XXXIII

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— Trataste do que te pedi? — Questionei-a, vendo-a entrar.

— Sim. O que foste fazer a casa dos teus pais? — A Vera perguntou assim que largou os papéis.

— Nada muito importante... — levantei-me da cadeira e fui ter com ela, envolvendo a sua cintura com os meus braços.

— Duarte... — reprimiu, já especulando sobre a razão da minha visita.

— Eu não podia, Vera. Eu tinha de ver a reação deles.

— O que lhes disseste? Disseste tudo?

Ela sabia de quase tudo. Não sabia que o Luís era meu irmão e que tinha vindo atrás dela por causa do Rogério. E, claro, também não sabia que eu era o pai do filho dela... porque isso não era verdadeiro. Eu e a Verónica não tinhamos nenhum filho em comum e só nos relacionámos pela primeira vez depois de ela voltar ao Porto. Aqueles três filhos eram, por incrível que pareça, todos do Luís.

O Luís apenas não sabia da minha pequena mentira. Aliás, foi ele quem me contou a verdade acerca do meu pai, apesar de eu já ter uma suspeita. Não o queria para nada, ele não me queria para nada. Contudo, o inimigo do meu inimigo é meu amigo e por isso, o acordo daquela noite mantinha-se: ele desapareceria da vida da Verónica, por mais que lhe custasse, e eu trataria de toda a situação do filho deles.

— Eu terminei o meu casamento com a Diana. E já não faço parte da herança dos meus pais, nem do negócio deles.

A ruiva encarou-me surpreendida. Aos poucos, os seus olhos ganharam um brilho especial.

— Estás a falar a sério? — As suas mãos agarram nos meus braços, subindo para o meu pescoço.

— Eu nunca te minto, Vera. Porque te mentiria agora?

Um sorriso enorme surgiu nos seus lábios, que logo se encostaram aos meus.

As minhas mãos exploraram o corpo dela, que logo se encostou à secretária. Já as dela entraram no meu casaco, apreciando o meu peito protegido pela camisa branca. A saia dela subiu assim que ela nos aproximou com uma perna ao redor da minha cintura.

— Eu juro por tudo que te vou tirar essa roupa justa, atirar tudo da secretária para o chão e vou-te...

— Duarte tenho aqui o... — A porta abriu-se repentinamente, fazendo a Verónica assustar-se e afastar-me para se recompor. Era a Noélia. — Ai! — Levou as mãos à boca. — Peço imensa desculpa! Eu não... Eu vou...! — Virou as costas para ir embora.

— Não é preciso Noélia! Volta aqui! — Chamei-a. Ela aproximou-se de nós. — O que tens para mim?

— As análises das empregadas. Estão todos negativos — entregou-mos para a mão.

Era verdade. Nenhuma delas testou positivo para o uso de drogas.

— Estás mais sossegada agora? — Perguntei-lhe.

— Mais ou menos... eu juro que vi algo muito estranho naquele balneário — a morena cruzou os braços. — Devias manter o olho bem aberto em relação à Mafalda.

— Eu manterei — guardei os papéis.

A Noélia assentiu e despediu-se de nós, saindo do escritório.

— Já devíamos estar em casa — a Vera pegou nas suas coisas.

— Devíamos, não devíamos? — Agarrei-a de novo para a beijar. Peguei no meu casaco e pu-lo nos ombros da ruiva. — Toma, estás muito despida e está frio lá fora.

Saímos do Empire abraçados um ao outro. Eram 21h, quase 22h e ainda tínhamos de tomar banho e ir para casa do pai da Helena, seguindo no dia seguinte para o Algarve. Entrámos no meu carro e fomos para o meu apartamento. A Boneca fez uma festa quando nos viu. Eu limpei as taças de comida e de água da cadela enquanto a Verónica fazia umas sandes para irmos comendo durante a viagem, uma vez que ainda não tínhamos jantado. De seguida, fomos tomar banho os dois para ser mais rápido.

Desejo: Fazer-te ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora