XII

44 9 80
                                    

[!] Neste capítulo será tratado de forma explícita o desenrolar de um ataque de pânico. Se achar que será um gatilho, não leia, e se precisar de falar, estou disponível.

"— Vamos, deve estar por aqui! — Incentivou-me. — Nico!! — Chamou alto, enquanto vasculhava entre os arbustos. — Nico!!

— Quem é que dá o nome "Nico" a um coelho?! — Perguntei-lhe ainda indignado.

— A tua cadela chama-se Boneca! — A ruiva retorquiu. — Oh, aqui estás tu! — A rapariga pegou no coelhinho branco com toda a meiguice. — Oh, Félix, ele está a tremer! — Deu festinhas ao animal. — Estás com medo? Eu sei que ele é meio desengonçado, eu sei... — gozou literalmente com a minha cara.

— Belmonte dava um bom nome de circo — retribuí a indelicadeza.

— Estás a ficar fraco nestas coisas Félix. Agora, tira lá a foto antes que ele fuja outra vez! — Ordenou, aproximando o bicho branco do seu peito. Liguei a câmara e tirei a foto."

— Tivemos visitas? — Alice perguntou enquanto comia os cereais, despertando-me para a realidade.

— Sim, não era ninguém especial — respondi-lhe enquanto fazia o meu café.

— E a atuação? Foi boa? — Diogo perguntou-me enquanto lia o jornal.

— Sim, ela tem jeito. Foi uma boa decisão da parte dela escolher aquela área. E da nossa também — disse, sentando-me no banco com a cafeteira e a caneca na mão.

— Duarte... Eu queria pedir-te um favor... — Alice aproximou-se com uma voz meiga.

— Diz lá, anda — dei-lhe permissão, já sabendo o que vinha por aí.

— Podes emprestar-me o Clube daqui a duas noites? Por favor? — Fez uma carinha chorona.

— Não sei se devia. Álcool e mulheres não são uma boa junção. Especialmente quando se trata do vosso grupo de mulheres e o meu clube... — fingi-me receoso.

— Ooooh, por favooor. Eu juro que se tiver de limpar depois eu limpo, mas deixa. Vá lá! — Ajoelhou-se à minha frente para implorar pela minha permissão.

— Tu concordas com isto? — Questionei o Diogo, apontando para a Alice.

— Faz-lhe esse favor por mim. Já há um mês que anda com essa conversa!

Olhei para Alice que me olhava com aqueles olhinhos de gatinho triste, e voltei a olhar para Diogo.

— Está bem — revirei o olhar, rendendo-me num suspiro. — Eu empresto-te o Clube!

Ela atirou-se para o meu colo e espalhou beijinhos por toda a minha cara.

— Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada! — Abraçou-me. — És o melhor padrinho do mundo!

— Desde que eu me lembro, ele é meu padrinho! — Diogo cruzou os braços.

— Amor, o que é meu, é meu e o que é teu, é nosso — explicou ao sentar-se no seu lugar outra vez, fazendo-nos rir.

Acabámos de comer e saímos de casa todos ao mesmo tempo. O Diogo e a Alice foram para Aveiro. Eu fui para o Empire, uma vez que o Tiago estava de férias mais a Helena, a sua namorada. Ao chegar, cumprimentei as meninas e fui chamado discretamente pela Noélia.

— Sabes da Lúcia? — Perguntou-me preocupada num tom baixo para as outras não ouvirem.

— Não, porquê?

— Ela ainda não veio. A esta hora ela já devia ter chegado.

— Calma, ela pode ter adormecido. Acontece. Ela ontem fez a sua primeira noite, portanto deve ter-se descuidado com as horas.

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora