Trinta e sete

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Apesar de ser uma música bem direta e especial para Daniel, ele não se importou de gravá-la. Se era pelo bem da banda, ele topava, mesmo que isso significasse mostrar ao público a grande briga que tiveram. Bem, talvez não agora mas quando tirassem as máscaras.

E Rick não poderia estar mais certo: o lançamento do álbum foi um estouro! Eles tinham conseguido aposentar tudo em tempo recorde de duas semanas, a gravação e divulgação, sendo surpreendidos pela ligação de Rick no final do expediente alarmado de terem vendido quase mil cópias físicas só nas primeiras horas, com as cópias digitais ainda engatinhando, mas indo na direção certa. Entretanto, a loja de discos e de instrumentos quase decretou feriado ao serem confiemos que meio milhão de cópias tinha sido vendida no final daquela semana e meia

Era quase impossível que uma banda iniciante vendesse aquela quantidade de discos em seu débito, mas estava lá. Estava acontecendo. Estava acontecendo exatamente o que Eneida tinha narrado para os garotos em seu último dia de morte.

Eles estavam reconquistando o que os havia sido tomado trinta e um anos antes

Como ainda estava em período letivo, os shows precisaram ser adiados por uma semana ou duas, mas em contrapartida as entrevistas estavam a todo vapor. Rádios, televisão, revistas os convidavam para falar e dar uma palhinha do novo álbum sendo agraciados com a presença deles, menos nos dias de provas. Naqueles eles pediam desculpas e desejavam boa sorte para Julie, que infelizmente precisava lidar com o assédio na porta da escola na hora da saída

E depois daquela foto na Atrevida, ter a escolta de Nicolas e Valtinho não era mais uma opção, não quando confundiram Nicolas com Daniel. Enquanto um ficou de peito estufado tal qual um pombo por saber que o tocador de cavaquinho não iria gostar nem um pouco, Daniel criou um bico de pato no seu rosto, resmungando que era muito mais bonito e diferente de Nicolas, como poderiam tê-lo confundido?

Mas o sucesso iminente tinha finalmente trago resultado. Ah, os refrescos!

Foi com enorme prazer que Rick distribuiu a folha de pagamento naquele mês, rindo da expressão de espanto dos quatro.

-Poderia traduzir o que estamos olhando, garoto?

-Esse é o valor acordado no contrato, com os direitos autorais pelas composições de vocês, lucro da venda de discos, uma pequena parte dos direitos autorais de imagem pelos clipes reproduzidos na tv e um adiantamento pelos ingressos já vendidos para o primeiro grande show de vocês em duas semanas.

-Daniel... -Martin o chamou desacreditado. - Acho que temos o suficiente para alugarmos um apartamento, pelo menos por uns meses.

-Meses? - Rick interviu- Rapazes, a tendência é receberem valores ainda mais altos do que esse, acho que se esperarem um pouco conseguem comprar o apartamento. Não precisam se preocupar com os próximos meses.

Mas cautela nunca era demais. Cada um tinha recebido uma quantia exorbitante de dinheiro, aquilo seria mais do que suficiente para os três juntarem os salários e pagarem por um apartamento na cidade.

-Bem, quando começamos a visitar imobiliárias? -Felix perguntou feliz.

-Assim que sairmos daqui, se não se importar. - Daniel falou aliviado.

E muito embora Julie não pudesse ter os acompanhado - as provas começariam no dia seguinte, ela tinha ido à gravadora apenas para receber- ela pediu para que os mantivesse informada sobre o andamento da grande escolha.

Não era para ser algo complicado, eles queriam algo simples, três quartos já era o suficiente, mas aparentemente todo apartamento ou parecia um cenário de cativeiro disfarçado ou um cruzeiro de luxo. Já tinham passado por avisos de proibido trazer convidados, quartos que visivelmente eram a antiga despensa com uma janelinha apenas para refrescar - ou até mesmo sem ela, mal cabendo uma cama de solteiro no pequeno cômodo - até por apartamentos com piscinas internas, salões de jogos, cinema particular e até mesmo um pequeno salão de dança.

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