A PROMESSA

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Não foi fácil as compras do material escolar com eles, mas foi divertido como primeiro teste ao lado do Dominic sem tentar me esconder, foi tão bom quanto o nosso primeiro dia na praia, mesmo com birras, toda hora tínhamos que tirar algo do carrinho que não estava na lista da escola, só pararam quando fiz igual as nossas idas ao supermercado: cada um escolheu um item. O dia foi maravilhoso juntos, terminando com um almoço em família.

Quando vi os gêmeos dormindo e protegidos por Dominic no sofá e no momento em que meu Tonton o agarrou mesmo dormindo percebi que o laço de sangue talvez entre eles já tenha dado um nó que eu não posso mais desatar.

Ver meus pais em sua bolha de amor ao retornar ao quarto do hospital, vi que sou igual a eles, também estou usando o amor que sinto por Dominic para manter meus filhos sem pai. Saí do quarto assustada por isso, mais do que ouvir da minha mãe que não me quer aqui.

"Não vou condenar meus filhos ao mesmo destino que eu e a Louise!"

Por medo tornei-me uma covarde sempre cedendo às chantagens da Louise ou fugindo para ser eu mesma, por muito tempo a culpei por todas essas coisas, mas tenho tanta culpa quanto ela pelo mal que causamos ao Dominic era o que estava pensando quando o encontrei no gazebo, irei falar a verdade quando minha mãe estiver recuperada e não precisar mais de mim, devo isso a ele e aos meus filhos.

-Mily, corta isso direito e para de olhar os gêmeos eles estão se divertindo.

-Eu sei boba, é justamente por estarem se divertindo que não paro de olhar, pronto o que tem mais para cortar?

No domingo não tive mais como recusar o convite da Carla para almoçar em sua casa e ela conhecer meus filhos, mas a verdade é que eu estou fugindo do Dominic mesmo depois de falar que seríamos amigos ainda tenho medo e receio de está ao seu lado e ser traída por meus sentimentos por ele

- Nada mais, só arrume a salada e depois vamos arrumar a mesa lá fora.

- Sim madame, aqui a senhora manda eu obedeço.

Ela mostra a colher de pau que está mexendo o molho da carne. Rimos e falamos mais dos nossos filhos o que cada um gosta, faz e nos tira a paciência.

- Eu poderia ter convidado o cunhado bonitão, mas não queria a Louise na minha casa se bem que não viria com certeza à minha humilde residência.

- Eles devem estar em algum programa em família e é bom para os meninos ficarem um dia longe e fazer coisas separadas - disfarço indo ao refrigerador tomar água. - Amanhã será o primeiro dia de aula, eles estão ansiosos.

- Concordo com você, na escola elas gastarão energia. Mas voltando ao assunto cunhado bonitão - ela chama minha atenção novamente com a colher de pau. -Sabia que ele perguntou coisas sobre você, tipo o que a Mily gosta de comer, como eu consigo diferenciar você da sua irmã.

- Ele confunde quando estamos juntas, esses dias eu não tenho sido muito simpática com ele.

- Com quase ninguém - ela fala me assustando. - Mily, até comigo você às vezes foi ríspida, com o Leandro então, até desistiu de dar em cima de você.

Puxo uma cadeira, enquanto tomo água, olho para as crianças pela enorme janela de vidro acima da pia aos gritos na piscina de plástico no quintal aos cuidados do esposo da Carla. Sua casa é muito aconchegante e espaçosa. Seu marido é professor universitário, o que lhe dar uma renda "sem problemas financeiros" como ela diz.

- Desculpas amiga eu nem percebi, estava tão perturbada esses dias com tudo...

- Eu sei Mily, me surpreendi quando aceitou meu convite, sua mãe sair da UTI te fez relaxar depois que chegou do hospital estava muito estranha, pensei que não daria conta com o pepino da entrega das compras.

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