Capítulo 3

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POV Nilson

Estava exausto e ainda era segunda feira, o dia na faculdade tinha sido puxado, e hoje a aula tinha ido até o turno da noite.

Já eram mais de 23h, e eu tinha acabado de chegar no meu prédio e estacionado o carro na minha vaga. Estava morrendo de fome, então decidi ir até a barraquinha de cachorro quente do outro lado da rua, comprei o maior sanduíche que tinham, e voltei a caminhar em direção ao prédio. Passei pela portaria e não vi o seu Zé por lá, como era tarde, ele devia ter ido embora e agora devia estar o outro porteiro, que adora ficar batendo perna pelo prédio.

Entrei no elevador, e já subi mastigando meu lanche, que estava delicioso, até que senti meu celular vibrar no bolso da calça. Segurei o sanduíche com uma mão, e com a outra fui tentar tirar o celular do bolso, sem derrubar a mochila que estava no meu ombro esquerdo, e então senti o elevador parar e a porta abrir, sai andando distraído, ainda tentando pegar o celular, mas assim que dei o primeiro passo para fora do elevador, senti uma forte topada em mim, e meu sanduíche voar e cair direto no chão.

- Merda! Olha o que você fez!

Escutei uma voz irritada dizer, com um sotaque nordestino forte, e só então prestei atenção na garota que estava na minha frente, com o rosto completamente sujo de molho, catchup e maionese.

Quando eu estava saindo do elevador, ela estava entrando, não nos vimos e meu sanduíche foi direto para a cara dela quando nos esbarramos, já que ela era baixinha.

Não aguentei e comecei a gargalhar, enquanto ela me fuzilava com os olhos e passava as mãos pelo rosto tentando limpar.

- Oh moça, me desculpa, não te vi... – Falei ofegante, em meio as gargalhadas. – Poxa, e eu ainda perdi meu lanche...

- Você esfregou seu lanche na minha cara! – Ela bradou, furiosa.

- Não, foi um acidente, eu não ia desperdiçar comida assim. – Respondi, tentando segurar o riso. – Mas sério, me desculpa, eu moro aqui no 704, se quiser entrar e lavar o rosto...

- Não precisa, eu moro no 705... – Ela murmurou, parecendo mais calma, enquanto abria a bolsa que carregava nos ombros e parecia procurar a chave do seu apartamento.

- Ah, você é a nova vizi... – Arregalei os olhos antes de concluir a fala, só então me tocando sobre quem era aquela garota. – Beca? É você?

Quando chamei por seu nome, ela virou me olhando confusa, com o cenho franzido.

- Sou eu... Você me conhece?

- Sim... – Respondi, distraído, finalmente prestando atenção nela.

Meu Deus, como ela havia ficado linda. A garota na minha frente era perfeita, seu corpo era magro e ela era toda pequenininha, parecia uma boneca, os cabelos ondulados extremamente compridos e escuros chegavam na altura do quadril, e seus olhos continuavam com o mesmo brilho da última vez que nos vimos.

- Nelson? – Ela me perguntou, depois de também me avaliar, com os olhos arregalados.

Não aguentei quando ela me chamou pelo nome errado, como ela fazia quando éramos crianças, apenas para me irritar, e comecei a rir.

- Você sabe que meu nome é Nilson! – Retruquei, fingindo estar irritado e fazendo ela rir.

- Meu Deus, não esperava que você ainda morasse aqui e que fosse te reencontrar!

- E eu não esperava que você fosse voltar, caramba, são 15 anos! Vem cá, me dá um abraço Rebesca. – Chamei, também errando o nome dela assim como fazia na infância, e arrancando mais uma risada dela.

- É Rebeca!

A garota abriu os braços e eu a envolvi em um abraço apertado. Senti uma sensação estranha ao abraçar ela, senti como se nunca tivéssemos nos separado. Apertei mais meus braços ao seu redor, para garantir que ela não fosse sumir, e sorri, feliz com aquele reencontro, e feliz por atender o pedido da minha mãe, já que pelo visto, não seria nenhum sacrifício me aproximar de Beca.

Porque Eu te Amo - Nilson e BecaOnde histórias criam vida. Descubra agora