— Ei, tu aí! Encantadora de máquinas!
Olhei para a direção de onde vinha aquela voz feminina que me era familiar.
— Sim, tu! Isso mesmo!
Analisei-a de longe. Parecia ser a rapariga da máquina.
— Vá lá, não me ignores! Preciso de ajuda outra vez!
Levantei-me do banco de pedra com os livros na mão e fui ter com ela até à máquina de comida.
— Creio que a máquina está a mandar-te comer algo mais saudável — disse-lhe ao reparar que mais uma vez o seu croissant com fiambre e queijo tinha ficado preso.
Dei dois murros na máquina e depois uns abanões. O croissant acabou por cair na caixa.
— Parece que sim, mas não lhe vou dar ouvidos — disse, reclamando o seu prémio. — Sou a Alice, — estendeu-me a mão para me cumprimentar — Alice Tróia.
— Sou a... — tentei apresentar-me.
— Eu sei quem tu és. Belmonte, certo? — Interrompeu-me.
— Bem, parece que toda a gente já sabe quem sou. Agora eu pareço não conhecer ninguém.
— Parece algo a se mudar — devolveu com um sorriso amigável.
Ela era linda. Olhos da cor do mel, cabelos loiros e compridos. O corpo dela era perfeitinho, parecia uma modelo. A julgar pelos livros que trazia no braço, parecia estar na faculdade de design.
— Design? — Procurei confirmar a minha teoria.
— De moda — completou. — Belas Artes?
— Música — completei. — Mas também tenho queda para o desenho.
— Teres queda, lá isso tens .
Era ele. Intrometeu-se na conversa ao passar por trás da Alice. Assim que ergui o olhar para o encarar, piscou-me o olho.
— Belmonte — cumprimentou, antes de se afastar por completo.
Não reagi. Limitei-me a observá-lo a seguir caminho.
— Não te babes — aconselhou Alice num murmúrio, puxando-me para terra firme.
— O quê? — Perguntei embaraçada com o comentário.
— Nada... — aproximou-se de mim de uma forma suspeita. — Mas posso ajudar-te com isso — piscou-me o olho.
— Conhece-lo?! — Perguntei. Era agora a minha oportunidade de desvendar o que se tinha passado no outro dia. Ela assentiu. — Quem é ele?
— Acho que é amigo de um amigo meu... Eles costumam andar juntos... — A loira focou o olhar na direção para onde o "desconhecido" seguiu. — Olha, lá estão eles ao fundo. O meu amigo é o moreno.
Prestei atenção no que tinha dito. Depois de uma pequena busca com o olhar, encontrei-o a falar com os amigos.
— Os pais dele e o meu pai vão fechar negócio — prosseguiu. — Conhecemo-nos aí. Damo-nos bem. Ai... — suspirou e voltou a mirá-lo — Ele é lindo e ainda por cima é rico...
— Não te babes! — Roubei-lhe as palavras.
— Se o conhecesses, talvez soubesses do que estou a falar.
— Ele faz-me lembrar o primo da minha irmã — contei.
— Então...? — Franziu a testa. — Um primo da tua irmã que não é teu?

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Desejo: Fazer-te ficar
Romansa[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...