UM

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Tinha sido um tempo depois de Daniel, Félix e Martin descobrirem o grande segredo de Demétrius e chantagearem-no que tudo tinha acontecido. Não que eles tivessem noção de que estavam sendo investigados - quer dizer, ao menos esse tipo de investigação.

Por mais duro que Demétrius fosse, ele não era corrupto. Era sim invejoso e hipócrita por perseguir os meninos enquanto ele fazia o mesmo, mas não era corrupto. Ele tinha sido coagido a encobrir os Insólitos da polícia espectral em troca do seu segredo preservado, mas depois de três semanas ele não conseguia mais aguentar.

Era uma quinta feira bem cedo quando ele chegou à sede da polícia. Sequer cumprimentou a recepcionista de tão afoito e agitado que estava, indo direto para a sala de sua chefe.

-Srta. Eneida, perdão pela intromissão tão cedo, mas gostaria de requisitar a reabertura de um caso.

-E qual seria, Demétrius?

-Os garotos do Apollo 81.

-Os que morreram atropelados por um caminhão em 1981?

-Eles mesmos. Tenho minhas suspeitas de que houve um engano na morte deles.

Eneida tinha uma expressão muito desconfiada. Enganos eram raríssimos de se acontecerem, ceifadores eram muito bem treinados, mas aconteciam - mesmo que muito raramente. Demétrius sempre tinha sido um fantasma de muito orgulho de seu trabalho, se esforçando arduamente para manter a vida espectral em ordem e se ele mesmo tinha vindo até a sua sala denunciar um erro, não seria ela a se recusar a dar uma revisada.

-Me encontre daqui a duas horas para discutirmos. Vou pedir para o arquivo subir a papelada, se tiver algum erro, vamos descobrir.

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