XXIX

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Pois sim, Mafalda. Está bem — levantei-me. — Tu deves estar é bêbeda.

— Duarte! — A Diana repreendeu-me e ajudou a Mafalda a sentar-se encostada à parede.

— Ah, sim! Vem tu dar-me lições de moral! — Aproximei-me delas. A Diana levantou-se. — Qual é o teu plano, hã? Diz-me lá? E porquê envolver a Mafalda?

A loira riu-se.

— Lamento muito meu querido, mas isto tudo é obra tua.

Olhei para as duas. Aquilo não estava a acontecer.

— Não. É impossível. Nós usámos sempre preservativo e eu vi-te a tomar a pílula. E na última vez nem sequer estavas no teu período fértil. Desculpa, mas não acredito — cruzei os braços.

— Na mala... — disse a morena com a voz arrastada. — Vai à minha mala — apontou para um canto.

Não me mexi. A Diana foi lá buscá-la e vasculhou-a à nossa frente. Retirou de lá uns papéis dobrados.

— Pois... — deu-mos para a mão depois de lê-los. — Parece-me que estás com azar.

Li aquilo cautelosamente. O tempo batia certo. Um mês e pouco.

— Sim. Até porque de certeza que não foste para a cama com mais ninguém — ironizei antes de me agachar. Agarrei no seu queixo e obriguei a Mafalda a encarar-me. — Eu sei que não é meu. Tive todos os cuidados possíveis para não ser meu. Mente-me se fores capaz.

Ela manteve-se em silêncio durante uns segundos. Os olhos pareciam pesar-lhe.

— Lamento. Eu também não queria...

Larguei-a bruscamente antes de ela terminar o que ia dizer e deixei-as às duas, saindo pela porta das traseiras do Clube com rapidez. Segundos depois, ouvi a porta a abrir-se de novo.

— É assim?! Vais deixar a miúda assim?! — A voz aguda da loira fez-se ouvir.

— É suposto fazer o quê?! — Encarei-a e aproximei-me. — Aquele filho não é meu! — Apontei para a porta. — Posso ter ido para a cama com ela, mas não a engravidei. Tenho certeza absoluta disso!

— Bem... — a loira encolheu os ombros, sem esconder alguma satisfação perante aquilo. — Se te tivesses envolvido comigo à primeira, nada disto teria acontecido.

Ao olhar para a porta encostada, vi alguém a afastar-se da mesma. Limitei-me apenas a entrar de novo no Clube, antes que o meu registo criminal ganhasse vida. Tentei verificar quem é que nos estava a espiar, mas não reparei em ninguém suspeito. Antes de sair do estabelecimento, passei pela Verónica que estava a regressar ao bar e disse para ela ir lá a casa no dia seguinte, para jantarmos juntos.

Outro dia nasceu e decidi ficar por casa mais uma vez e ignorar a situação descabida do dia anterior. Não iria contar nada à Verónica porque a minha consciência estava descansada quanto à parentalidade daquele futuro bebé.

Pelas 19h30min, a Vera apareceu. Pus-me a preparar o jantar, enquanto ela estava sentada no sofá mais a cadela a ver qualquer coisa na televisão.

— Porque é que foste logo para o Empire? — Questionei-a acerca da manhã do dia anterior.

— Porque já passava um pouco da hora e ainda tinha de ir tomar banho, trocar de roupa... Tu sabes. Esse tipo de coisa — encolheu os ombros.

— Não, não sei — virei-me para ela. — Tu sabias muito bem que eu podia dar-te folga. Estás a esconder-me algo outra vez e eu não gosto disso — virei-me novamente para a frigideira.

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora