C E R T E Z A S

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- Como está se sentindo Maíra?

- Estou bem Dominic, estou na minha casa, perto da família - Ela olha para o closet. - Luís esteve aqui a pouco tempo.

A mulher que me responde não lembra em nada a de antes do acidente, os cabelos curtinhos, mais magra, os olhos verdes, sem brilho não conseguem me encarar por muito tempo, a Maíra era energética, falava gesticulando com as mãos e as vezes em tom elevado com a Louise.

- Eu o encontrei na sala brincando com os gêmeos...

- Mãe, sua roupa está no armário -Emily, sai do closet com uma blusa na mão. - Dominic, não sabia que estava aí.

- Cheguei faz pouco tempo, passei só para cumprimentar sua mãe e dá boas vindas.

- Sua ajuda foi importante no supermercado - enquanto agradece aperta os dedos. - A Louise falou que vão embora logo.

- Emily praticamente já faz tudo sozinha - Ela faz uma careta ao tentar mexer a perna. - Agora é hora de brincar com as crianças.

Antes de sair olho para Mily rapidamente sob o olhar da Maíra que acompanha meus movimentos desde que entrei no quarto. Com um certo alívio encontro as crianças na sala do barulho com o avô que neste últimos dias parece outro homem, com a esposa em casa está mais relaxado, as crianças tem contribuido muito para sua mudança repentina.

"Agora elas são só minhas novamente!"

Com a volta do Felipe para sua cidade, foi o primeiro pensamento que tive ao vê-lo ir embora, mesmo depois que a Mily explicou sua relação de quase irmãos com ele o ciúmes ainda persistiu, mais dos gêmeos que praticamente me esqueceu com ele por perto.

No dia seguinte que sua prima foi ao meu quarto percebi no seu olhar que sabia de toda história. Estranhei ainda seu pedido ao se despedir de mim: "Por favor proteja os três como se fosse sua família!" Apenas confirmei com a cabeça e foi embora deixando os gêmeos em nossos braços chorando.

-Tio Dom, prende meus cabelos!

- Eles gostam de você, é uma pena o pai não desfrutar desses pequenos momentos eles crescem tão rápido que quando percebemos são adultos.

Comenta olhando para os netos, tenho observado essa família é diferente da minha eles são distantes um do outro, mal conversam à mesa muitas vezes o silêncio é quebrado pelas as crianças, ainda não vi uma troca de afetos entre eles, a Louise é mais distante, quando fala é para contrariar a Mily ou tentar manipular o pai em algumas de seus desejos.

- Verdade, talvez agora possa fazer isso com seus netos, eles são apaixonados pelo senhor.

Mal acabo de falar o Tonton se joga em seu colo, puxa seu bigode.

- O que foi querido? - fala algo em seu ouvido fazendo Joel sorrir. - Prometo, volte a brincar! Eles querem brincar no parquinho, mas não querem atrapalhar vocês pais.

Ele fala sorrindo quando Tonton se afasta.

- Além de ajudar a Emily, minha empresa está preparando a nova linha para lançar já no próximo mês.

- Não se preocupe, levarei eles com a Mariana. - Se cala olha para os netos e depois para mim. - Eu não fui um bom pai, mas talvez possa ser um avô melhor se a Emily não desistir de ir embora novamente, eu errei muito com ela no passado, dando muitas vezes razão a Louise, mesmo sabendo que estava errada. Hoje eu não tenho nenhuma das duas. Vou na cozinha saber se o almoço ainda vai demorar.

Antes de sair passa a mão na cabeça do Tonton e depois no sinal que ele tem no rosto, fala com Luís e a Lili e sai cabisbaixo. Não tenho tempo de pensar a Louise entra, as vezes ela gosta de me testar, fingindo ser meiga ou sorrir como a Emily, mas não demora muito quando percebe que eu a reconheci.

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