[!] Neste capítulo será descrito um único momento erótico. Se não gosta, passe à frente.
Eram 3 da manhã quando acordei. Olhei para Verónica. Parecia tão serena e tão tranquila, que me fazia lembrar da doce Vera que ainda existia dentro daquele coração. Uma estranha e antiga sensação de paz percorreu o meu corpo e preencheu a minha alma. Algo em mim gritava de alegria por ter acordado e ter presenciado algo tão lindo como ela. Era algo que queria testemunhar para toda a minha vida. Pela primeira vez, tinha de admitir que sentir aquela sensação para sempre seria algo igualmente ou mais prazeroso do que sexo.
Ponderei por momentos em beijá-la ou então em dar-lhe pequenos mimos, mas não queria acordá-la. Na verdade, tinha medo de que, ao acordar, ela fosse embora. Isso também vinha a tornar-se estranho para mim - a urgência e necessidade de estar com ela. Não queria que me deixasse, pelo menos, não nesta noite e muito menos naquele momento. Queria que aquela calmaria se prolongasse mais um bocadinho. Levantei-me bem devagar para não a acordar, vesti os meus boxers e caminhei em direção à janela do quarto que oferecia uma vista linda da lua cheia.
Porquê? Porque é que ela me fazia sentir tão bem? Porque é que sentir o seu coração bater tão tranquilamente me fazia sentir uma paz enorme, como se estivesse outra vez em casa? Como se eu tivesse encontrado o meu rumo? O que havia nela que não havia nas outras? Porque é que por mais vezes que fosse para a cama com outras mulheres, com esta parecia sempre diferente e, ao mesmo tempo, a primeira vez? Algo tão explosivo, tão fogoso, tão mágico, tão único... Algo que nunca tinha experienciado em toda a minha vida e que só ela me podia dar a provar.
Talvez, só talvez, ela fosse mesmo a minha perdição. Outra vez. E só talvez, só desta vez, o Diogo era capaz de ter razão: ela sempre será a minha morte, a mulher por quem perco a cabeça.
— Volta para aqui.
A sua voz doce chegou-me aos ouvidos. Começava a gostar da ideia de me levantar todas noites só para ouvir aquelas palavras. Admirei-a. A Verónica encontrava-se na mesma posição em que a deixara quando saí da cama. Os lençóis brancos e finos de verão tapavam-na até à cintura, os seus braços tapavam grande parte do seu peito e os seus cabelos ruivos longos caiam-lhe sobre o corpo. Ela estava linda e aquele toque de sonolência só tornava a ideia de voltar para a cama ainda mais apetecível.
— A menina sente a minha falta? — Aproximei-me da cama.
— Não te dês por tanto, Duarte. Apenas tenho frio.
— Conheci-te no inverno e no entanto é a primeira vez que te ouço dizer isso, Verónica.
— Contigo na minha vida, como poderia eu ter frio?
O olhar - ele nunca mente. E aquele era o melhor olhar que eu alguma vez recebi. A madrugada é conhecida por trazer à tona a sinceridade das pessoas. Eu podia apenas aproveitar os benefícios desse facto e interrogá-la mais acerca do que sentia por mim, visto que ela estava num estado tão "puro". Contudo, fui interrompido mesmo antes de falar alguma coisa.
— Desculpa... — sorriu, ligeiramente corada. — A madrugada deixa-me carente e lamechas.
— Sim, Verónica. Vamos fingir que é só a madrugada.
— Cala-te e deixa-me dormir.
Ela virou-se de costas para mim. Eu voltei a deitar-me na cama e dei beijinhos no ombro dela. Vi que ela se arrepiou com o meu gesto, mas não era prazer que lhe queria dar. Era carinho. Pois ela não era só prazer, era isso e muito mais.
A noite parecia um delírio. Afinal, eu estava deitado com a Verónica Belmonte. Estava deitado com a pessoa que há um dia não estava assumidamente viva. Onze anos depois, eu estava finalmente deitado com aquela mulher.

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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...