POV Beca
- O que foi com você e o Mazolla? – Perguntei, enquanto ele dirigia.
- Nada... – Respondeu vagamente, concentrado na estrada.
- Nada o caramba, vocês estavam discutindo, eu percebi!
- Você sabia que ele tem uma quedinha por você?
- Han? – Fiz uma careta confusa. – Não!
- Pois é, ele me chamou porque queria minha ajuda para chegar em você, da pra acreditar? – Perguntou, com uma risada irônica. – Eu falei que não, que nós estamos juntos, e ele deu a entender que mesmo assim vai tentar algo contigo.
- Meu pai amado, que aleatório! Eu mal falo com ele, sou mais próxima das meninas!
- Ele disse que gosta de você desde que entrou lá, mas nunca teve coragem de se aproximar para tentar algo, é um otário mesmo. – Falou sério.
- Aff, vamos esquecer isso, deixa pra lá...
- Você sente alguma coisa por ele?
- Que? Ta doido?
- Não uai, você vê ele todo dia, vai que sente algo também, se sente me fala logo pra não me pegar de surpresa!
- Nilson, para de ser ridículo, eu estou ficando com você!
- Mas isso não te impede de sentir algo por outro alguém, eu só quero saber!
- Ah, não impede? Então você sente algo por outra garota?
- Oh Rebeca, não muda o foco da conversa não!
- Oush, ta me chamando de Rebeca porquê? E não fique nervosinho comigo não, eu não tenho culpa do menino gostar de mim, e eu não gosto dele não, nem passa na minha cabeça a possibilidade de gostar de outra pessoa, porque estou gostando de você! Achava que você pensava o mesmo, mas foi bom que descobrir que você está aberto para outras garotas... – Respondi, irritada.
- Que aberto pra outras garotas, vida? Você sabe que também gosto de você, a muito tempo, e que estou só com você!
- Então pronto! Eu também estou só contigo, e isso que importa, deixe Mazolla pra lá que comigo ele não vai conseguir nada, não tive interesse por ele nem quando estava sozinha, imagine agora que estou com a pessoa que eu gosto... – Falei, esticando o braço para fazer carinho em seus cabelos e vendo ele abrir um sorriso.
- Tudo bem... Então vamos esquecer isso...
Depois disso, os dias foram passando rápido. Tudo estava muito bem, eu e Nilson estávamos dando muito certo juntos, meu curso de dança finalmente havia chegado ao fim e agora minha única ocupação eram as aulas de dança a tarde na academia. Mazolla havia tentado se aproximar de mim nas últimas semanas, e eu tinha visto nele um bom amigo, nada além disso.
Hoje era sexta feira, e eu estava o dia todo em casa, pois na nova escala da academia eu tinha ficado com as sextas de folga. Eu havia acordado um pouco tarde, comi qualquer besteira na hora do almoço, no meio da tarde me arrumei com uma roupa de malhar e sai do prédio em direção ao parque que tinha ali perto, já que havia virado rotina para mim, correr lá nos meus dias de folga.
Quando cheguei, me aqueci ainda na entrada, coloquei meus airpods no ouvido e coloquei uma playlist animada para tocar, começando a correr logo em seguida.
O tempo passou voando, a tarde estava com o sol muito forte e por conta disso não tinham muitas pessoas se exercitando pelas trilhas do parque. Com quase 1h de corrida, eu decidi parar num bebedouro que tinha no caminho, e abastecer minha garrafinha de água.
Quando terminei de encher a garrafinha e fui me virar para voltar para a trilha, esbarrei em alguém que estava atrás de mim e eu não havia percebido.
- Opa, desculpa! – Pedi, pegando meu celular que havia caído no chão.
Quando me levantei, franzi o cenho, percebendo que era Isadora e Penelope que estavam ali na minha frente.
- Ah pronto, a jararaca e a cascavel juntas no parque. – Resmunguei, voltando a prender meu celular no cós da calça.
- Oi para você também, Rebeca! – Isadora falou séria.
- Oi e tchau! – Respondi, tentando passar por elas mas sendo impedida por Penelope, que segurou meu braço com força. – Hey, o que é isso?
- Você não vai embora ainda, viemos falar com você!
- Só lamento, porque eu não quero falar com vocês! – Respondi, tentando soltar meu braço em vão. – Penelope você ta doida? Me larga! – Exigi da garota de quase 1,80m que estava me segurando.
- Você se acha a boazona né, Rebeca? Chegou do nada, se enfiou na minha turma de amigos, tomou o meu namorado e ainda vem cheia de deboche pra cima da gente. Você tem noção da merda que fez? – Isadora perguntou, me cercando junto de Penelope.
Senti meu coração acelerar, e esperava que Isadora estivesse tentando me assustar somente com uma conversa, porque se elas decidissem partir para a agressão, eu estaria ferrada, já que além delas serem bem maiores que eu, eram duas e eu só uma.
- Eu não fiz merda nenhuma, Isadora! Eu e Nilson somos vizinhos, éramos melhores amigos de infância, foi inevitável nossa aproximação. E no nosso grupo de amigos tem espaço pra todo mundo, não sei porque você cismou comigo! – Respondi com a voz irritada, tentando não demonstrar meu medo.
- É? Você podia ter se aproximado, mas não ter aberto essas suas perninhas de grilo pra ele! – Disse furiosa, me segurando pelo cabelo enquanto Penelope apertava as mãos em meu braço, que já começava a formigar. – Pensa que eu não sei que ele ta te comendo? Ein, sua vadia? Pensa que eu não sei que ele se afastou de mim porque você provocou isso?
- Isadora, para com isso! Me solta, agora! – Pedi, tentando tirar suas mãos do meu cabelo.
- O que foi? Cadê sua amiguinha Collen pra te ajudar? Vamos ver se sozinha você é tão corajosa como é acompanhada...
- Quem é você pra falar algo de coragem? Ta aqui puxando meu cabelo enquanto seu cãozinho de guarda me segura, sua ridícula!
Assim que terminei de falar, senti o impacto da minha cabeça batendo com força na parede em que o bebedouro ficava apoiado. Fiquei confusa por uns segundos e senti a cabeça latejar, até me situar e perceber que Penelope havia tomado a rédea e ela quem havia batido minha cabeça na parede.
- Cãozinho de guarda o seu cú, sua piranha! Não se preocupe, a Isa não vai encostar um dedo em você, você vai se acertar é comigo!
- Ah, então foi você que veio pra fazer o trabalho sujo?
- Olha só, que gênia, acertou!
Penelope não me deu tempo de falar mais nada, e me acertou um soco no nariz, me fazendo cair no chão, eu nunca havia apanhado assim na vida.
A maior logo estava em cima de mim e segurou minha cabeça novamente, batendo com ela repetidas vezes no chão, minha visão não demorou a embaçar e eu não tinha forças para reagir ou revidar, então consegui só deixar um arranhão em seu rosto, o que a irritou mais ainda e a fez se levantar e deixar alguns chutes em minhas costelas, foi tudo muito rápido e eu mal conseguia entender o que estava acontecendo ao meu redor.
Minha visão e minha cabeça estavam muito confusas, mas eu pude sentir Penelope se levantar de cima de mim e identifiquei com dificuldade o rosto de Isadora próximo do meu.
- Isso é pra você aprender a ficar na sua e não ser piranha e se meter com o homem de outra mulher. Espero que tenha entendido o recado, o próximo vai ser muito pior.
Isadora cuspiu em meu rosto e saiu de perto, acredito que tenha ido embora.
Continuei deitada no chão, sem acreditar que aquilo tinha acontecido sem ninguém ver, e comecei a chorar quando tentei me levantar mas senti muita dificuldade por conta da dor nas costelas. Meu nariz estava doendo e minha cabeça latejava, consegui me sentar no chão e passei uma das mãos na cabeça, para tentar aliviar a dor, mas me assustei quando senti o couro cabeludo molhado e vi minha mão suja de sangue, me fazendo chorar mais ainda.
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Porque Eu te Amo - Nilson e Beca
FanfictionNilson Neto é um jovem de 20 anos, que mora sozinho na cidade de Goiânia e tem uma vida tranquila, é um dedicado estudante de medicina, tem um ótimo e fiel ciclo de amigos e está sempre se divertindo e divertindo todos ao seu redor, porém, sua vida...