-VI

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— ¡Déjala allí!

Senti o meu corpo ser atirado para uma superfície gélida, que logo tremeu com o baque do meu corpo nele. Com bastante esforço, abri lentamente os olhos. A minha visão estava turva e tudo ao redor parecia girar e girar e girar e girar...

— ¿Está viva?

— No lo sé.

À medida que o tempo passava, a minha visão ia ficando um pouco mais nítida. Contei cinco homens. Três cá dentro, dois lá fora.

Onde estava? Quem eram aquelas pessoas?

Estava imenso frio, chovia torrencialmente lá fora e o chão estava completamente húmido...

Deve ser um pesadelo. Devo ter adormecido à espera que a Alice tomasse banho. Tenho de arranjar uma maneira de acordar.

— Mãe... — a minha voz soou arrastada.

Um deles aproximou-se ameaçadoramente do meu corpo imóvel, carregando algo preto na mão e apontando na minha direção.

— ¿Qué estás haciendo?

Um outro aproximou-se e desviou as atenções do primeiro homem, que agora encarava o companheiro.

— La orden es matarla.

Ele voltou a apontar-me aquilo que fiquei a saber que era uma arma. O outro limitou-se a encarar-me.

O meu corpo não se manifestou. Nem a minha voz. Nem nada.

Era o meu fim. Era o karma. Ele veio para se vingar e eu ia deixá-lo fazê-lo.

— Nuevo plan — o segundo abaixou a arma do primeiro.

— Pero, la orden... — tentou contestar

— La orden es hacerla desaparecer — pegou num telemóvel descartável e discou um número. — No importa cómo.

Uns segundos de silêncio e a chamada iniciou-se em alta voz.

— Não a vamos matar — disse ele ao telemóvel. — Pelo que estou a ver, a sua encomenda vai ser-nos útil.

— Quero vê-la. — Uma voz grossa soou do outro lado da linha. — Preciso de provas.

Aquela voz... Eu já ouvi aquela voz...

Vários flash seguidos fizeram com que fechasse os olhos que me ardiam. A ligação foi retomada.

— Bom trabalho. Não me interessa em que inferno é que essa puta vai parar. Façam o que quiserem com ela. Temos um trato - se ela entra em Portugal e estraga o meu plano e o da minha Diana, a vossa rede vai toda abaixo!

«— E esta... — deu espaço para a rapariga aproximar-se — é a minha filha, Diana.»

Era... Era o Rogério?

— Não se preocupe. Ela não será um problema para si. A não ser que queira.

Ele desligou a chamada, retirando do telemóvel o cartão SIM e a bateria, que logo foram esmagados.

— Roman! — Berrou para um dos que estavam lá fora, que logo o encarou. — Take care of her!

O tal Roman subiu a plataforma em que estávamos. Apercebi-me que me encontrava dentro de um camião. O chão abanou assim que Roman se aproximou de mim com passos pesados. Agachou-se, levou a mão ao bolso do corta-vento preto e senti uma agulhada no pescoço.

A minha visão começou a desvanecer e os meus olhos a pesar, quando vários pares de mãos em volta do meu pescoço, braços e pernas. Porém, antes de poder descobrir do que se tratava aquela invasão, apaguei.

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora