A outra

L I S, A E S P O S A

       Ele fez o que prometeu, mas ao ouvir o nome da minha irmã ao chegar ao ápice do prazer não pude evitar do meu corpo enrijecer. E ainda mentir quando perguntou se havia me machucado.

        "Não o meu corpo, mas feriu minha alma!"

      Esperei ele dormir para poder dá  vazão as lágrimas no banheiro do corredor sob o chuveiro.

      Novamente estou buscando a mim mesma no espelho e lá está a Louise, eu destruída, derrotada e ela sorrindo. "Lugar errado na hora certa" como ela diria. Dou um sorriso melancólico, “ você literalmente é a outra!” lavo o meu rosto, não volto para o quarto para deitar ao lado do meu amante.

      Meu corpo ainda não se acostumou com o horário, sem conseguir dormir deito na rede na varanda, falta pouco para amanhecer, com os fones no ouvido deixo a música ajudar meu corpo relaxar e minha mente encontrar a paz. 

      —Não consegue dormir? –Toca meu joelho para chamar minha atenção.

      Ele aparece na minha frente com uma manta nos braços. Cabelos desgrenhado, não consigo conter um pequeno sorriso e ainda me xingar mentalmente por saber que por baixo da calça pijama folgada e a camiseta esconde o corpo que faz o meu esquentar.

      —Não. Queria ver o sol nascer, mas fiquei com medo de ir à praia sozinha. 

      —Podia ter me chamado. –Ele senta ao meu lado na rede. —vem deita aqui no meu peito, ainda está um pouco frio. Eu também tenho o costume de acordar cedo, principalmente para ir ao pequeno laboratório que tenho em casa. 

      Ele cobre nossas pernas com a manta, não havia percebido que estava frio. 

      —Será um lugar proibido para mim em sua casa? 

      —Não, só  entrará quando eu estiver presente, se alguém tocar ou tirar algo do lugar enlouqueço. 

      —Você mora sozinho? 

      —Não mais, agora sou um homem casado! Tenho a Vânia que cuida da casa para mim. Viajo muito e você ficará uns dias sozinha. 

      —Mais alguma coisa que preciso saber ou alguma regra que devo seguir? 

      —Por que está perguntando isso? 

      —Porque preciso saber como me comportar quando estiver com alguém ao seu lado. 

      —Desculpas por ter falado daquele jeito ontem, podemos começar de novo, quero fazer um pedido e você pode fazer outro. 

      —Por isso está sendo gentil. —tento levantar, mas ele não deixa. 

      —Não. Louise, eu gostaria que não usasse perfume para dormir, você pode ficar como está agora com cheiro próprio do seu corpo. 

      —Por quê isso? –Suspiro ao ouvir o nome da minha irmã.

      —Eu preciso que meu olfato tenha um descanso, sei que usou meu sabonete sem perfume  no banheiro do corredor. –Ele cheira meus cabelos e minha mão —Gosto do perfume do seu corpo, ainda estou tentando identificá-lo.

      —Nem um hidratante ou cremes no rosto? 

      —Pode desde que não seja perfumado ou com cheiros fortes. E você o que deseja que eu faça? 

      Demoro a responder, como pedir algo a um homem que nem sabe quem eu sou, porque qualquer coisa que eu pedir será com base nos gostos da Louise. 

      —Um diamante é muito? –Brinco, ele põe a mão no rosto.  —Só desejo que me olhe e... me veja! Só me veja, Dom. 

      Não escuto mais nada, sua voz fica distante, ainda sinto um afago na minha cabeça e o vai e vem da rede. Acordo na cama, sentindo o cheiro do mar e o barulho do vento batendo nas cortinas com as portas abertas da pequena varanda. Dormi a manhã toda, olho no celular já passa do meio dia.