— Conheço-te de ginjeira — sentou-se na beira da minha cama. — Quem é ele?
— Porquê este interrogatório todo?! — Posicionei-me à frente do espelho para observar-me enquanto me penteava. — Geralmente sou eu quem faz as perguntas! — Bocejei. — Já para não falar que estou a morrer, quero descansar! — Pousei a escova e atirei-me para cima da cama.
— Porque sou a tua irmã mais velha. E se não andasses pelo Porto a namorar, não estarias tão cansada! — A Leonor deitou-se do meu lado.
— Eu não namoro! Nem sequer sei do que estás a falar — virei-lhe a cara.
— Que mentirosa d'um raio! — Mandou-me com uma almofada na cara.
— Está bem, pronto! — Levantei-me para me livrar de outro ataque. — O nome dele é Félix.
— Hm... — endireitou-se. — Continua.
— Ele é girito e tem piada. Apenas isso.
Encarámo-nos durante uns cinco segundos até ser atingida várias vezes pela mesma almofada.
— Está bem, está bem! — Rendi-me. — Eu não desgosto dele. Há algo nele... — caminhei até à janela. — Ele sabe sempre como me fazer interessar por ele. Ou com as suas meias-palavras ou através do descaramento das suas ações. Não sei — encarei-a. — Eu nunca gostei de alguém. Porém eu estimo a companhia dele. Um pouco de mais.
— Mas ele gosta de ti?
— Não sei... Pelas coisas que ele me diz, ele está pelo menos interessado.
«— Pareces ser um livro aberto e eu quero ler-te.»
Definitivamente.
— Nunca vos vejo juntos no recinto. Tem algum motivo em especial?
— Nós só nos encontramos no final do dia, a pedido dele. — A Leonor arqueou a sobrancelha perante aquela explicação. Notava-se que esta intrigada. — E eu não levei a mal... — sentei-me. — Também prefiro não misturar muito as coisas.
— Hm... — desviou o olhar.
— O que foi?
— Não há a mínima possibilidade de ele te estar a usar, Vera? — Encarou-me.
— Usar? Como assim "usar"? — Questionei-a ingenuamente, tendo como resposta um inclinar de cabeça. — Oh, esse usar? Não! — Senti as minhas bochechas corarem. — Nós só somos mesmo amigos.
Ela inclinou-se para a frente como se fosse contar algum segredo.
— Se ele te fizer alguma coisa, o paizinho pode...
— Eu não quero saber o que é que o paizinho pode ou não pode fazer — interrompia de imediato.
— Certo — levantou-se. — Contudo, esse secretismo todo geralmente nunca leva a lado nenhum. E quando leva, não é a algo muito bom — abriu a porta para sair do quarto.
— Por favor, não reflitas a tua antiga relação na minha.
"Que raio é que acabaste de dizer? Estás parva?"
A loira voltou a fechar a porta e encarou-me.
— Desculpa? — Cruzou os braços e olhou-me incrédula.
"Agora não há como voltar atrás."
— Tu ouviste bem, mana. Se a tua relação com o Rui não resultou, a culpa não é minha. Nem todos são o Rui Gama, apesar de ainda achar que ele não fez nada de mal...
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...