— Olá, Belmonte — ele cumprimentou-me, aproximando-se.
— Adeus, Belmonte — ela despediu-se, afastando-se.
Eram 18h30 e eu tinha acabado de sair de uma aula. A rotina tinha-se instalado há uns dias e a rotina ditava que, depois das aulas, deveria encontrar-me com a Alice na máquina de comida, ao pé do jardim. Mas claro, a Alice tinha outros planos. A Alice era espontânea, eu era tola, e ele era o rapaz contra quem me esbarrei no primeiro dia.
— Está tudo bem?
A sua doce voz invadiu a minha mente, interrompendo a praga que estava a lançar à minha nova amiga.
— Sim, sim! Está tudo bem! — Respondi atrapalhada.
Merda, odiava sentir as minhas bochechas queimarem daquela forma.
Uns momentos passaram e um silêncio constrangedor preparava-se para se instalar entre nós, quando ele tomou a iniciativa.
— Apesar de eu te achar uma miúda bastante... — olhou-me de cima a baixo à procura de um adjetivo que me descrevesse — atraente, tenho ideias melhores do que ficarmos aqui parados a olhar um para o outro.
— Tenho que concordar, decerto que há algo melhor do que olhar para ti o resto da tarde... — disse, vendo-o arquear uma sobrancelha e apercebendo-me da merda que tinha acabado de dizer. — Não que sejas feio! O que não és, de todo!... — Analisei-o ao mesmo tempo que me voava pelo céu que eram os seus olhos azuis. — És lindo, muito bom — espera, o que acabei de dizer? — Quer dizer!! Não desse jeito, claro! Eu não sou nenhuma tarada! — Abanei as mãos em forma de negação enquanto ria de nervoso. — Ai, madre mía... — murmurei para mim mesma, completamente derrotada.
Ele piscou os olhos duas vezes, como se duvidasse do que eu tinha realmente acabado de dizer e, assim que teve a certeza, riu-se. Acabei também por me rir da situação.
— Algo de especial, sem dúvida — murmurou ele desta vez.
Os seus olhos pareciam brilhar sempre que admiravam os meus.
— O quê?
— Já reparei que entre aulas e idas e vindas andas sempre a correr. Calculo que não tenhas muito tempo a perder.
E não tinha. Às 19h15min tinha de estar em casa. Só me restava fazer tempo para a minha irmã acabar os seus afazeres na escola e irmos para casa.
— E já faz algum tempo que te quero conhecer, — continuou — portanto... — deu uns passos em direção da saída e retornou a encarar-me — vamos?
— E onde tencionas levar-me? — Deixei-me estar no mesmo lugar à espera que a sua resposta me convencesse.
— Hm... — olhou para o céu. — Talvez ao Paraíso e um pouco mais além — voltou a direcionar-me o olhar e abriu um sorriso. — Não que eu seja um tarado.
"Parvo", pensei, "mas fofo".
Ele estendeu a mão para eu a alcançar. Quando lhe dei a minha, ele puxou-me e pousou o seu braço ao redor do meu pescoço, aproximando-nos. Fomos caminhando até sairmos do jardim.
— Espera lá! — Soltei-me do seu abraço. — Eu nem sequer sei o teu nome!
— O meu nome? — Apontou para si próprio. Eu assenti. — Bem... podes chamar-me Félix. E tu és a...
— Vera — interrompi-o. — Podes chamar-me Vera — continuei o caminho que estávamos a fazer, ultrapassando-o. — Mas creio que a minha amiga Alice já te tenha dito essa parte.
— Não toda — ouvi os seus passos acelerados atrás de mim. — E para que conste... — apareceu-me à frente, impedindo-me de prosseguir — fui eu que pedi à Alice para poder ficar contigo.
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...