Procurei-a por todo o lado, desde os camarins do Clube até ao meu próprio escritório, furioso por haver a mínima possibilidade daquele fulano ter deitado as mãos à Lúcia. Dirigi-me ao bar e perguntei às meninas se a tinham visto.
— Creio que a vi perto da saída das traseiras — a Noélia respondeu-me enquanto limpava um copo.
— Como assim "perto da saída das traseiras"? — Desconfiei, franzindo a testa.
— Sim, ela estava acompanhada. Devem ter saído, pareciam conhecerem-se — explicou-se, pendurando o pano no ombro.
— Com este homem?! — Mostrei-lhe a fotografia que tinha dele de uma das câmaras de vigilância.
— Esse mesmo! Mas porquê? Passa-se alguma coisa?
Apesar de demonstrar preocupação pela situação, deixei-a sem resposta. Saí do bar imediatamente e avisei os outros para deixarem a situação comigo. Fui andando em estado de alerta para ver se os via. Já mais afastado do Clube, ouvi vozes vindas de um beco. Aproximei-me com cautela para não revelar a minha presença e dei uma espreitadela para ver de quem se tratava.
Eram eles.
Escondi-me na esquina e tentei ouvir o que falavam.
— Um bar noturno? Cheio de homens a babar para cima de ti? Só podes estar a gozar comigo! — Ralhou com ela, encostando-a à parede. — Eu protejo-te, cuido de ti, dou-te um lar e é isto que me fazes?!
— Fala baixo! Não te admito que me fales assim! — A ruiva aponta-lhe um dedo à cara.
— E eu não te admito que me faltes ao respeito desta maneira! — A Lúcia revirou os olhos perante a resposta do moreno, que logo afastou com brutidão aquela pequena mão. — O que é que te passou pela cabeça para saíres de casa?! Está tudo bem aí dentro?!
— Querias que fizesse o quê?! — Questionou-o com a mesma agressividade. — Que ficasse em casa contigo ou que fingisse que não se passou nada? — O homem virou a cara visivelmente impaciente. — E porque raio foste ter com a Leonor? Porque é que fizeste o aparato que fizeste ontem à noite? Tu tens noção de que tens uns seis homens à tua procura prontos para te reduzirem a pó?
— Fui atrás da Leonor porque já sabia que ela te estava a ajudar. E fui atrás daquela rapariga porque queria saber onde estavas. Eu bem fui ao hotel onde tens andado escondida, mas não te encontrei e ninguém sabia onde estavas. Com uma pequena pesquisa, descobri que trabalhavas aqui.
— Foi a Leonor, não foi? Foi ela que te disse que eu trabalhava aqui, não foi?
— Não é da tua conta. Tu lembras-te como nos conhecemos?! Em que situação de merda estavas? — Voltou ao sermão. — Claro que não, caso contrário não estavas em todas as capas de revistas com aquele gajo. Como é que tu me disseste que ele se chamava mesmo? — Abriu um sorriso cínico, fazendo a ruiva desviar o olhar. — Ah! Era Gama, não era? Afinal, voltaste para o Porto para quê? Para o comeres finalmente? É esse o teu plano de génio?
— Olha lá! — Lúcia direcionou-lhe um olhar visivelmente irritado. — Já te avisei para teres cuidado com a maneira como falas comigo! — Ela aproximou-se dele. — Ele é um bom meio para eu conseguir encontrar o Rogério... Espera lá, como é que tu sabes que o Duarte trabalha aqui?! Tu andaste a seguir-nos?!
— E?! E se eu te segui? Tens algo a esconder? Depois de tudo o que fiz por ti? Tu deves-me a tua vida!
— Não, eu não te escondo nada! Mas tu estás a levantar muitas suspeitas. E eu só estou a fazer isto porque fui obrigada a fazê-lo!
— Que azar, não é? — Ironizou de imediato num tom frio e indiferente. Aproximou-se dela até estarem a centímetros de distância. — Eu não te quero aqui nesta cidade, nem neste país e muito menos com ele. Não quero saber porque cá voltaste, se foi por nós ou para o comeres, estou farto desta palhaçada e das tuas merdas! Já chega de brincar ao rato e ao gato com essa gente que te pôs nesta situação. Isto não vale a tua pouca sanidade. Respeita a que ainda te resta.
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...