— Eu não sei muito bem o que se passou, foi tão depressa e tão estranho... — contou, agarrada ao Paulo. — Eu fui ao carro para ir buscar a prenda da Ali. Um homem agarrou-me e encostou-me à parede. Perguntou-me onde estava uma mulher, se ela estava escondida ou se tinha vindo trabalhar. Perguntou-me se eu a vi ali perto, mostrou-me uma fotografia dela... Eu não a vi bem, estava muito escuro... parecia ter cabelo comprido, de um tom... castanho... talvez? Não sei, um castanho muito clarinho... Mas agora que penso, nem sei se era sequer algum tom acastanhado...
— Jéssica... — aproximei-me dela. — A mulher chamava-se Lúcia?
— Não... ele chamou-lhe outro nome qualquer — a morena respondeu-me. — Bel... "Bel" não sei quê...
— Belmonte? — A Cátia perguntou. — Mas esse apelido é d-...
— Da família da Leonor! — A Alice concluiu, de olhos arregalados. — Jéssica, tens a certeza que foi esse o nome que ele falou?
— Sim! Quer dizer, não. Não, não tenho a certeza.
— Malta, não nos vamos precipitar — a Helena interveio. — De certeza que existem outros nomes começados por "Bel". Não sejamos paranoicos.
— A Helena tem razão — Nicole apoiou-a. — Não é possível ela fazer parte da família da Leonor. Ainda mais com cabelos coloridos. A Leonor é loira.
— E a Mónica é ruiva — Sérgio argumentou.
— É, e porque andaria um homem desconhecido no meio da noite no Porto à procura de uma das Belmonte, sendo que nenhuma delas saiu de casa desde o incidente? — Nuno contrapôs.
— Bem... não é bem assim. — A Alice pronunciou-se. — No outro dia vi a Leonor aqui no Porto à noite. Estava com outra mulher, mas não a vi muito bem. Passei por elas de carro.
Deveras interessante, não achas?
— Talvez "Bel" seja mesmo o nome dela. Quem sabe?
— Mas para onde é que ele foi? — O Diogo perguntou referindo-se ao atacante.
— Eu não sei. Eu dei-lhe um pontapé no meio das pernas e ele afastou-se. Ele ia para contra-atacar, mas acho que se arrependeu. Quando abri os olhos, ele tinha sumido. Parecia que estava fora de si...
— Jéssica, concentra-te — pedi-lhe. — Como é que ele era?
— Era alto, forte... O cabelo era escuro, olhos claros. E tinha um braço todo tatuado... o braço direito, uma tatuagem sem cor, toda preta.
Distanciei-me deles para pensar melhor. O Diogo apercebeu-se do que se estava a passar e veio ter comigo enquanto os outros continuavam a discutir sobre a situação. Peguei no meu telemóvel e liguei para Lúcia. A chamada foi parar ao atendente.
— Merda! — Reclamei.
Subi apressado até ao escritório alertando o resto do pessoal, mas apenas o Diogo seguiu-me. Dirigi-me à gaveta onde guardávamos os ficheiros daqueles e daquelas que empregávamos.
— Achas que...? — Diogo começou.
— É ele — olhei-o e mostrei-lhe o ficheiro da Lúcia. — Lúcia Belgrado Matoso. Ele estava à procura da Belgrado, cabelos ruivos e compridos. Ele viu-a a trabalhar aqui e por isso veio aqui buscá-la. Não a deve ter encontrado no hotel e daí ter perguntado se ela estava escondida. Tenho a certeza absoluta que é ele! E pensar que me cruzei inúmeras vezes com o gajo... — Dei um murro leve na secretária em que estava encostado. — Devia ter desconfiado logo! Tudo bate certo!
— Duarte, não te culpes. — Pousou uma mão no meu ombro. — Tu não fazias ideia de que era ele.
— Eu deixei-o entrar aqui, para apreciar a Lúcia e estragar-lhe a vida. Como é que tu não queres que eu me culpe?
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...