S E M E L H A N Ç A S

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Depois de insistir e usar a desculpa que precisava conversar sobre nossos filhos ela cedeu ao meu convite para almoçarmos. Tento manter uma conversa no campo profissional enquanto esperamos nossos pedidos e ela me obriga a ouvir seus elogios ao Leandro.

Não será tão fácil tirar dela o que quero saber, mas decidi não ser mais o pato idiota que caiu de amor no passado pela Louise e foi enganado, a versão da gêmea linda e frágil sentada a minha frente em alguns momentos me faz lembrar da Lis. Usarei esse sentimento para descobrir o quanto ela ajudou a irmã a me enganar.

-Não estou com medo de você, por que está perguntando isso?

Responde sem desviar seu olhar, mas seus movimentos nervosos com os dedos em cima da mesa, diz que está mentindo, preciso ser sutil com ela diferente da Louise que ainda finge está apaixonada por mim e para me fazer acreditar está usando o Luís. Emily não sente nada por mim e a cada dia me quer o mais longe possível dela.

-Você nos primeiros dias era mais acolhedora, agora me evita, fala pouco comigo e parece que tudo que falo te ofende.

- Não quero ter problemas com a Louise e como te disse logo estarei indo embora, não quero criar laços com ninguém.

-Estou enfrentando alguns problemas com sua irmã, mas isso não é de hoje e logo resolverei isso com ela, estou esperando sua mãe sair do hospital. Só me deixe tentar ser seu amigo, você tem algum problema comigo e isso é nítido, por isso te trouxe para almoçarmos e tentar tirar a má impressão que causei em você.

Desde que ouvi do Joel que era a Emily que tinha alergia a mamão e não a Louise que olho para o meu casamento e comparo como um trem e em cada vagão falta algum detalhe para estar lotado. Quando descobri o amor nos braços da Louise não olhei realmente quem estava ao meu lado, embarquei nos sentimentos que ela estava despertando em mim e esqueci porque havia casado com ela. Naquela manhã percebi muitas coisas estranhas, e se não descobrir o que é, não poderei seguir em frente.

-Tudo bem então, podemos tentar ser amigos, obrigada pelo almoço - Ela aponta para seu prato. -É bem melhor que um lanche.

Ela me olha por um tempo, mas desvia seu olhar para o ambiente com poucas mesas vazias. O restaurante está em uma das avenidas principais com muito movimento de carros e pedestres, pois próximo fica um shopping. Disfarçadamente observo cada um dos seus gestos, elas são iguais na aparência, porém preciso conhecer cada uma por dentro para descobrir a verdade. Ficarei atento a cada detalhe e não deixarei me enganar por elas novamente.

- Não gostaria de pôr seus filhos em uma escolinha, pois estou seriamente cogitando a ideia em procurar uma para o Luís.

- Eles há poucos dias reclamaram, sentindo falta dos seus amiguinhos da sua escola e minha tia Selma já havia me aconselhado a fazer isso.

-Talvez eles passando uma parte do dia com mais crianças evitamos que briguem entre si, eu também irei embora quando sua mãe estiver recuperada, mas podemos criar laços entre nós porque nossos filhos já fizeram isso.

-Você já tem alguma escola em mente?

-Sim, tem uma no mesmo bairro da casa dos seus pais se quiser podemos fazer uma visita amanhã!

-Irei falar com meus filhos hoje a noite, com certeza irão gostar da ideia de ir à escola novamente -Explica sem sorrir e mais uma vez meche a comida de um lado para outro.

Tenta disfarçar sua inquietação como foi quando a encontrei no shopping, aqui não tem os gêmeos para servir de escudo para ela. Concentro na minha comida, com grandes garfadas, para não amolecer meu coração por vê-la nesse estado. A versão da Mily moleca no corpo de mulher não sai da minha mente. Esse momento é uma oportunidade perfeita para entender sua relação com a irmã. Tomo um gole de água para focar no meu objetivo.

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