D I A S D I F E R E N T E S

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Acordo sozinha e os momentos que estive em seu braços são os meus primeiros pensamentos. Escondo o rosto no travesseiro. "Emily ele dormiu com a Louise. A Louise é a esposa. Ele nem se lembra de você!"

"Não!"

Sento na cama, jogando o lençol revoltada, mas cubro novamente ao ver meu corpo nu e as marcas que ele deixou.

Deitada olhando para o teto, o silêncio da casa só é quebrado pelo o vento batendo na porta de vidro, que só não é maior por causa da parede alta da pequena varanda.

Mas dentro de mim, o barulho da batalha de ser ela, grita, acusa. E o pensamento de conforto que foi o meu corpo que ele tocou a noite toda, não ameniza o desconforto de ouvi-lo me chamar por Louise. "Eu tenho que ser ela, mas quando ele me toca se torna impossível não querer ser desejada e que me veja.

Ainda sonolenta e com olhos marejados, levanto, a barriga reclama de fome. A água do chuveiro não leva pelo o ralo todos os meus conflitos e de frente para o espelho, procuro meu reflexo. "Eu preciso me ver nele, ele é você Emily e não sua outra versão!"

Por que ele escolheu um lugar onde teremos que cozinhar? E não um hotel de luxo, era o que a Louise iria gostar e não um ambiente rústico como esse. O refrigerador está abastecido assim como os armários, estou quebrando ovos quando ouço a porta ser aberta. Mas não vou me atrever a perguntar todas essas coisas.

-Já tomou café? -pergunto quando o vejo em pé na entrada da cozinha.

-Não. Fui caminhar um pouco na praia ao acordar.

-Senta só falta os ovos. -Ele me olha atravessado, servindo-se de uma xícara de café.

-Afinal onde estamos? Sei que não é Paris como prometeu.

-Pensei que ficaria chateada por não ter ido.

-Você me levará em outra oportunidade.

Dou de ombros, comendo com muita vontade sem me importar com seu olhar de lado me observando, não gostou quando escolhi a mesa da varanda para tomarmos o café, mantenho-me despreocupada na certeza que não me reconhece.

-Pensei que não sabia cozinhar, vai me dizer que também vai fazer o almoço? -questiona quando terminamos de comer em silêncio.

Sorrio antes de responder, diretamente olhando em seus olhos e pego sua mão.

-Meu marido tem pensado muito em mim e em muitas coisas, por que em vez de ficar me analisando não tenta me conhecer primeiro. Vou à praia, depois lavo os pratos.

Ainda escuto ele gritando para levar o celular ao sair da casa. Confiro se ele está na pequena bolsa em meu ombro. Então percebo onde estamos, um tipo de resort com vários bangalôs com piscina individual, realmente lindo, ando em direção à praia com um sorriso no rosto, encontro alguns casais pelo caminho.

Praia das Conchas, diz uma placa, não é Paris, e sim uma cidade vizinha da Pilar das Palmeiras. Ponto turístico tem muitas pessoas espalhadas na areia, ao longe vejo um píer de madeira, as ondas estão calmas e perfeitas para um mergulho.

"A louise não iria gostar de estar aqui e ainda cozinhar."

Sento na areia protegida pelo longo vestido, retiro a sandália para sentir a areia com meus pés. "O que farei para suportar durante um ano esse casamento com o Dominic?" -suspiro sentido uma aflição. "Agora sou sua mulher e você nem sabe disso!"

-Moça não quer comprar um chapéu para proteger sua pele branquinha?
-Um vendedor interrompe minhas indagações.

Escolhi um com uma fita colorida e também compro um protetor solar. Com uma playlists e os fones no ouvido, inicio uma caminhada às margens da praia molhando meus pés para aliviar o calor. No final do píer tem uma pequena cabana e poucas pessoas tirando fotos. Encosto um pouco para descansar.

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