— Pois sim, Mafalda. Está bem — levantei-me. — Tu deves estar é bêbeda.
— Duarte! — A Diana repreendeu-me e ajudou a Mafalda a sentar-se encostada à parede.
— Ah, sim! Vem tu dar-me lições de moral! — Aproximei-me delas. A Diana levantou-se. — Qual é o teu plano, hã? Diz-me lá? E porquê envolver a Mafalda?
A loira riu-se.
— Lamento muito meu querido, mas isto tudo é obra tua.
Olhei para as duas. Aquilo não estava a acontecer.
— Não. É impossível. Nós usámos sempre preservativo e eu vi-te a tomar a pílula. E na última vez nem sequer estavas no teu período fértil. Desculpa, mas não acredito — cruzei os braços.
— Na mala... — disse a morena com a voz arrastada. — Vai à minha mala — apontou para um canto.
Não me mexi. A Diana foi lá buscá-la e vasculhou-a à nossa frente. Retirou de lá uns papéis dobrados.
— Pois... — deu-mos para a mão depois de lê-los. — Parece-me que estás com azar.
Li aquilo cautelosamente. O tempo batia certo. Um mês e pouco.
— Sim. Até porque de certeza que não foste para a cama com mais ninguém — ironizei antes de me agachar. Agarrei no seu queixo e obriguei a Mafalda a encarar-me. — Eu sei que não é meu. Tive todos os cuidados possíveis para não ser meu. Mente-me se fores capaz.
Ela manteve-se em silêncio durante uns segundos. Os olhos pareciam pesar-lhe.
— Lamento. Eu também não queria...
Larguei-a bruscamente antes de ela terminar o que ia dizer e deixei-as às duas, saindo pela porta das traseiras do Clube com rapidez. Segundos depois, ouvi a porta a abrir-se de novo.
— É assim?! Vais deixar a miúda assim?! — A voz aguda da loira fez-se ouvir.
— É suposto fazer o quê?! — Encarei-a e aproximei-me. — Aquele filho não é meu! — Apontei para a porta. — Posso ter ido para a cama com ela, mas não a engravidei. Tenho certeza absoluta disso!
— Bem... — a loira encolheu os ombros, sem esconder alguma satisfação perante aquilo. — Se te tivesses envolvido comigo à primeira, nada disto teria acontecido.
Ao olhar para a porta encostada, vi alguém a afastar-se da mesma. Limitei-me apenas a entrar de novo no Clube, antes que o meu registo criminal ganhasse vida. Tentei verificar quem é que nos estava a espiar, mas não reparei em ninguém suspeito. Antes de sair do estabelecimento, passei pela Verónica que estava a regressar ao bar e disse para ela ir lá a casa no dia seguinte, para jantarmos juntos.
Outro dia nasceu e decidi ficar por casa mais uma vez e ignorar a situação descabida do dia anterior. Não iria contar nada à Verónica porque a minha consciência estava descansada quanto à parentalidade daquele futuro bebé.
Pelas 19h30min, a Vera apareceu. Pus-me a preparar o jantar, enquanto ela estava sentada no sofá mais a cadela a ver qualquer coisa na televisão.
— Porque é que foste logo para o Empire? — Questionei-a acerca da manhã do dia anterior.
— Porque já passava um pouco da hora e ainda tinha de ir tomar banho, trocar de roupa... Tu sabes. Esse tipo de coisa — encolheu os ombros.
— Não, não sei — virei-me para ela. — Tu sabias muito bem que eu podia dar-te folga. Estás a esconder-me algo outra vez e eu não gosto disso — virei-me novamente para a frigideira.

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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...