XXV

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— Isso pergunto-te a ti. O que é que estás aqui a fazer, Leonor?

— Eu vim ver a Lúcia — cruzou os braços, meio atrapalhada.

— A sério? — Fui abrindo a porta, deixando-a sem reação. — E ela não te avisou que passou a noite comigo? — Entrei e ela ficou na porta muito admirada pela novidade.

— Ai sim? Então o que se anda a dizer por aí é verdade? — Aproximou-se de mim.

— Não — encarei-a. — Eu não ando "enrolado" com ela. Por enquanto — encolhi os ombros. — Não falta muito.

— Metes-me nojo, Duarte — olhou-me com uma expressão de repulsa.

— Ótimo! Passa bem, Leonor. E dá cumprimentos meus ao meu primo.

— Tu não aprendes, pois não? A Lúcia é uma mulher incrível. O seu único defeito foi ter-se apaixonado por ti.

— Porquê essa preocupação toda? Vês nela a tua irmã, Leonor? — Aproximei-me dela, que me encarava com uma expressão bastante azeda. — Mas ela não é a tua irmã, pois não?

— Passa bem, Duarte. — A loira olhou-me uma última vez antes de sair do apartamento.

Quem cala consente.

Fiquei a pensar no que tinha acontecido. Depois de uns minutos, fui buscar a mala e saí.

Quando ia para abrir a porta do meu apartamento, ouvi duas mulheres a discutir. Entrei.

A vida só podia estar a gozar comigo.

— Ele é o meu noivo!!

— Ele não te quer!!

— Mas que... Eu só saí durante 35 minutos — suspirei passando as mãos pela cara e fechando a porta do apartamento. — Diana, sai daqui, por favor — pedi calmamente.

— Não! — Virou-se para mim. — Eu não vou sair daqui assim! Tu não podes humilhar-me desta maneira! — A loira exaltou-se.

— Diana, tu humilhas-te a ti própria, não precisas de ajuda. Sai, por favor — pedi de novo.

— Vais proteger esta... — ela olhou para Lúcia — puta em vez de mim?!

— Olha lá?!! — A Lúcia quase que partia para cima dela se não fosse eu a meter-me no meio.

— Diana sai!

— Não! Eu não vou sair! Não vês que ela quer aproveitar-se de ti?! De nós?! Ela é uma cabra! — A Diana encarou a adversária.

— Diana! Para com isto! Para de armar confusão para cima de mim e das outras pessoas, para! — Implorei.

— Tu realmente fizeste-lhe a cabeça, não foi?

A Diana foi toda acelerada em direção da ruiva, mas foi bloqueada por uma bofetada da mesma.

— Não precisei de lhe fazer a cabeça para ele não gostar de ti, Diana. Tu própria fizeste isso! Não tenho culpa se ele se interessou por mim e nenhum de nós os dois tem culpa se sentes mais amor por uma pessoa que não te quer do que por ti própria! Portanto, se ainda tens o mínimo de amor por ti mesma, sai. Agora.

As duas mulheres encaravam-se com a raiva nítida no olhar. A Diana ainda tinha a face esquerda um pouco vermelha, mas não recuava a posição. Já a Lúcia parecia pronta para lhe dar outra. Antes que uma delas fizesse ou dissesse mais alguma coisa, intervim de novo.

— Diana, sai — pedi-lhe num tom cauteloso. — Não vale a pena.

A loira recuou. Pegou na sua mala caída ao pé da entrada, e saiu furiosa, fechando a porta com um estrondo. A ruiva voltou ao seu estado normal aos poucos.

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora