Trinta e nove

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Assim como o previsto, dois dias depois os Insólitos saíram para a primeira sequência de shows deles. Tendo as férias escolares como fator bônus e não podendo perder muito tempo de estrada, os destinos principais escolhidos haviam sido o Rio de Janeiro e São Paulo capital, com pelo menos três noites em cada cidade. Era o que podiam proporcionar momentaneamente, já que as férias do meio do ano apenas tinham a duração de quinze dias, e pelo menos quatro já haviam se passado.

Sabiam que naquela altura do campeonato não tinha como fazer um estudo para identificarem o polo central de fãs, mas precisavam expandir os seus horizontes - mesmo que isso significasse em estados vizinhos, de fácil volta e que não fosse tão cansativo para a vestibulanda.

É, o fator ENEM também estava sendo acrescentado naquela reta final, com um plano sendo traçado na gravadora: com o álbum produzido, o certo seria sair em turnê, mas com o vestibular chegando era totalmente impossível, então eles focariam na gravação do restante dos clipes, principalmente nos solos masculinos - uma forma de redenção para a Apolo 81, tendo o foco que um dia não tiveram. Mas de qualquer forma as entrevistas e alguns merchan, Julie continuaria participando.

-Presença de palco, Julie. Não se esqueça da presença de palco. - Daniel lembrou a namorada antes do primeiro show começar na cidade maravilhosa.

Eles vinham ensaiando com frequência para as apresentações, mas a presença de palco de Julie ainda deixava um pouco a desejar, sendo movida pelas lembranças de quase um ano antes após o festival do Peche. Martin e Daniel conseguiam ajudar de vez em quando, mas por estarem conectados por cabos aos amplificadores não tinham como fazer muita coisa.

Ora, se Harry Styles tinha conseguido ser arremessado pelo palco só por segurar um pedestal de microfone, imagine eles com guitarras e baixos! Seria algo desastroso, isso sim!

-Mas com certeza um cavaquinho não faria isso. - Félix brincou após Marin e Daniel descreverem o pior dos cenários, resultando na morte catastrófica dos dois, DE NOVO, resultando em uma corrida pelo palco na passagem de som pela menção ao cavaquinho.

-Eu sou uma piada para vocês?! - Daniel esganiçou, tentando alcançar o amigo, desviando dos instrumentos de apoio.

-Só admita que perdeu a sua moral a muito tempo, Bruno! - Martin berrou, usando o nome falso em público.

Mas apesar de tudo, o show correu maravilhosamente bem. Pela segunda vez eles precisaram voltar ao palco para um bis e foi simplesmente mágico.

Os dias no Rio tinham passado muito rápido, assim como na capital de São Paulo- onde deram mais uma entrevista, dessa vez para a Atrevida, deixando o colírio muito mais relação. Por Manu estar em Campinas, a única distração de Félix foi sair com os amigos no pouco tempo livre.

-Se já está essa loucura de correria agora, imaginem quando começa a nossa turnê.

Aquilo não era nem de perto comparado ao cansaço de uma turnê, mas já era um preparativo do que viria, e eles não se importavam nem um pouco.

No final daquelas duas semanas, Julie apenas teve de fato mais dois dias de férias muito bem aproveitadas com as garotas e agarrando Daniel pelos cantos, já que durante a viagem não tinham conseguido privacidade o suficiente para um mísero beijinho.

Consequências de namorar escondido.

Mas enquanto ela estava se engolindo com o namorado, Martin fazia muito melhor: fofocava com o outro colírio. Tendo se provado um perfeito adepto a histórias que edificariam ou não a sua vida, Arcrebiano o tinha chamado para ir ao shopping naquele sábado à noite para entender tudo o que tinha acontecido duas semanas antes.

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