— Trataste do que te pedi? — Questionei-a, vendo-a entrar.
— Sim. O que foste fazer a casa dos teus pais? — A Vera perguntou assim que largou os papéis.
— Nada muito importante... — levantei-me da cadeira e fui ter com ela, envolvendo a sua cintura com os meus braços.
— Duarte... — reprimiu, já especulando sobre a razão da minha visita.
— Eu não podia, Vera. Eu tinha de ver a reação deles.
— O que lhes disseste? Disseste tudo?
Ela sabia de quase tudo. Não sabia que o Luís era meu irmão e que tinha vindo atrás dela por causa do Rogério. E, claro, também não sabia que eu era o pai do filho dela... porque isso não era verdadeiro. Eu e a Verónica não tinhamos nenhum filho em comum e só nos relacionámos pela primeira vez depois de ela voltar ao Porto. Aqueles três filhos eram, por incrível que pareça, todos do Luís.
O Luís apenas não sabia da minha pequena mentira. Aliás, foi ele quem me contou a verdade acerca do meu pai, apesar de eu já ter uma suspeita. Não o queria para nada, ele não me queria para nada. Contudo, o inimigo do meu inimigo é meu amigo e por isso, o acordo daquela noite mantinha-se: ele desapareceria da vida da Verónica, por mais que lhe custasse, e eu trataria de toda a situação do filho deles.
— Eu terminei o meu casamento com a Diana. E já não faço parte da herança dos meus pais, nem do negócio deles.
A ruiva encarou-me surpreendida. Aos poucos, os seus olhos ganharam um brilho especial.
— Estás a falar a sério? — As suas mãos agarram nos meus braços, subindo para o meu pescoço.
— Eu nunca te minto, Vera. Porque te mentiria agora?
Um sorriso enorme surgiu nos seus lábios, que logo se encostaram aos meus.
As minhas mãos exploraram o corpo dela, que logo se encostou à secretária. Já as dela entraram no meu casaco, apreciando o meu peito protegido pela camisa branca. A saia dela subiu assim que ela nos aproximou com uma perna ao redor da minha cintura.
— Eu juro por tudo que te vou tirar essa roupa justa, atirar tudo da secretária para o chão e vou-te...
— Duarte tenho aqui o... — A porta abriu-se repentinamente, fazendo a Verónica assustar-se e afastar-me para se recompor. Era a Noélia. — Ai! — Levou as mãos à boca. — Peço imensa desculpa! Eu não... Eu vou...! — Virou as costas para ir embora.
— Não é preciso Noélia! Volta aqui! — Chamei-a. Ela aproximou-se de nós. — O que tens para mim?
— As análises das empregadas. Estão todos negativos — entregou-mos para a mão.
Era verdade. Nenhuma delas testou positivo para o uso de drogas.
— Estás mais sossegada agora? — Perguntei-lhe.
— Mais ou menos... eu juro que vi algo muito estranho naquele balneário — a morena cruzou os braços. — Devias manter o olho bem aberto em relação à Mafalda.
— Eu manterei — guardei os papéis.
A Noélia assentiu e despediu-se de nós, saindo do escritório.
— Já devíamos estar em casa — a Vera pegou nas suas coisas.
— Devíamos, não devíamos? — Agarrei-a de novo para a beijar. Peguei no meu casaco e pu-lo nos ombros da ruiva. — Toma, estás muito despida e está frio lá fora.
Saímos do Empire abraçados um ao outro. Eram 21h, quase 22h e ainda tínhamos de tomar banho e ir para casa do pai da Helena, seguindo no dia seguinte para o Algarve. Entrámos no meu carro e fomos para o meu apartamento. A Boneca fez uma festa quando nos viu. Eu limpei as taças de comida e de água da cadela enquanto a Verónica fazia umas sandes para irmos comendo durante a viagem, uma vez que ainda não tínhamos jantado. De seguida, fomos tomar banho os dois para ser mais rápido.
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Desejo: Fazer-te ficar
Romance[CONCLUÍDO] Duarte Gama, um homem de negócios de 26 anos, sai do bar noturno que gerencia secretamente. Ao constatar que se esqueceu das chaves, recua caminho indo contra uma rapariga. Esta, atrapalhada, pede desculpa e segue a sua vida. Porém, ao...