— Mas que raio?! — Atirou uma cópia da revista para cima da minha secretária. — Espero que tenhas uma boa explicação para me dar, Duarte Gama!
— Que lindo. Nem somos um casal, mas já discutimos como um — gozei com a situação, deixando-a ainda mais fula comigo. — Já é meio caminho andado.
— Não brinques comigo, Duarte! Em que merda é que tu me meteste?!
— Não é nada demais Lúcia. Amanhã já toda a gente se esqueceu disso. Não é assim tão importante. Eu e ela não somos assim tão importantes. Ninguém vai te atirar pedras quando te virem na rua.
— O quê?! — Aproximou-se de mim. — "Nada demais"? — Fez as aspas com os dedos. — Eu estou em todas as capas de revistas de fofocas contigo, porque acham que eu ando enrolada com um homem supostamente "comprometido"!
— E não andas? — Perguntei-lhe, erguendo uma sobrancelha.
— Não! Não ando! — Negou com a cabeça.
— Não foi isso que deste a entender quando tentaste beijar-me — levantei-me para ficarmos frente a frente.
— Eu queria beijar o Duarte Gama, aquele que eu pensava que conhecia. Não o futuro marido de uma Diana qualquer — afastou-se de mim. — Ainda por cima, comprometido a uma mulher influente... — desviou o olhar. Voltou a focar-se na verdadeira questão. — Eu não posso simplesmente andar com um homem que já tem casamento marcado. Longe de mim, mesmo longe de mim — ergueu as mãos, como se fosse esse gesto a afastá-la daquela realidade.
— O meu casamento não está marcado. Estou a fazer de tudo para que isso não aconteça. Foi por isso que ontem fiz o que fiz contigo. Com esta polémica o casamento vai ter de ser ainda mais adiado. Mas há coisas que ficam muito aquém, até mesmo de mim. — Aproximei-me mais dela. — O que precisas e queres saber, porque lá no fundo eu sei que queres saber, — ela revirou os olhos com a minha afirmação — é que eu não quero casar-me com a Diana. E isso sim é o mais importante desta história toda.
Pus uma mecha do seu cabelo no devido lugar. A Lúcia não me respondeu de imediato, limitou-se a encarar a revista que ainda repousava no mesmo sítio para onde foi atirada.
— Acho que não é a mim que tens de dizer isso, Duarte — pronunciou-se enquanto que me retribuía o olhar desta vez.
— Mas ouvi-lo sabe-te muito bem, não é Lúcia? — Presenteei-a com um sorriso.
— De qualquer das maneiras,... — abanou a cabeça para afastar os pensamentos — ...eu só vim aqui para te dizer que eu não quero mais nada contigo. Podes esquecer. Quebraste a minha confiança e isso é um erro com o qual vais ter de viver a partir de agora — virou costas para sair do escritório.
— O que te faz pensar que és assim tão importante para mim ao ponto de precisar de te "esquecer"?
Virou-se para me encarar.
— Até porque, só nos conhecemos há algumas semanas. Contudo, algo me diz que estás mortinha para me ver a correr atrás de ti. Lamento desiludi-la, princesa, mas se eu nem sequer corro para apanhar um autocarro, porque é que eu haveria de correr atrás de uma mulher que está pronta e prestes a sair da minha vida por própria vontade?
Contornei a secretária e encostei as costas a ela, cruzando os braços. Por momentos, consegui presenciar a confusão na sua expressão facial, que logo retomou a sua postura defensiva.
— Eu não corro atrás de ninguém, eu não ando atrás de ninguém. Eu luto por aquilo que quero. E a verdade é que eu consigo sempre aquilo que tanto desejo. Mas se eu vir que não queres ficar, eu também sei deixar-te ir e a partir do momento em que tu te fores, espero que tenhas a certeza da decisão que tomaste. Eu não sou a tua casa para saíres e entrares quando queres e quando bem te apetece. Eu realmente espero que tenhas isso em mente quando saíres por aquela porta. Porém, acho que já sabes muito bem disso.
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...