A outra

O P A T O F E L I Z

Olho no espelho mais uma vez para ver o vestido que escolhi para jantar com o Leandro, estamos no Rio de Janeiro, tivemos que viajar de última hora para participar de um simpósio para supermercados, a Carla me convenseu, já que os meus pais não podem comparecer.

"Será que ele vai me achar oferecida? Não levo jeito pra isso." -pergunto para o meu reflexo no espelho.

Após olhar mais uma vez, resolvo trocar por outro o vestido longo meia taça discreto com mangas, Frustrada por não saber dar em cima de um homem, talvez uma próxima vez eu tente, mas hoje decididamente não farei isso.

"Talvez nunca faça!"

Chego a conclusão bufando arrancando o vestido justo e preto do meu corpo, desistindo de me arrumar, ponho um roupão jogando meu corpo na cama confortável do hotel.

Toda vontade que sentia anteriormente para sair foi embora, olhando para o teto, deixando a música invadir minha mente já sabendo cada móvel pertencente ao quarto por passar a tarde toda pressa sem coragem de enfrentar o mundo lá fora e nem um pouco de curiosidade para conhecer a cidade, mas prometi ao meu parceiro de trabalho que sairia com ele para um jantar, agora estou pensando em como achar uma desculpas para não ir. Mal fecho os olhos ouço batidas na porta.

- O que está fazendo aqui Dominic, aconteceu algo com meus filhos, fale logo por favor!

Ele fecha a porta do quarto, ficando rente a mim, em silêncio, a pupila de seus olhos parece que vai saltar e sua respiração entrecortada, dou um passo para trás.

- Não, seus filhos estão bem. Você sempre abre a porta do seu quarto sem perguntar quem é primeiro - respondeu ríspido e apontando meu corpo. - Ou está esperando alguém assim com pouca roupa?

Seu jeito de falar, ascendeu um alerta. Dou-lhe as costas.

- Não, estava na dúvida o que usar para sair com o Leandro para jantar.

Respondo enquanto dou um nó bem seguro no roupão que deve ter aberto na minha pressa para abrir a porta. Ele me olha por um tempo dos pés a cabeça e se detém em meu rosto, aproxima-se mais um pouco quando tento recuar segura minha mão.

- Dominic, está tudo bem? O que aconteceu realmente você está me assustando e por que está me olhando desse jeito?

Ele passa a mão em meu rosto, toca meus cabelos e sorri. Quando tenta cheirar meu pescoço, fujo para longe dele tendo o pequeno sofá entre nós com a falsa sensação de que estou segura.

- Não tem mais como fugir de mim e nem tão pouco se esconder - Paraliso, ele fala pausadamente. - Não vai ser esse sofá que me impedirá de saber porque me enganou todo esse tempo.

"Ele sabe, mas se estiver blefando na tentativa de arrancar a verdade, reaja Emily!"

Ordeno ao meu subconsciente. Imitando-o também ponho a mão nos bolsos do roupão, a música no meu celular muda, uma música da banda Melim preenche o quarto.

- Não vai tocar " ouvi dizer" é a minha preferida, uma mulher me fez gostar dela!

- Claro se quiser posso colocar para você - sigo para pegar o celular, mas sou interceptada por ele que segura meu braço. - Você bebeu?

- Doce Emily, você sabe porque não gosto de álcool! -Passeia com as costas dos dedos no meu rosto. - Só não entendo como você foi capaz de fazer isso comigo, eu esperava tudo da sua irmã, mas nunca de você.

-Se for mais direto, posso talvez entender o que está falando.

Tento ganhar tempo me afastando dele e desligando a música do celular, ele anda de um lado para outro sem tirar os olhos de mim. Volto para perto do sofá.