Capítulo 31

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POV Beca

Tinha acabado de acordar, e não sabia como, mas acordei na cama de Nilson. Lembro que na madrugada dormimos juntos na cabana que ele tinha arrumado na varanda do apartamento, ele deve ter acordado depois e me trouxe para a cama.

Estava morrendo de preguiça, mas me forcei a levantar quando vi que já eram 15h, Nilson estava dormindo do outro lado da cama, então decidi tomar um banho e deixar ele dormir mais um pouco.

Eu me sentia extremamente feliz, não vou mentir que já estava na expectativa a algum tempo que Nilson me pedisse em namoro, mas ele conseguiu me pegar de surpresa, não imaginei que seria ontem, e muito menos que tudo fosse tão perfeito como foi, ele foi incrível e foi a coisa mais linda que já fizeram por mim na vida, eu estava encantada com tudo, e ainda não conseguia tirar os olhos do anel de compromisso que ele havia me dado, era perfeito.

Depois de tomar banho, me sentei na sala para pedir algo para comermos em algum app, mas antes abri minhas redes sociais e vi que nossos amigos e a família de Nilson estavam pirando nos comentários da última postagem que fiz, que era uma selfie mostrando nós dois com a surpresa que ele tinha arrumado no fundo, e uma foto de nossas mãos juntas, focando no anel em meu dedo.

Dei muita risada e me emocionei com vários comentários, principalmente com as mensagens que tia Lauriza tinha me mandado no privado, emocionada desejando coisas incríveis para nós dois e os áudios de tio Wilson me pedindo para providenciar netos para ele.

Respondi quase todas as mensagens e comentários, e quando estava escolhendo o que íamos comer, escutei o interfone de Nilson tocar na cozinha, me levantei com pressa e corri até lá para acabar com o barulho, queria que ele acordasse só quando a comida chegasse, para levar pra ele na cama, então atendi o interfone.

- Alô!

- Olá, bom dia! É do 704, certo? – Escutei a voz do senhor Zé, o porteiro.

- Oi, seu Zé. É sim, é a Beca, tudo bem com o senhor? Feliz ano novo! – Cumprimentei animada.

- Oi, minha filha, feliz ano novo para você também. – Ele respondeu, mas eu estranhei sua voz sem graça. – Filha, o Nilsin está ai? Posso falar com ele?

- Seu Zé, ele ta dormindo. Mas o senhor pode falar comigo, aconteceu algo?

- Não... É que eu preferia falar com ele... – Disse, e eu franzi o cenho, estranhando.

- Uai seu Zé, pode falar, o que foi? Eu falo pra ele...

- Oh meu Deus, como vou falar isso pra você, minha filha?

- O senhor ta me deixando preocupada...

- É que vou precisar enviar uma multa para o Nilsin, filha...

- Uma multa? Porque?

- Oh minha filha, a vizinha do 703, a dona Creuza, sabe?

- Sei, aquela senhorinha, que já é bem velhinha e vive sozinha com um monte de gatos...

- Isso, ela registrou uma queixa contra o Nilsin, ela disse que não dormiu essa madrugada, com barulhos inoportunos que estavam vindo da varanda do Nilsin, ela até gravou uns áudios e enviou para o sindico...

Arregalei os olhos, sentindo todo meu rosto pegar fogo e meu coração acelerar de tanta vergonha.

- Ba...Ba-barulhos? – Gaguejei.

- Sim minha filha, ela estava furiosa, queria até que enviássemos uma multa pra você também...

- Pra mim?

- É, ela disse que desde que você se mudou para o prédio, ela não tem sossego com esses sons que vem do apartamento do Nilsin, disse que vocês dois são ligados no 220w... – Ele contou, rindo sem graça.

- Ah, meu Deus, que vergonha! Desculpa seu Zé, o Nilson vai descer ai mais tarde pra pegar a multa... Desculpa!

- Imagine, minha filha, por mim nem teria essa multa, mas você sabe como o sindico é, e a dona Creuza é pior que ele...

- Não, ta tudo bem, não se preocupe... Logo o Nilson vai buscar, obrigada por avisar!

- Por nada, filha, tchau.

Desliguei o interfone e sai em disparada em direção ao quarto, não estava acreditando que a vizinha ouvia os barulhos do que fazíamos e ainda contou para o síndico, e com certeza para o restante da população fofoqueira do prédio.

- Vida, acorda... – Sacudi Nilson, assim que cheguei no quarto.

- Hum... – Ele murmurou, se virando de costas pra mim, ainda dormindo.

- Nilsoooon, acorda, vai... – Chamei, ainda balançando ele.

- Oi vida, o que foi? – Perguntou sonolento, de olhos fechados. – Vem dormir, vem... – Falou, me agarrando pela cintura e me puxando, fazendo eu cair deitada em cima dele.

- Nãaao, Nilson, você não sabe o que aconteceu!

- O que? – Ele perguntou, abrindo os olhos e ficando atento no mesmo instante.

- Eita, remédio pra acordar fofoqueiro é trazer uma boa fofoca, ein! – Falei rindo da rapidez que ele despertou.

- Oh vida, para... – Disse, me tirando de cima dele e se sentando na cama. – O que foi que aconteceu?

- Ah Nilson, eu vou morrer de vergonha, não vou sair desse apartamento nunca mais!

- Opa, você não precisa nem sair dessa cama se não quiser... – Disse com um sorriso saliente, tentando me puxar pra cima dele de novo.

- Vida, para! – Repreendi ele. – É justamente sobre isso!

- O que?

- Nossa querida vizinha, a dona Creuza, aquela velhinha rabugenta, sabe? – Perguntei, vendo ele confirmar com a cabeça. – Ela denunciou a gente pro síndico do prédio, por atrapalharmos ela a dormir com barulhos inoportunos...

Nilson ficou alguns segundos parado me olhando, e logo em seguida explodiu em uma gargalhada alta.

- Nilson! É sério! O síndico até te multou!

- Oh vida, isso é sério? Uma multa por estar transando dentro da minha casa? – Perguntou, ainda rindo.

- Uma multa por estar importunando os vizinhos com o barulho da sua transa! – Falei brava, fazendo ele gargalhar mais ainda. – Nilson! Com que cara eu vou aparecer na frente dos vizinhos, agora? A dona Creuza já deve ter espalhado pra todo mundo!

- Vida, não precisa ter vergonha... Todo mundo faz sexo! Dona Creuza deve estar com recalque porque não da mais conta e quer atrapalhar a gente!

- Nilson, você não leva nada a sério!

- Oh vida, eu levo sim, mas a gente vai esquentar a cabeça com isso? Deixa os vizinhos pra lá, da nossa vida cuida a gente... Vem aqui, vem... – Chamou, me abraçando e me puxando para perto dele. – Vamos comemorar nossa multa por barulhos inoportunos, fazendo mais barulhos inoportunos...

- NILSON! – Exclamei, chamando sua atenção, enquanto ele gargalhava com o rosto em meu pescoço e já enfiava as mãos por dentro da camisa dele que eu estava vestindo.

Acabei rindo junto dele e cedendo um beijo, fazer o que? Meu namorado estava certo, já que vamos pagar uma multa, então que façamos a multa valer a pena...

Porque Eu te Amo - Nilson e BecaOnde histórias criam vida. Descubra agora