria sair do quarto. Não queria encarar eles e ver o olhar de decepção nos seus rostos, quando eu não tinha culpa de nada, era apenas algo que eles levantaram na cabeça deles mesmos como real.
Um dia desses, minha mãe me trouxe comida na cama e isso foi a interação mais normal que ela teve comigo em dias. As vezes, eu achava que Nona tinha corrompido todos na casa e eu acreditava que a preocupação deles eram real e válida, só que eu também acho que eles deveriam me dar um pouco de confiança também.
- Eu ouvi dizer que o seu... namorado, saiu da cidade. - A palavra "namorado" sai quase engasgada da sua boca e eu rio, sem graça.
- Ele não é meu namorado, mãe. - Não mais, pelo menos.
- Bem, mas eu imagino que ele deva voltar... - Ela me entrega a tigela com alguma coisa dentro que eu não me incomodei em olhar e continuar. - Para... você sabe. - Eu suspiro alto quando ela olha na direção da minha barriga.
- Eu não estou gravida, mãe. - A menos que eu fosse a próxima Virgem Maria, não tinha nenhum bebê por aqui, muito obrigada.
- Querida, não dá para esconder isso para sempre. - Eu queria morrer. Só isso. Ficava me perguntando se pular da janela seria o suficiente ou ainda era uma altura muito baixa.
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High Speed - Zayn Malik
FanfictionBradford estava se tornando a capital das corridas de rua, depois de anos parada e sem nenhuma atração, a chegada dos irmãos Malik mudaram isso. As corridas foram crescendo e se tornando tão populares, que aos poucos, pessoas de toda a Inglaterra...