Trinta e três

124 13 9
                                    

Por mais que Félix tenha sido bombardeado com perguntas no sábado a noite, ele conseguiu manter a expressão neutra e não demonstrar nada demais, apenas dizendo que tinha sido algo agradável. Naquele dia mesmo Manu voltou para a capital, com a data de estreia do clipe marcada para a próxima terça-feira. Com uma rápida ligação, Martin foi chamado para estar presente na MTV, para comentar a estreia do clipe que tinha sido produzido pela Capricho.

-Não vou ter papas na língua para falar mal da sua atuação, Félix! - Ele tinha advertido, arrancando uma risada do moreno.

-Você iria preferir as cenas deletadas, já te aviso.

Mas apesar disso, ele não tinha dito mais nada. Martin não iria fazer uma análise? Ele que tirasse suas próprias conclusões então! Com a estreia marcada para às 16h, Martin conseguiu passar a manhã na gravadora, revezando com Julie - indo embora quando ela chegou da escola. O caminho da gravadora até o estúdio escolhido era um pouco demorado, mas como os comentaristas eram de Campinas, não fazia os levarem até São Paulo justamente para isso - fora que as chamadas de vídeo existiam para isso.

Martin e Arcrebiano eram os que mais regulavam a idade com o público participante do clipe - além de serem de longe os mais carismáticos e bonitos, apesar do sétimo lugar. Se a Capricho queria atenção para a sua produção, eles definitivamente eram a escolha ideal.

-E aí, cara. - Arcrebiano apertou a mão de Martin, batendo em suas costas. - Eles também te pegaram desprevenido?

Os dois tinham acabado de se encontrarem no camarim, recebendo uma boa dose de maquiagem para ficarem bonitos em frente a câmera e não brilhando de suor.

-É, eu não esperava precisar sair de casa hoje. Planejava passar o dia estudando para a prova de certificação que está chegando.

-Nem me fale em prova, tinha uma de cálculo hoje mas precisei faltar. A sorte é que além da declaração que a revista vai dar de trabalho, a minha professora tem uma filha que é fã tanto da Manu como dos Colírios. Ela disse que não tinha problema em fazer a segunda chamada, mas você quer saber uma coisa? Eu desconfio seriamente que não é só a filha dela que votou nos colírios.

-Então sendo o primeiro colocado você já tem uma boa nota garantida. - Martin piscou para ele. - Já pensou em mandar um beijo para ela na transmissão?

-Eu posso ter amor as minhas notas de cálculo mas tenho ainda mais a minha sanidade mental. Fazer isso significa ser sacaneado pelo restante da graduação.

-E você já não seria por ser um colírio?

-Não, porque é um trabalho que é remunerado com publicidade e visibilidade para o meu curso, então é passável. Falando em visibilidade, como anda a sua banda? Conseguiram sair da garagem?

-Ah, nós.... Nós estamos muito ocupados estudando para a certificação, temo que ela vá ficar estacionada por mais algumas semanas.

O que era uma mentira deslavada já que eles decolavam cada vez mais rápido.

-Meninos, dez minutos.

-Bem, é hora do show! - Martin declarou antes de seguir a produtora até uma sala com dois banquinhos, uma câmera, uma televisão e um fundo verde.

Seguindo as instruções, os dois deveriam ficar sentados e comentarem o que viam, enquanto o clipe seria transmitido atrás deles, mas se quisessem tinha espaço suficiente para se movimentarem pelo cenário.

-E AI PESSOAL, como é que vocês estão?! Hoje eu e o Bill aqui, eu posso te chamar de Bill, não é?

-É mais fácil do que Arcrebiano para lá e para cá. - Bill concordou.

Mais uma chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora